quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Paulo Tonella

Trago para as páginas do Blog uma pessoa muito importante para o slide nacional. Ele é um estudioso e um músico dedicado.

Paulo Tonella é sem duvidas o nome mais importante no Brasil, quando o assunto é Blues Rural. O som que ele faz tem o corpo e a alma do verdadeiro blues e segue fielmente os passos dos primeiros mestres do slide.

Vamos ao que este Mestre tem a nos dizer.

TB: Os violões Resonators, não são populares no Brasil, e só agora chegam com mais facilidade no mercado, como você conseguiu seu primeiro Resonator?

PT: “O meu primeiro resonator eu consegui numa loja de usados em Pinheiros, há uns 10 anos. Era um da marca Dobro, de corpo de metal. Desde essa época, a minha paixão por violões resonators só aumentou. Esses instrumentos têm muita relação com o Country-Blues, foram usados em muitas gravações da época.”


TB: Você usa vários tipos de afinações nos shows? Quais as que você utiliza mais?


PT: “Eu uso D aberto(D A D F# A D), G aberto(D G D G B D) e a tradicional nos resos. Cada uma tem sua própria voz, te inspira de forma diferente.

Tenho usado também um bandolim com cone, afinado em G D G D, que soa mais 'Blues' na minha opinião, e uma cópia de Weissenborn em G aberto.

Não sei dizer qual utilizo mais, cada uma tem o seu lugar. Tem músicas que faço na tradicional, e às vezes em afinação aberta com slide. Varia muito do dia. Tento não amarrar muito uma determinada música com um instrumento ou afinação em particular. Claro, o arranjo inicial é feito baseado em alguma delas, mas tento ter sempre outro jeito de tocar, seja com outra afinação ou instrumento, pra poder variar um pouco. Isso ajuda também a ficar mais 'amigo' de alguma afinação que eu tenha mais dificuldade.

Gosto bastante também de C aberto(C G C G C E), mas essa estou usando por enquanto só em casa. Ainda não estou muito confortável com ela.”
TB: Quais os segredos de se tocar o Blues Raiz ?

PT: “Acho que o principal é você gostar e ouvir muito, como com qualquer estilo que se queira tocar. Esse é o principal. Tecnicamente, a mão que dedilha é tão importante ou até mais que a outra. É um estilo que requer uma linha de baixo, melodia e alguns "pedaços" de acordes junto... costumo dizer que o Country-Blues é um estilo solitário. Um instrumento só já resolve o problema, por isso a importância da mão (no meu caso...) direita. Mas tem que gostar. Eu escuto as 'velharias' 95% do tempo. Aquelas gravações onde o ruído é tão alto quanto a música são as minhas preferidas.”

TB: O Blues Rural, não é algo comum de se escutar, qual a reação do publico nos seus shows? Qual a característica desse publico?

PT: “Pra minha surpresa, o público tem reagido bem. Claro, varia bastante, mas no geral somos bem recebidos. Tem até alguns que insistem em voltar às vezes. Fico muito feliz e grato à essas pessoas. Sinceramente, quando começamos a nos apresentar, não imaginava que tanta gente aceitaria o estilo, e que alguns já o conheciam. É legal ver que nomes como Robert Johnson, Mississippi John Hurt, Leadbelly não eram estranhos à muita gente. Isso é muito gratificante.”

TB: Quando falamos de Slide no Brasil, seu nome é sempre citado, e por este motivo é uma honra ter sua participação no Blog, agora deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

PT: "A honra é minha! É um prazer poder participar ao lado de tantos nomes importantes do slide brazuca. Ouço Blues desde que me conheço por gente, me dedicando exclusivamente ao Blues Rural há pouco mais de 10 anos, e fico muito contente em saber que meu nome é citado.
Sinceramente não tenho noção de até onde isso pode estar indo. Fico feliz em poder contribuir de alguma forma e pretendo continuar divulgando o Country-Blues e os resonators. Muita gente conhece Robert Johnson, mas existem muitos nomes dessa primeira 'safra' do Blues, como Charley Patton, Bukka White, Kokomo Arnold, Blind Boy Fuller, Son House, Blind Willie McTell, Blind Willie Johnson, Blind Blake, talvez não tão conhecidos infelizmente, mas na minha opinião tão importantes quanto o Johnson. Quero deixar um obrigado à todos, e em especial à você, Roberto, pelo convite pra participar desse espaço.”





Paulo, muito obrigado pela sua ajuda, realmente não tenho palavras para agradecer sua participação neste Blog. Paz e Blues.



Visite:
- Paulo Tonella: Aqui além de ver todos os vídeos do mestre, você vai encontrar dicas de afinações e muito mais.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Ricardo Lima

O nosso convidado de hoje é um dos melhores guitarristas de Blues do Brasil. Seu feeling é inacreditável, e o mais incrível é que quando você acha que ele vai repetir uma frase, ele faz uma mais bonita do que você estava esperando.

É uma pena que o blues não tenha valor comercial, pois garanto que se fosse outro lugar do mundo, a banda dele, Electric Muddy, estaria tocando em todas as rádios.

Agora vamos ao que este Mestre, Ricardo Lima, nos escreveu.


