Tenho a honra de trazer para as páginas do blog um mestre da guitarra. Uma músico que simplesmente brinca com o Blues e o Jazz.
Paulo Calarezzo é um músico completo, pois une feeling e técnica, para chegar em um som maravilhoso e apesar de tudo isso, é uma pessoa simples.
Paulo Calarezzo é um músico completo, pois une feeling e técnica, para chegar em um som maravilhoso e apesar de tudo isso, é uma pessoa simples.
TB:Você é um guitarrista com uma bagagem incrível, pois domina vários estilos musicais. Por este motivo gostaria de saber, o que te faz tocar Jazz e Blues?
PC: "Sempre que comento isso muitos ficam surpresos, cresci numa família de classe média na capital paulista, gente trabalhadora, que me deu uma boa educação a custo de muito suor, porém sem muito tempo para apreciar música, difícil imaginar alguém se tornar músico crescendo em um ambiente pouco musical, mas isso que aconteceu: Meus primeiros contatos com a música foram através da TV, personagens como Adoniran Barbosa, Clara Nunes, Elis Regina, Hermeto Pascoal... nomes que povoavam nossa MPB antes da total banalização cultural dos meios de comunicação, porém o que mais me marcou foram as trilhas sonoras de antigos desenhos animados, onde se encontra muito jazz e blues, incríveis pianos de boogie-woogie e big bands quebrando tudo como na Pantera cor de Rosa. Quando comecei a estudar música, no início da adolescência, me apaixonei por improvisação, o que me aumentou mais ainda a minha paixão pelos estilos."
TB: Em 2004 você lançou o seu Cd “Blues Loud”. O que te fez gravar este CD? Quem trabalhou com você nesse projeto? E podemos esperar algum trabalho novo?
PC: "No início dos anos noventa, além de diversos trabalhos como músico acompanhante e free lancer, me dedicava a um grupo de jazz que era meu xodó, mas as coisas não iam lá muito bem, um amigo meu tocava na Blues Connection e me falou que o blues estava em alta, e que haviam diversos lugares pra se tocar, bom comecei a cantar e a fazer blues e descobri que tinha jeito pra compor no estilo, depois de alguns anos passei por alguns grupos e tocando com muita gente boa decidi montar meu próprio trabalho que culminou neste CD. Nele eu apresento algumas das minhas composições e toco alguns clássicos que me acompanharam ao longo dos anos.
Na produção juntei um verdadeiro mutirão de amigos e colegas, como o baixista Célio Barros que co-produziu o trabalho e cedeu seu estúdio para parte das gravações, bem como Tomi Terahata, meu amigo de infância, e que na época era proprietário do estúdio Groove Digital. No que se refere aos músicos, temos o baixista Pedro Marcondes, o pianista Lobato Acarahyba, ambos tocam comigo ainda hoje no Polissíntese Jazz Group, o baterista Ronaldo Palleze, companheiro de longa data, um ótimo produtor e um dos músicos mais extraordinários com quem já trabalhei, Luiggi Granieri no hammond, que tocava na Blues Keepers, e na gaita, Marcelo Rodrigues que tocou comigo na Urublues, com quem tenho uma grande amizade e costumo de vez em quando fazer dueto de violão e gaita com ele.
Quanto a um novo trabalho, já tenho o conceito de um novo disco totalmente desenvolvido, porém, ainda quero mantê-lo na gaveta. No Brasil o público que aprecia blues ainda está cheio de preconceitos, tem relutância quanto a composições em português e muitos estranham a modernidade do meu trabalho, então A garotada mais é que tem me dado alguns indícios de que as coisas vem melhorando, me parecem mais abertos à nossa mensagem e não estão estigmatizados com aquele conceito de que blues tem de ser aquele som mofado, isso daqui um tempo talvez me traga de volta para ao estúdio."
TB: Quais são seu projetos hoje? Com quem você está tocando?
PC: "Toco em um grupo instrumental que funde jazz, rock, blues, pop e música brasileira, o Polissíntese Jazz Group. Lançamos no ano passado o CD que trás as composições de nosso pianista Lobato Acarahyba, e desde então estamos trabalhando na divulgação e propagação dessa nova estética. A aceitação do público tem nos emocionado e temos muitas perspectivas sérias para o futuro.
No ano passado, a convite do SESI, reuni o meu grupo original, aquele que gravou comigo, foi um grande show e saímos todos empolgados. Não tenho trabalhado com um grupo de blues fixo, o que tem me causado muitos problemas, principalmente pelo pouco tempo que acaba sobrando pra ensaiar. Estou com vontade montar um grupo fixo novamente e voltar à estrada, quem sabe o mesmo time...
