domingo, 26 de abril de 2009

Mestres das seis cordas com Leo Ventura

Leo Ventura é um grande músico carioca que conheci em uma dessas noites de Blues.

Além de ser um extraordinário guitarrista é um ótimo vocalista, sem contar que é uma pessoa muito divertida.

TB: Como você iniciou na música e como foi para no blues?

LV:
"Comecei a minha vida ouvindo muito rock brasileiro e MPB. Embora ninguém na minha família fosse músico, minha casa era muito musical. Minha mãe e minha avó sempre ouviam muita (boa) música, como Rita Lee, Lulu Santos, Legião, Engenheiros, Caetano, Gil e etc. Enfim: desde criança curtia reunir os amigos para ouvir música em casa – me interessava muito mais do que jogar bola.... rs

Sempre quis aprender a tocar guitarra e aos 13 anos ganhei o meu primeiro violão. E aí comecei a tocar, sem fazer aulas, tirando músicas um tanto preguiçosamente, pois eu preferia ficar improvisando em cima das gravações do que efetivamente “tirar” as músicas igual a gravação original.

Demorei um pouco até formar a minha primeira banda de verdade e só aos 18 anos passei a tocar na noite do Rio. Ainda nessa mesma época, comecei a ouvir blues compulsivamente e, com a grana que ganhava no estágio de direito que fazia, comprei vários e vários CDs de blues (B.B King, Albert King, Clapton, John Mayall, Robert Johnson e vários outros), eu foram formando a minha personalidade musical.

Nos bares, tocava muita MPB e B-Rock, mas, em casa, sempre tirava cada vez mais e mais o blues e alimentava a vontade de montar uma banda só de blues. Engraçado, desde moleque eu já tinha o nome da minha futura banda de blues na cabeça: DESTILARIA...
Mas esse sonho ficou mais um tempo reprimido, tempo em que gravei um autoral de rock nacional CD com a banda BR-80 (“Sonhos Arquitetados – 2001”), que foi lançado de forma independente. Passada essa fase, eu já não conseguia mais ficar longe do blues e não deu jeito, a DESTILARIA tinha de sair do papel.... rs

Em 2004, chamei os amigos Ronaldo Januário (gaita) e Bruno Leiroza (guitarrista da banda Velho Joe e ex-companheiro na BR-80) e resolvemos botar a DESTILARIA na rua. Marcamos umas datas para fazer um blues acústico num bar só de blues que havia na Lapa (bairro no Centro do Rio), chamado Twenty Pounds Blues Bar. Assim surgiu a banda que segue até hoje ...."


TB: Você é Carioca e está em São Paulo há pouco tempo. Quais as diferenças do cenário blues entre as duas cidades?

LV: "Na verdade, atualmente, são cenários bastante semelhantes. Aqui em Sampa o cenário está muito bacana e o clima das pessoas é muito semelhante ao do Rio. Há uma congregação e amizade muito forte entre as bandas, e isso é muito fundamental para a divulgação do estilo e dos trabalhos de cada um. Black Coffee, Bimbolls Brothers, Summan Brothers, Marafa Blues, Eletric Muddy, entre outras, estão fazendo trabalhos muito legais, abrindo bastante espaço para shows e atraindo um público significativo para os seus shows!

No Rio, hoje, temos um cenário super bacana também! Principalmente, por força da BANCA DO BLUES – www.bancadoblues.com -, capitaneada pelos meus amigos Paulo Vanzilotta e Denise do Amaral, que é um espaço para shows, toda sexta-feira, em pleno Centro do Rio de Janeiro, numa banca de jornal. Só que com um som profissional, segurança e tranqüilidade, com um público médio de 200 pessoas por noite e muito espaço para a divulgação do estilo e das bandas. Na Banca já tocaram músicos renomados do blues nacional como Big Gilson, Maurício Sahady, Rodrigo Nézio, entre outros, e várias bandas que hoje se destacam no cenário carioca como a Mamute, Like a Rolling Stones, Velho Joe, Bandanna Blues,Zanata & Blues Trio, entre outras várias.