TB: Por que você toca slide? O que te motivou a iniciar nessa técnica?

RL: “Pra mim foi meio que inevitável, é meio difícil encontrar alguém que goste de Blues e não goste de slide. Para quem toca então é praticamente impossível.

Sempre gostei muito do som do Slide mas não houve nenhum guitarrista em especial que tenha me levado a tocar slide, embora tenha ouvido muito (e continuo ouvindo) Duane Allman e Elmore James.

Posso dizer que são duas fortes influências para mim.”

TB: Você fez algum ajuste de altura de cordas na sua guitarra para tocar Slide?

RL: “Sim, a ação das cordas é um pouco mais alta do que o normal para evitar que a nota seja cortada no contato com os trastes, uso cordas mais pesadas também, 011.


Mas procuro deixar numa altura confortável pra poder tocar sem slide, pois não uso uma guitarra só para isso.”

TB: Quanto maior a espessura da corda, mais encorpado fica o som do slide?

RL: “Eu prefiro cordas mais pesadas usando ou não usando o bottleneck.

Atualmente estou usando cordas 011 (o que não é tão pesado assim), em uma Epiphone Sheraton, gosto do slide em guitarras com captadores humbucker, o som fica mais "encorpado", com mais "sustain. São coisas que na minha opinião são imprescindíveis no Blues.”

TB: O que você indicaria para alguém que quer iniciar no slide ?

RL: “Escute muito os grandes mestres.
Tire o máximo de proveito dos discos, as boas aulas estão alí, tire nota por nota com o máximo de fidelidade que puder.Isso lhe ajudará a formar um estilo próprio.
Pratique nas afinações abertas e na standard também.”

TB: Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

RL: “Parabéns pela iniciativa, muito bom saber que a cada dia que passa temos mais espaços dedicados ao Blues, e o que é melhor, sendo feito por quem toca.”




(Não tenho um video dele tocando slide, mas mesmo assim, vale conferir esse cara tocando.)

Ricardo, valeu de coração sua ajuda, muita Paz e Blues !!!

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Claudio Crotti

Quanto mais eu pesquiso, mais eu descubro ótimos guitarristas que sabem usar o slide, e este é o caso do nosso convidado de hoje.

Com um timbre vintage, uma sonoridade característica dos grandes mestres e um bom gosto para as suas frases, trago para o Blog um cara que gosta e sabe o que está fazendo com o Slide, estou falando de Claudio Crotti.

Além de responder algumas perguntinhas, ele nos forneceu alguns links de seu trabalho, recomendo que escutem este Bluesman.


TB: Quem te inspirou a usar o slide, e quais seus guitarristas preferidos nessa técnica?

CC: “Roberto a minha história com o Slide começou por um acaso. Depois de um tempo afastado da música, eu resolvi ir à casa de um grande amigo que não via há um bom tempo, chamado Paulo Tonella.

Paulo Tonella é um grande estudioso do Blues Rural. Ele toca Slide numa onda completamente acústica como eu nunca vi ninguém tocar no Brasil. Parece mesmo um Velho Bluesman tocando. Usa Resonators, Weissenborns, Dobros e violões. E tudo com Slides feitos com garrafas cortadas..

Enfim, foi através deste contato com o Tonella que eu comecei a me interessar pelo Blues e o Slide. Ele me ensinou muito do que hoje eu sei. Influenciado pelo Tonella eu resolvi estudar Blues e Slide, porém com guitarra elétrica. Com o passar do tempo fui adquirindo alguns instrumentos acústicos e comecei a pegar gosto pela onda acústica também. Mas tenho sérios problemas com a eletricidade e não vivo sem minhas guitarras.

Bem meus guitarristas preferidos são vários. Gosto muito de todos os guitarristas que passaram ou que ainda estão no The Allman Brothers. Esta banda em particular fornece muito aprendizado sobre guitarra Slide. Em primeiro lugar , gosto demais de Duane Allman. Ele foi o principal responsável pelo Slide moderno. Tocava muito. E influenciou muita gente. Além dele gosto muito do Dickey Betts o xerife do Allman. Depois tem dois grandes guitarristas mais modernos, e também do Allman Brothers que eu adoro. Warren Haynes e Derek Trucks. Os dois são fantásticos.

Acho Ry Cooder um monstro no slide também. Gosto muito de um virtuose do Slide chamado Sonny Landreth. Ele tem muita técnica e toca muito bem vários estilos no slide. Além destes, não posso deixar de comentar o velho Johnny Winter. Este é uma lenda viva. Isso sem falar de Peter Green e Mick Taylor que são dois outros guitarristas que eu gosto demais. Tem muitos outros, mas estes são os principais guitarristas que tocam slide que eu curto. Isso sem a gente entrar na onda acústica."

TB: Escutei algumas gravações suas, e o som do slide é vintage, o que você usa para seu slide soar com esse timbre maravilhoso?

CC: "Puxa Roberto que legal que você gostou e obrigado pelo comentário.