PC: "Sempre que comento isso muitos ficam surpresos, cresci numa família de classe média na capital paulista, gente trabalhadora, que me deu uma boa educação a custo de muito suor, porém sem muito tempo para apreciar música, difícil imaginar alguém se tornar músico crescendo em um ambiente pouco musical, mas isso que aconteceu: Meus primeiros contatos com a música foram através da TV, personagens como Adoniran Barbosa, Clara Nunes, Elis Regina, Hermeto Pascoal... nomes que povoavam nossa MPB antes da total banalização cultural dos meios de comunicação, porém o que mais me marcou foram as trilhas sonoras de antigos desenhos animados, onde se encontra muito jazz e blues, incríveis pianos de boogie-woogie e big bands quebrando tudo como na Pantera cor de Rosa. Quando comecei a estudar música, no início da adolescência, me apaixonei por improvisação, o que me aumentou mais ainda a minha paixão pelos estilos."
TB: Em 2004 você lançou o seu Cd “Blues Loud”. O que te fez gravar este CD? Quem trabalhou com você nesse projeto? E podemos esperar algum trabalho novo?
PC: "No início dos anos noventa, além de diversos trabalhos como músico acompanhante e free lancer, me dedicava a um grupo de jazz que era meu xodó, mas as coisas não iam lá muito bem, um amigo meu tocava na Blues Connection e me falou que o blues estava em alta, e que haviam diversos lugares pra se tocar, bom comecei a cantar e a fazer blues e descobri que tinha jeito pra compor no estilo, depois de alguns anos passei por alguns grupos e tocando com muita gente boa decidi montar meu próprio trabalho que culminou neste CD. Nele eu apresento algumas das minhas composições e toco alguns clássicos que me acompanharam ao longo dos anos.
Na produção juntei um verdadeiro mutirão de amigos e colegas, como o baixista Célio Barros que co-produziu o trabalho e cedeu seu estúdio para parte das gravações, bem como Tomi Terahata, meu amigo de infância, e que na época era proprietário do estúdio Groove Digital. No que se refere aos músicos, temos o baixista Pedro Marcondes, o pianista Lobato Acarahyba, ambos tocam comigo ainda hoje no Polissíntese Jazz Group, o baterista Ronaldo Palleze, companheiro de longa data, um ótimo produtor e um dos músicos mais extraordinários com quem já trabalhei, Luiggi Granieri no hammond, que tocava na Blues Keepers, e na gaita, Marcelo Rodrigues que tocou comigo na Urublues, com quem tenho uma grande amizade e costumo de vez em quando fazer dueto de violão e gaita com ele.
Quanto a um novo trabalho, já tenho o conceito de um novo disco totalmente desenvolvido, porém, ainda quero mantê-lo na gaveta. No Brasil o público que aprecia blues ainda está cheio de preconceitos, tem relutância quanto a composições em português e muitos estranham a modernidade do meu trabalho, então A garotada mais é que tem me dado alguns indícios de que as coisas vem melhorando, me parecem mais abertos à nossa mensagem e não estão estigmatizados com aquele conceito de que blues tem de ser aquele som mofado, isso daqui um tempo talvez me traga de volta para ao estúdio."
TB: Quais são seu projetos hoje? Com quem você está tocando?
PC: "Toco em um grupo instrumental que funde jazz, rock, blues, pop e música brasileira, o Polissíntese Jazz Group. Lançamos no ano passado o CD que trás as composições de nosso pianista Lobato Acarahyba, e desde então estamos trabalhando na divulgação e propagação dessa nova estética. A aceitação do público tem nos emocionado e temos muitas perspectivas sérias para o futuro.
No ano passado, a convite do SESI, reuni o meu grupo original, aquele que gravou comigo, foi um grande show e saímos todos empolgados. Não tenho trabalhado com um grupo de blues fixo, o que tem me causado muitos problemas, principalmente pelo pouco tempo que acaba sobrando pra ensaiar. Estou com vontade montar um grupo fixo novamente e voltar à estrada, quem sabe o mesmo time...
Toco também em eventos, às vezes só, mas na maioria em grupo, isso é algo que curto fazer e ajuda a pagar as contas, além das inúmeras aulas que dou... rsrs"
TB: Neste mundo, onde o Rock não é algo que a maioria dos jovens escuta, como é ser professor de música? Qual a faixa etária dos seus alunos? E que tipo de música querem aprender?
PC: "Não tenho o dado de que a galera está escutando, mas meus alunos ouvem basicamente Rock’n’Roll, muitas vezes de péssima qualidade, muita coisa que não possui nada de elaboração, os caras cantam muito mal (mais parecem que gemem), mas tem uma galera que curte rock mais das antigas, e isso não é pouca gente não... Tem gente que curte Led Zepplin, Pink Floyd, Steve Ray e por ai vai... às vezes influencia dos pais, outras guitar hero, mas muitos vem atrás disso.
Leciono para todas as idades, meu aluno mais novo está com oito anos e acho que o mais velho está com uns vinte e seis, ministro aulas de prática em conjunto no Colégio Santa Clara e lá trabalho com alunos de doze a dezoito anos. O que percebo é que os mais novos são mais afetados pela música pop e os mais velhos já são mais roqueiros, mas no que se refere ao repertório se encontra de tudo, mas a música internacional predomina, e infelizmente poucos gostam de blues.