Claro que, tanto Rio quanto São Paulo carecem ainda de melhores espaços para o blues e mais apoio para as bandas. Isso no Rio ainda é mais claro, pois são alguns pouco lugares para shows, e sempre os mesmos (Banca do Blues, Bar do Frank, Dragon Jack, em Niterói, e mais dois ou três). E o pior é que os donos dos outros bares não vêem que existe público para o blues. E um público fiel! Mas, enfim, essa é a nossa luta: abrir espaço para a nossa música e continuar, cada vez mais, a unir as bandas, sem competição, para que haja espaço para todos!!!"

TB: O que você procura com sua música?

LV: "Objetivamente: me conectar com as pessoas. A meu ver, a música é forma de expressão mais linda que existe. E também a melhor forma de exprimir sentimentos e fazer amigos.

Tocando um instrumento e cantando você não tem como se esconder. Você fica absolutamente exposto e mostra quem você é. Outra coisa genial é ver como a música de cada um é única. Eu posso tocar as mesmas notas que você, mas cada um tem o seu jeito e sua abordagem, e isso faz com que a música seja ao mesmo tempo única e universal. "

TB: Conte o que estar no palco? Quais sua preocupações enquanto você está tocando?

LV: "O palco é, sem dúvida, o melhor lugar do mundo! Sinceramente, quanto estou tocando, normalmente, eu me “desconecto” um pouco desse mundo, cara. É um prazer inenarrável. Claro que é sempre importante ter um bom som geral, para que você ouça bem cada parte da banda, uma voz bem passada, uma guitarra bem timbrada, mas, passada esta fase... é só aproveitar! rs"

TB: Quais são seus projetos atuais?

LV: "Apesar de estar morando em São Paulo, a DESTILARIA continua firme e forte! A banda toca um blues-rock autoral, com letras em português, mescladas com clássicos do blues e do rock´n roll. Meus comparsas, amigos e irmãos da DESTILARIA são: Maurício Fernandes (guitarrista também da Bandanna Blues e do Garganta Seca), Sergio Gullo (bateria) e Ramon (baixo). Para mais informações da banda, mp3 e vídeos, Clique aqui .

O próximo show da DESTILARIA está marcado para o dia 29.05 (sexta-feira), na Banca do Blues, no Rio, onde faremos uma grande festa para comemorar o meu aniversário, com várias canjas de amigos da banda. Depois, devemos iniciar o processo de gravação do nosso CD, já que temos bastante material autoral pronto para registro!!!

Além da DESTILARIA, tenho um duo de blues em São Paulo, guitarra e gaita, com o meu irmão paulista Oswaldo Moraes (gaitista da Black Coffee). Fizemos a nossa estréia juntos em Março e breve teremos mais shows. O clima do duo é de muito improviso em cima dos clássicos do blues.
Estou ainda montando uma banda em São Paulo que em breve estará na rua também. Enfim... várias atividades, afinal o BLUES NÃO PODE PARAR!!!"

TB: Leo, muito obrigado pela sua contribuição no Blog. Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

LV: "Terremoto, meu caro, quero agradecer o convite para falar aqui no blog. Acompanho seu trabalho há muito tempo, sempre lendo as boas entrevistas e os achados musicais deste espaço (Francini Bessi, Leo Lobão da Mamute, entre outros). Enfim... muito obrigado pelo espaço e pelo carinho.

Quero ainda agradecer aos meus amigos e irmãos do blues (cariocas e paulistas). A galera da DESTILARIA (Maurício, Serginho e Ramon), Anna Carla e Claudio Guerreiro (Bandanna), Paulo e Denise (Banca do Blues), Zanata e Blues Trio, Oswaldão, Bel e Marcião (Black Coffee), Ale Rossi e Frank (Bimbolls), entre outros. O melhor da música são os amigos!

E, em breve, estaremos na área, com mais blues e boa música para todos nós!!! Paz a todos nós!!!"


(Blues da Solidão(música própria) – DESTILARIA)


(DESTILARIA E BIG GILSON - Dimples)

Um comentário:

Chico disse...

Muito legal o Leo Ventura e o Roberto Terremoto, tive o prazer de tocar com eles no Soulive, um dia muito feliz pra mim. Excelente blog, parabéns!