Na verdade o meu timbre é resultado de uma série de fatores. O primeiro fator esta relacionado ao que você tem escutado que por sua vez acaba sempre por te influenciar.
Confesso que eu tenho escutado muita velharia e mesmos os caras modernos que eu escuto tem a influência dos antigos deuses do Slide. Isso realmente acaba por ser a nossa grande escola. Além disso, minhas guitarras e amplificadores são dessa linhagem mais antiga. Encontrei um timbre com slide maravilhoso utilizando uma guitarra Telecaster plugada num Pignose Legendary 7-100. Isso realmente soa Crossroads total. Não é apropriado para shows pois é um amplificador de 5 wats, mas para gravações fica maravilhoso. Também utilizo Slides da Dunlop. Um de vidro e o outro de cobre e côncavo. Os dois são relativamente pesados. Não gosto de Slides que não tem peso. Estou falando de peso físico mesmo. Minha mão é um tanto quanto pesada. Além disso, minhas guitarras são todas reguladas para trabalharem com a ação altas das cordas.
Outro fator e que eu não uso palhetas. E tocar apenas com os dedos já causa um timbre e uma pegada diferenciada. Também utilizo encordoamentos pesados . Algumas guitarras estão encordoadas com 0.11 e outras com 0.12. Acredito que o conjunto de todos estes fatores, são a causa do meu timbre."

TB: Assim como a gaita, o slide não pode faltar na formação de uma boa Banda de Blues. O que quero saber é se na Hurricane você utiliza slide?

CC: "Bem estou começando a colocar o Slide na banda. Como a Hurricane é uma banda com apenas um guitarrista eu acabo selecionando algumas músicas especificas para usar o Slide. Tocamos Blues Before Sunrise na mesma onda da versão de Eric Clapton do disco From the Cradle. Além dela fiz uma versão para I Don't Play com Slide que é algo mais pesado. Em I Don't Play utilizo afinação Standard. Também toco com slide a música Heaven's Where You'll Dwell do Carlos de Junco. Em breve vou usar uma Lap Steel no lugar da guitarra para fazer esta música. Vai soar bem mais gordo e pesado.

Estou participando de outro projeto com outra banda onde vou usar bem mais o Slide. É uma banda nova com um tecladista e mais um guitarrista. Então vai dar pra abusar muito mais do Slide. Essa banda vai tocar muito Blues e terá bastante influência do The Allman Brothers. Mas é algo bastante recente ainda."

TB: Quem toca slide gosta de explorar as afinações abertas, mas ao vivo nem sempre fica bacana você mudar a afinação da guitarra, pois demora um pouquinho e é chato deixar o publico esperando. Você usa mais de uma guitarra em seus shows?

CC: "Roberto, normalmente eu levo 3 guitarras para os shows. Uma para tocar em afinação Standard, outra que fica afinada em Open E e uma de estepe, caso quebre uma corda ou algum problema que possa ocorrer.

Eu me identifico muito com a afinação Open E e tenho estudado bastante em cima dela. Estou começando a deixar de lado a afinação standard. E claro que sofri uma influência muito grande de Derek Trucks. Ele utiliza sua SG constantemente afinada em Open E , esteja tocando com ou sem Slide. Quero fazer a mesma coisa. Estou fazendo um trabalho de migração sobre a afinação Open E. Estou estruturando os acordes e escalas para essa afinação. Assim vou usar uma única guitarra com afinação aberta para tocar tudo. Isso tem sido um grande desafio e um grande aprendizado pra mim."

TB: Muito obrigado pela sua colaboração, e deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

CC: "Roberto sou eu quem agradece a sua hospitalidade neste maravilhoso espaço virtual. Espero que você mantenha este trabalho e ajude cada vez mais na divulgação deste fantástico estilo de tocar guitarra.

As coisas estão se expandindo e hoje em dia já é possível encontrar pessoas tocando slide com muito talento. Pessoas como o César Ramos, meu amigo virtual lá de Rondonópolis-MT. Pessoas como o Paulo Tonella, meu amigo pessoal aqui de São Paulo.

Sem contar os grandes monstros que já estão nesta área há muito tempo como o Otávio Rocha, o Marcos Ottaviano, e tantos outros talentos brasileiros.

É isso aí, a Internet e uma grande abertura para o conhecimento musical de todos nós e o seu Blog, com certeza, está se tornando uma grande fonte de conhecimento sobre a arte de se tocar Slide."


Claudião, Muito obrigado pela ajuda, muita Paz e Blues.


Veja também:
- Site Banda Hurricane
- Myspace Banda Hurricane
- Audios do Claudio com Slide (Vale a pena conferir)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Big Gilson

Estou muito feliz por ter em meu Blog um cara do gabarito deste blusman. Um mestre do blues tupiniquim, que leva o som feito aqui para o mundo. Este cara que recebeu elogios de ninguém menos que o lendário B.B. King e tem o seu nome na galeria de astros patrocinados pela Marshall, hoje vai nos falar um pouco sobre o Slide.

Big Gilson é um guitarrista autodidata, cantor e compositor e que toca a guitarra desde os 15 anos. Um monstro das seis cordas, que teria tudo para ser arrogante, mas é uma pessoa humilde e se prestou a perder seu tempo para nos responder algumas perguntas.

TB: O que levou você a tocar Slide?

BG: “O que me levou a tocar slide, foi um cara chamado Johnny Winter, porque foi o cara que realmente me estimulou a tocar guitarra, e como ele foi sempre um excelente Slide Guitar Player foi por ai que a coisa começou.”