Como professor a coisa que mais incomoda é a falta de dedicação que se vê na garotada, querem evolução sem muito esforço, ai a coisa não caminha legal, a aula fica pesada pra mim e pra eles também, mas para mim como professor o que interessa mesmo é poder trazer algo de bom pra vida desses caras, tanto que quando encontro ex-alunos todos me tratam muito bem e muitos mencionam o quanto as aulas de música foram importantes na nas vidas deles. Pra mim, missão cumprida!"
TB: Paulo, é muito bom ter um músico tão competente no blob, Obrigado. Deixo aqui um espaço para sés comentários finais.
PC: "Eu agradeço muito a lembrança, numa terra sem memória, muitos vêm se esquecendo desses anos que dediquei ao blues e a seu convite me deixou muito lisonjeado. Quero te parabenizar pela iniciativa e deixar aqui minha admiração pelas suas composições e batalha para fazer o blues nacional crescer. Eu estou um pouco de férias do Blues, mas daqui a pouco eu volto...rsrs.
TB: Neste mundo, onde o Rock não é algo que a maioria dos jovens escuta, como é ser professor de música? Qual a faixa etária dos seus alunos? E que tipo de música querem aprender?
PC: "Não tenho o dado de que a galera está escutando, mas meus alunos ouvem basicamente Rock’n’Roll, muitas vezes de péssima qualidade, muita coisa que não possui nada de elaboração, os caras cantam muito mal (mais parecem que gemem), mas tem uma galera que curte rock mais das antigas, e isso não é pouca gente não... Tem gente que curte Led Zepplin, Pink Floyd, Steve Ray e por ai vai... às vezes influencia dos pais, outras guitar hero, mas muitos vem atrás disso.
Leciono para todas as idades, meu aluno mais novo está com oito anos e acho que o mais velho está com uns vinte e seis, ministro aulas de prática em conjunto no Colégio Santa Clara e lá trabalho com alunos de doze a dezoito anos. O que percebo é que os mais novos são mais afetados pela música pop e os mais velhos já são mais roqueiros, mas no que se refere ao repertório se encontra de tudo, mas a música internacional predomina, e infelizmente poucos gostam de blues.
Como professor a coisa que mais incomoda é a falta de dedicação que se vê na garotada, querem evolução sem muito esforço, ai a coisa não caminha legal, a aula fica pesada pra mim e pra eles também, mas para mim como professor o que interessa mesmo é poder trazer algo de bom pra vida desses caras, tanto que quando encontro ex-alunos todos me tratam muito bem e muitos mencionam o quanto as aulas de música foram importantes na nas vidas deles. Pra mim, missão cumprida!"
TB: Paulo, é muito bom ter um músico tão competente no blob, Obrigado. Deixo aqui um espaço para sés comentários finais.
PC: "Eu agradeço muito a lembrança, numa terra sem memória, muitos vêm se esquecendo desses anos que dediquei ao blues e a seu convite me deixou muito lisonjeado. Quero te parabenizar pela iniciativa e deixar aqui minha admiração pelas suas composições e batalha para fazer o blues nacional crescer. Eu estou um pouco de férias do Blues, mas daqui a pouco eu volto...rsrs.
Gostaria também de dar um toque pra galera que ainda não se ligou que o tempo passa e a fila anda... eu adoro Robert Johnson, Skip James, Blind Limon Jefferson e muitos outros, mas se o blues ficasse no purismo não teríamos Muddy Waters, BB King, Buddy Guy, Jimy Hendrix, Stevie Ray e tantos outros que fizeram e fazem a história do blues. O blues nacional hoje já tem cara própria e precisa ser prestigiado, então galera, vamos abrir os ouvidos pq tem muita coisa boa por ai, e não são só gaitistas ou cantoras negras não, são guitarristas, pianistas, bandas, compositores que fazem música em inglês e português, em suma, tem muita coisa legal pra gente curtir!!!
Outro toque que gostaria de dar é de que tem muita gente que ouve música o dia inteiro no rádio, em casa, no carro, debate sobre música com os amigos, porém não tem o hábito de ir a um show ou a um concerto. Pessoal, arte só acontece ao vivo, só conhece a Monalisa quem foi ao Louvre vê-la, só se emociona de verdade com as artes cênicas quem vai ao teatro assistir uma peça, e porque em música um monte de gente acha que o disco é uma obra de arte, é nada!!! Um grupo da pesada faz o máximo para em uma gravação conseguir algo parecido com o que faz ao vivo, e mesmo assim o resultado fica sempre bem aquém, então se você realmente gosta de música é melhor se mexer mais e ir testemunhar ao vivo o que é um puta som!!! Só assim você porá usufruir de verdade a música!!!
Queria mandar um abração pra galera do blog e agradecer a oportunidade de expor minhas idéias.
Muitas felicidades a todos e vida longa à música de raiz, ao feeling, vida longa ao blues!"
Muitas felicidades a todos e vida longa à música de raiz, ao feeling, vida longa ao blues!"
Veja mais:
2 comentários:
muito legal seu blog, aqui se pode desfrutar de bastante material que faz a diferença para nós amantes do Blues.
Muito obrigado.
Seja sempre bem vindo.
Paz e Blues,
Terremoto
Postar um comentário