TB: Eu tenho uma revista, "Guitar Player", de outubro de 1998, onde você dá algumas dicas e comenta sua experiência com o Slide. Mas o que eu mais gostei na entrevista, foi o fato de você usar duas guitarras em uma. Você ainda usa a afinação normal, apenas com a mizinha em ré, para poder ter uma afinação aberta em Sol, nas quatro primeiras cordas, e da 2ª corda à 6ª uma afinação normal?

BG: “É, essa coisa de mudar a mizinha, baixar ela para Ré, te possibilita mil coisas, você fica com uma afinação aberta em Sol e uma afinação normal da 2ª para a 6ª corda, ai você tem “n” possibilidades de fazer acordes mais enriquecidos, tocar melhor com o dedo ou usar o slide. Te abre uma gama de possibilidades realmente muito grande.”

TB: Mudando um pouco o assunto, fiquei muito feliz em ver que um Brasileiro está entre os grandes nomes de guitarristas, na lista de patrocinados pela Marshall. Como rolou isso?


BG: “O lance da Marshall rolou com o meu empresário na Inglaterra, que mandou uma proposta para eles, para dar um apoio na turnê que eu fiz em abril/2007 e maio/2007. Os caras gostaram do trabalho e no final renovaram para mais um ano, até minha próxima turnê na Inglaterra e na Europa. Inclusive ficaram de fazer um amplificador customizado para mim.

Isso é uma coisa muito legal, uma honra, pois eu sou o único guitarrista sul-americano de qualquer estilo e um dos dois únicos guitarristas de Blues do mundo, eu e Gary Moore.

Então realmente é uma porta aberta para mais uma galera ir na onda e se dar bem, pois é super legal.

E para o ano que vem com certeza mais turnê na Europa e nos Estados Unidos, já tem várias coisas encaminhadas ai, e legal contar com a força da galera aqui, pois o apoio de todo mundo é super importante, e eu que estou fazendo este trabalho pioneiro, para um artista brasileiro, então sempre umas energias positivas e boas vibes são super bem vindas.

Então valeu grande abraço e qualquer coisa a mais estou a disposição.”







Mestre.... Obrigado.... Paz e Blues !!!!

Visite:
- Big Gilson
- Marshall

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mestres do Slide com César Ramos

Conheci este guitarrista pela web, aliás, a maioria dos meus grandes amigos eu conheci desta forma. E por este motivo, trago para vocês um “violeiro solitário”, que faz do slide sua fonte de prazer e lazer.

César Ramos, o Dr. César Slide, é um cara que faz mais pelo slide do que ele mesmo imagina. Se você observar no You Tube, alguns de seus vídeos tem mais de 4.500 acessos, então isso é no mínimo uma forma maravilhosa de divulgar o slide.

Leia e depois vá ver todos seus vídeos !!!

TB: Como nasceu sua paixão pelo slide?

CR: “Minha paixão pelo slide nasceu quando ouvi Johnny Winter há + - 18 anos.Eu tinha uma banda de heavy metal , era radical ,só ouvia metal , coisas de adolescente radical , até que conheci um amigo que gostava muito de jazz e blues e me mostrou um LP do Johnny Winter ("Captured Live") e então fiquei apaixonado pelo som e o detalhe é que eu não sabia que aquilo era feito com slide , nem imaginava , depois fui me interessando cada vez mais pelo blues e quando descobri que ele fazia aquilo com o slide comecei a tentar também .Logo em seguida vi o André Christovam tocando com slide "Dados Chumbados " em um programa de TV junto com o Flávio Guimarães e então a paixão aumentou .

Porem eu só estou me dedicando mesmo ao slide há 1 ano quando me interessei pelas afinações abertas .Gravei um video tocando slide para testar minha filmadora nova e em seguida descobri o site youtube e coloquei o vídeo lá pra ver no que dava.Achei que só ia tomar paulada por que imagina, um brasileiro tocando slide , sem camisa , num quarto , completamente relaxado , os americanos iam achar isso uma afronta!!(Risos). Mas aconteceu o contrário , começaram a me mandar e e-mail elogiando e eu nem acreditei .Fiquei animado e passei a gravar mais, mas aí coloquei uma camisa.” (Risos)

TB: Quais afinações você mais usa?

CR: “Quanto as afinações uso mais open D ( DADF#AD ) e standard .Mas tambem uso open G ( D-G-D-G-B-D) . Open E também é legal mas quebra muita corda” (Risos)

TB: Você é de Rondonópolis-MT, o que eu gostaria de saber é, existe um espaço para o Blues em sua cidade ?

CR: “Na verdade eu moro em Rondonópolis-MT há 2 anos e meio .Sou do interior de SP ( Presidente Prudente) e vim pra cá trabalhar como médico ( cirurgião vascular).Não sou musico profissional, toco nas horas vagas em casa mesmo .

Aqui em Rondonopolis ainda não tem um espaço pra tocar blues mas tem muita gente que gosta do som e já é um começo .Quando morava no interior de São Paulo eu tinha uma banda de blues que foi a primeira da cidade e também não tinha um espaço pra tocar e quando tocamos na casa noturna de uma amigo meu a primeira vez tinha 10 pessoas , na segunda vez tinha 100.É só começar pra aparecer a galera.”

TB: Quais são seus projetos? Você está tocando com alguma Banda ?

CR: “Não toco em banda, toco só em casa nas horas vagas , quero montar uma mas está difícil , falta tempo e compatibilidade de horários com os outros músicos .Tem muito músico bom aqui no MT , não imaginava que tivesse tanto .Quando vim pra cá achei que só ia ter violeiro mas estava enganado.Como está difícil eu estou seguindo o conselho que o André Christovam me deu lá em Santos -SP "faz como eu , toca sozinho cara " .”
TB: Muito obrigado por sua ajuda, e deixo aqui um espaço para seus comentários.Valeu pela ajuda.

CR: “Eu é que agradeço , tenho notado que muita gente curte slide aqui no Brasil e tem muita gente boa tocando , fora os mestres como A Christovam / Otavio Rocha / M Ottaviano .Tem um cara na Bahia , o Eric Assmar que é fera , o Ricardo Vignini é violeiro bluesman e faz um som slide com viola que é demais .Muito legal a iniciativa de criar o Terremoto Blues e espero que isso faça com que apareçam cada vez mais blueseiros .”




Dr. Muito obrigado pela sua ajuda. Paz e Blues !!!

Veja todos os Vídeos do "Dr. César Slide".

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Violeiro na trilha do Blues com Ricardo Vignini

Trago para o Blog um convidado mais que especial, uma pessoa que faz uma mistura perfeita entre a arte da Viola Caipira e o Blues.

Ricardo Vignini é violeiro, compositor, professor de música, produtor fonográfico e cultural e pesquisador de musica tradicional, tem na bagagem a experiência de ter tocado com um dos mestres do slide, Bob Brozman.

Chega de papo e vamos ler o que este mestre tem para contar.

TB: Sei que você gosta de música caipira, e que domina a viola como ninguém. Mas vi que você tem alguns vídeos junto do Sergio Duarte, e então eu gostaria de saber se é fácil tocar Blues com a Viola?

RV: "Antes de tocar viola eu tocava guitarra, sempre gostei de blues, principalmente country blues como Mississippi John Hurt, Rev. Gari Davis e Lonnie Johnson, cada estilo e instrumento tem as suas particularidades, esse tipo de blues soa muito bem com a viola."


TB: A música caipira conta em suas letras o sofrimento, você acha que o blues e a música caipira tem mais semelhanças do que apenas nas letras?

RV: "Eu acho que vai bem além das letras, as lendas, simpatias, o pacto com o Diabo, as afinações abertas, o modo de vida de alguns violeiros, a harmonia, tudo isso é bem semelhante, eu acho que a música caipira de raiz é o estilo musical brasileiro que mais se aproxima do Blues, em 2006 fui curador de um projeto no Centro Cultural Banco do Brasil que teve justamente a intenção de mostrar essas semelhanças, nesse projeto eu toquei com Cristiaan Oyens, teve o Steve James com o Pereira da Viola e o Woddy Mann com o Xanguai, nesse mesmo ano eu o Índio Cachoeira e o Woddy Mann fizemos também um show em Porto Alegre. "

TB: Sei que você tocou com o Bob Brozman, um dos Mestres do Slide, como você o conheceu? E como foi essa experiência?

RV: "Conheci o Bob Brozman, na época do seu disco Devil's Slide, sempre o admirei muito, depois quando vi que ele estava envolvido com world music vi que ele seria a pessoa ideal pra levar a cultura de viola para o mundo, fiz 5 shows com ele no Brasil, foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida aprendi muito com ele temos um projeto de fazer um cd com ele com cultura caipira, estou também fazendo pra ele aqui uma viola caipira e ele uma viola National pra mim. "

TB: Gostaria de agradecer seu tempo, e dizer que é um prazer trazer você aqui para meu Blog. Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

RV: "Muito obrigado pelo interesse no meu trabalho e boa sorte nas suas empreitadas, e que o pessoal do blues passe a conhecer um pouco da cultura de viola, pois tem aquele provérbio:" "Cantas tua aldeia que serás universal"



Ricardo, obrigado mesmo pela sua ajuda, muita Paz e Blues.

Visite:
http://www.matutomoderno.com.br/
http://www.brasiltesteiro.com.br/

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Frank Hoenen

Trago para vocês uma pessoa que está muito próxima das minhas atividades musicais. Nós dividimos as guitarras Slides na Marafa Blues, banda que fazemos parte.

Aprendi muito de slide com esse “Mestre do Blues”. Ele possui uma técnica maravilhosa, e transforma as mais simples músicas em verdadeiras obras de arte. Espero que em muito pouco tempo eu possa mostrar as músicas que estamos preparando para o nosso primeiro CD.

O Frank Hoenen é um guitarrista completo, se diferencia por suas frases inteligentes . Ele é professor de guitarra e violão, e está aqui para nos ensinar um pouco mais da arte do slide.

TB: Como você descobriu o Slide?

FH: “Descobri o slide mais ou menos um ano depois de ter começado a tocar violão e guitarra, tirando algumas músicas do acústico que o Eric Clapton fez pra MTV,todas afinadas em Sol aberto(D,B,G,D,G,D),músicas como Walking Blues,Running On Faith e Rollin and Tumblim.

Esse foi meu primeiro contato com o Slide.”

TB: Você tem uma grande facilidade de tocar Slide na afinação padrão. Existe algum segredo?

FH: “Sim,o segredo não está na mão do slide,mas sim na mão que dedilha,você precisa abafar as cordas que não quer que o som saia enquanto toca as que você quer que saia.
Pelo menos pra mim,tocar sem palheta(apenas com os dedos) é a melhor opção pois a mão fica com bastante liberdade para abafar as cordas.

Isso exige tempo e paciência,mas é muito compensador,pela facilidade de poder fazer tudo na mesma guitarra,sem depender de uma outra em alguma afinação aberta e de poder na mesma música mesclar frases com e sem slide.

É legal também ouvir muito pessoas que tocam nesse estilo e ir tocando as frases deles,observar a maneira que tocam,como fazem pro som sair limpo...Recomendo também um vídeo aula do Warren Haynes(guitarrista atual do Allman Brothers e do Gov't Mule) chamada Eletric Blues and Slide Guitar,lá ele da todas essas dicas que eu citei acima de uma maneira bem prática e cheia de exemplos.

Outro guitarrista que estou ouvindo muito que toca na afinação padrão é Derek Trucks(atual guitarrista também do Allman Brothers e da banda do Eric Clapton). Pra mim o melhor guitarrista nesse estilo na atualidade!"

TB: Você acha que um guitarrista que trabalha 100% das músicas com slide, tem algum tipo de limitação, por exemplo, na criação das harmonias ou das frases?

FH: “Acho que o slide pode dificultar um pouco sim,mas acredito que seja uma coisa pessoal,se a pessoa conseguir tocar tudo que ela quer tocar usando só o slide não vejo motivo para não fazê-lo.“

TB: Qual a dica que você daria pra alguém que quer iniciar no Slide ?

FH: “Ouvir muito,estudar muito e ter paciência, pois a coisa não se da uma hora pra outra, por não ser um jeito convencional de tocar.

Trabalhar as afinações,principalmente em Sol e Ré aberto,ter cuidado com a afinação das notas,lembre que o slide é tocado em cima do traste,e não da casa.”

Buscar todo tipo de informação possível.

Hoje no Brasil já temos pessoas num nível altíssimo tocando Slide,como Marcos Ottaviano(que foi quem me ensinou a tocar com a afinação padrão),Celso Salim,Big Gilson,Otávio Rocha,Paulo Tonella,entre outros,que além de grandes talentos são pessoas bastante acessíveis e ensinam de uma maneira bem didática.”

(Eu e o Frank, no Mr. Blues)

TB: Frank, obrigado por participar do meu Blog, e deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

FH: “Valeu Roberto,eu é que agradeço por você ter lembrado de mim no meio de tanto fera que ta aparecendo aqui e por me deixar compartilhar um pouquinho do que eu sei sobre essa paixão que nós dois temos que é a guitarra Slide!

E parabéns pelo Blog, iniciativas como a sua que fazem o Blues ir pra frente no Brasil!”

Frank, muito obrigado por dedicar um pouco do seu tempo, para passar suas lições para nós.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mestres do Slide com Marcelo Vera

Não basta saber as escalas, os acordes e as afinações para tocar Slide, a alma tem que estar ligada totalmente a um pequeno tubo de metal ou de vidro, para que o som sai cortante e quente e possa extrair todo sentimento de quem está escutando.

Tenho uma paixão pelo slide, e por este motivo vou iniciar uma série de textos trazendo guitarristas para falar um pouco desta técnica.

Neste primeiro texto trago um cara que realmente sabe tirar sons incríveis usando o Slide. Marcelo Vera, o Marceleza, guitarrista da Cracker Blues, tem uma técnica fantástica e veio compartilhar sua sabedoria com nós, pobres mortais.


TB: Nos shows, você utiliza o slide em todas as músicas ? E qual afinação você mais usa?

MV: "Ainda não posso utilizá-lo em todas pois, como não finalizamos nosso primeiro trabalho executamos músicas em que o slide não encaixa bem. Por exemplo, se tocarmos Voodoo Chile com slide, vai soar esquisito, não que eu ache que seja impossível mas, como sou o único guitarrista da banda, tenho que me preocupar em não deixar nenhum espaço vazio nas músicas o que, as vezes, acontece com o slide. Sem contar que estou em uma banda em que a opinião dos meus colegas é importante também. Meu objetivo é dar prioridade ao slide guitar, logicamente, sem deixar de lado a guitarra digitada.

Quanto as afinações, as que mais uso são: open G (D G D G B D) e a open D (D A D F# A D), acho que esta última é perfeita para o country rock. Também tenho estudando outras afinações como a open C."

TB: Como você iniciou no slide ? Quais são suas influencias ?

MV: "Antes da guitarra eu estudei violão clássico em um conservatório, não achei bacana e abandonei. Na realidade comecei tarde a estudar guitarra, na época eu era muito fã de Mark Knopfler e de Brian Seltezer e, claro, não conseguia ter o vibe desses caras. Então, num aniversário acabei ganhando 3 cd´s: um do Son House, um do Johnny Winter e um do Blues Etílicos e posso dizer que foi ai o começo de minha relação com o slide. Dai em diante fui atrás de tudo quanto era música e artista que tocava o slide.

Como meu professor na época não tinha muito da técnica do slide para me ensinar e eu desconhecia quem pudesse fazê-lo, tive que aprender (ainda estou aprendendo) da forma mais demorada e difícil, sozinho. Hoje em dia está muito mais fácil aprender pois, além da facilidade de informação (internet e afins, o que facilita o estudo) você tem professores do calibre de Marcos Otaviano e "slideiros" excelentes como: Paulo Tonella e Big Gilson, que são pessoas abertas para troca de informações e dicas.

Minhas influências, com toda certeza, vêm dos artistas das antigas, aquelas das gravações toscas (rsrsrs): Son House, Robert Johnson, Muddy Waters, Big Bill Broonzy, Elmore James, John Money, Ry Cooder, Johnny Winter, Ron Hacker, The Allman Brothers, Eric Sardinas e por ai vai. "

TB: Acho que o seu slide tem um veneno na medida certa, que equipamentos você usa para chegar nesse resultado ? Quero que você nos diga, desde cordas até amplificador.

MV: "Para falar a verdade meu set é bem simples, utilizo guitarras strato pois gosto muito do som do single coil, se bem que eu fiz uma esperiência com uma tele equipada com captador mini-humbucking e gostei muito.Outra coisa importante é a altura das cordas, como uso slide de cobre que é bem pesado, as cordas tem de estar a uma altura boa para evitar que elas encostem nos trastes, e também porque facilita a técnica do abafar cordas.

Espessura das cordas: Realizei um monte de testes com vários jogos de cordas e várias afinações e, para mim, um jogo de cordas de calibre generoso (0.13 por ex) soa melhor que um jogo de cordas fininho (0.09 foi o menor que utilizei). Na verdade eu sempre toquei guitarra e violão com cordas de pedreiro e o que estou fazendo no momento é utilizar um jogo de cordas 0.11, sendo que utilizo duas cordas Si e guardo a Mizinha que sobrou, ai fico com .49/0.38/0.28/0.18/0.14/0.14.

Uso pedais analógicos, hoje estou com um TS-9 (modificado para TS-808), um Texas Ranger (pra dar um molho) e um Wha Wha. Tenho 2 amplis que sempre que possível uso em linha, o primeiro é um Fender Delux Hot Rod de 40W e um Duovox de 100W com caixas 2 X 12', isso me garante uma boa massa sonora.

Para Shows acústicos utilizo um violão com cordas de aço (flat top) e pretendo comprar um Dobro no final do ano, já que agora está mais fácil achar esses equipamentos aqui no Brasil.

Eu toco a guitarra utilizando uma combinação de técnicas entre palheta e finger-style, já no violão eu aplico somente o finger-style. "

TB: O que você diria para alguém que vai iniciar o primeiro som no slide ?

MV: "Para ter bastante paciência, não pular fases importantes como o dedilhado (finger-style), ouvir muito, mas muito mesmo os artistas das antigas. Sei que as gravações são muito ruins mas é dali que você vai ter material para formar sua biblioteca de links. O Eric Sardinas por exemplo, usa as frases desses caras só que ele tem aquela pegada e velocidade fenomenais. Não se apegue muito a questão do equipamento pois o slide surgiu da mão de gente que não tinha condição de ter um instrumento bom."

TB: Man muito obrigado, caso queira comentar algo, fique a vontade.

MV: "Primeiramente gostaria de agradecer de coração pelo convite para participar do seu blog, que por sinal, está muito bacana. Gostaria também de informar que estou escrevendo um blog dando dicas e contando esperiências relacionadas ao slide (sempre que tenho um tempo). Lógico que é bem mais simples que este, porém, penso em colaborar com a nossa causa (rsrsrsrs) que é divulgar o blues, e no caso especifico de meu blog, divulgar o slide.Aceito a colaboração de todos para deixa-lo mais completo e interessante. Deixo aqui mais uma vez meus agradecimentos ao Roberto Terremoto, sucesso a você e a Marafa. (precisamos tomar umas brejas)"




Marceleza, sem duvidas, temos que tomar várias brejas. Muito obrigado, Paz e muito Blues !

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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Amigos do Blues com Rogério Levatti

Quero dedicar este texto, a uma pessoa que me ensinou muito do blues. Ele é um dos músicos mais completos que já vi tocando. Digo para vocês um fato real, se o instrumento for de cordas, ele é capaz de tocar.

A velocidade de suas frases unidas com um feeling inacreditável, fazem desse cara um guitarrista de blues incomparável. Vocês podem até dizer que minhas palavras são exageradas, mas quem já o viu tocando, sabe do que estou falando.

Conheci o Rogério no ano de 2000, quando eu estava com minha primeira banda de blues, e estávamos procurando um guitarrista solo. Foi quando, entramos no estúdio dele, e me deparei com essa figura, tocando um blues no violão. Entramos na sala do estúdio, e disse aos meninos da banda, “Esse cara tem que tocar na banda...”.

O Baixista da Jafer Blue, o Eduardo, conhecia o Rogério, e então depois do ensaio fiz o convite para ele. Ele aceitou na hora, e a partir daquele momento, fui aprendendo o que era realmente o Blues.

Lembro do nosso primeiro show, tocamos em um teatro, e estava lotado. Quando iniciamos o som, eu olhei para meu lado esquerdo, onde ele deveria estar, mas ele estava tocando escondido nas cortinas. Mas na segunda ou terceira música, ele já foi se soltando e no final do show já estava ao meu lado.

Mas ele não foi sempre tímido assim, tempos depois, ele já tocava com a guitarra nas costas, bem ao estilo dos mestres Jimmy Hendrix e Stevie Ray Vaughan.

(André Hohmer na gaita, Rogério Levatti na Guitarra e eu... "Um palco, álcool, cigarros, amigos e o bom e velho Blues.")

Gostaria muito de ter vídeos dele tocando, ou até mesmo sons disponíveis para “ilustrar” melhor meu texto. Gravamos muitas coisas, mas infelizmente não tenho onde postar. Espero que em breve, nosso projeto de blues de início e meu amigo e irmão, Rogério Levatti, volte aos palcos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Blues em Português com Eduardo Gaspar

Este é meu último texto referente ao Blues em Português, e para finalizar o assunto, chamei um grande conhecedor de Blues, meu camarada Eduardo Gaspar. Este poderia ser um daqueles meus textos, Amigos do Blues, mas não vai faltar oportunidade, de termos esta grande figura mais umas vezes, em meu blog.

O Eduardo Gaspar trabalha no projeto Rota do Blues, e é um dos caras que faz as melhores filmagens dos nossos bluseiros e é fotógrafo. Além de tudo isso, ele tem uma visão fantástica da cena do Blues nacional, e por isso eu o chamei aqui, para nos falar um pouco do que ele acha do “nosso” Blues.

TB: Seu comentário, no texto do Edu Soliani, foi muito interessante, realmente você acha que existe preconceito dos grandes nomes do Blues nacional e quem está iniciando no Blues, escrever sons em português ?

EG: “Existe sim, o que vejo hoje em dia, são grandes nomes do blues nacional, com varias composições em português, e nos shows tocam uma ou outra musica, como se tivesse vergonha daquilo que fez, parece que nos dias de hoje os músicos tocam pra competir entre eles, que um faz melhor do que o outro, tem essa levada ou aquela melhor, querendo imitar outros músicos, o que muitos músicos não sabem se eu quisesse escutar Little Walter ou Sony Boy eu escutaria os próprios. Quando vamos a um show queremos ver o musico e não ele imitando outros, queremos ver a personalidade dele no palco.”

TB: Sei que você tem um grande conhecimento em Blues, gostaria de saber se você tem escutado bandas novas, fazendo sons em português ?

EG: “Eu Sou um Apaixonado por Blues, em qualquer idioma, o que eu prego o blues em português, é mais para atrair público, pois estou nos bastidores e sei o que os músicos passam por falta de dinheiro, bar que paga uma miséria quando pagam, hoje você vê em shows de blues pouca gente, em média 70 a 80 pessoas, e no caso do blues vemos que a média de idade vem aumentado, o publico esta envelhecendo, e não estamos repondo, a molecada quase não conhece o blues(de 18 a 28 anos), Por que? O blues em português seria uma saída, nesse caso eu gosto muito de citar o Nasi, em sua carreira solo, se as musicas dele não fossem boas, não é por que ele é do Ira que o publico vai, é por que se identifica com o som dele, e por isso todo show dele tem de 200 à 300 pessoas. Conheço muitas bandas novas, que alem de tocar muito se preocupa em tocar o que o publico gosta de escutar, e claro no meio do set eles tocam o que gosta também e o publico gosta, fazendo letras em português com muita qualidade.”

TB: Agora, vamos falar um pouco da cena Blues paulista. Você acha que o blues está ganhando força ?

EG: “Não, pelo contrario, por causa da falta de publico as casa estão fechando as portas para o blues, infelizmente os donos de casas de shows nem divulgação estão fazendo, alem do mais querem que os próprios músicos façam sua divulgação, o que eu acho um absurdo.”


TB: Valeu irmão, caso queira comentar algo, fique a vontade.

EG: “Estamos perdendo cada vez mais nosso espaço, conversei com muitas pessoas, fiz um documentário legal(em breve vou disponibilizar no You Tube), mas a resposta veio dos donos de bar, a garotada não gasta mais daqueles solos intermináveis, musicas longas, eles não agüentam o nosso jeito de tocar e de curtir um blues, vejo pelas bandas novas, tem mais publico do que gaitistas renomados. Na maioria musicas curtas e objetivas, colocando uma ou outra com umas levadas a mais.
Os espaços para o blues esta diminuindo, estão colocando rock, mpb, groove. Bares tradicionais de São Paulo, e o movimento esta aumentando, dessas casas.

Acho que temos que tomar atitudes, se não cada vez mais, menos espaço.
Eu ainda acredito no blues em português, para atrair publico, pois sem eles os músicos para de tocar o que gostamos.”

"Eduardo, obrigado de coração. Paz e Blues"

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