domingo, 11 de janeiro de 2009

Mestre das seis cordas com Társio Sagges Venâncio

O blog está sempre em busca de talentos nacionais e desta vez temos a felicidade de bater um papo com o Társio Sagges Venâncio, que é um guitarrista de Barueri, cidade pertencente ao Estado de São Paulo.

O Tarcio explora muito bem o Soulth Rock e o Blues malandro de Chicago, seu som possui uma característica própria e um timbre incrível.

TB - Ser canhoto dificultou seu aprendizado? É fácil encontrar bons instrumentos para canhoto ou você usa guitarra de destro invertida?

TSV - "Ganhei meu primeiro violão em 1998, usado e destro, um modelo de cordas de nylon da Giannini, nem um pouco recomendado aos blueseiros... rs. E logo de cara percebi que não conseguiria tocar como destro (embora eu escreva com a mão direita).

Num primeiro impulso virei o violão ao contrário e me senti muito mais confortável para tocar, porém quando levava o violão ao colégio não conseguia fazer os mesmos acordes que o pessoal que tocava fazia (pois as cordas estavam para destro, num violão para canhoto, ou seja de cima para baixo das finas para as grossas).

Quando eu descobri que podia inverter as cordas o problema se resolveu permanentemente. Então diferentemente do Albert King e Otis Rush, eu toco com as cordas invertidas também para canhoto.

Com o tempo (e um pouco mais de experiência) aprendi que preciso de guitarras canhotas devido à funcionalidade e até mesmo a estétic. Guitarras canhotas são realmente mais difíceis de se encontrar, principalmente aqui no Brasil, mas com o tempo, paciência e muita procura consegui montar um set com o qual estou satisfeito, no qual todas as guitarras e violões são canhotos. A única desvantagem é que eu sempre preciso levar o meu instrumento para qualquer lugar em que eu queira tocar..."

TB - Sei que você tem paixão por instrumentos e amplis, como surgiu esta paixão e quais os brinquedos da sua coleção, que você gosta mais?

TSV - "Certa vez num programa de carros vi uma frase marcante, que diz que "os meninos nunca crescem, só os preços e tamanhos de seus brinquedos". Acho que essa frase vale também para guitarras e guitarristas. Eu não tenho um instrumento predileto, pois procuro usar de acordo com necessidade da banda ou música.

Na Marafa Blues Band, banda na qual toco utilizo uma guitarra Stratocaster (como utilizam Robert Cray e Eric Clapton) para músicas do Howlin Wolf e Albert Collins. Como não gosto de tocar slide com a Stratocaster, uso também uma semi-acustica 335, que é uma guitarra bluesy perfeita para a tocar british blues e slide.

Toco também num projeto tributo aos Rolling Stones chamado Banda Hot Rocks, na qual utilizo uma SG ou Les Paul em músicas como Gimme Shelter e It's Only Rock and Roll, e como na podia faltar uma Telecaster afinada em Open G (afinação usada por Keith Richards e que possibilita "aquele som" único dos Rolling Stones)."

TB - Hoje você está tocando na Marafa Blues, que tem um outro guitarrista incrível, o Cláudio Crotti. Como é trabalhar com outro guitarrista que também toca slide? E como fazer os sons das guitarras soarem tão distintas, sendo que elas estão plugadas diretas nos amplis?

TSV - "Acredito que em uma banda é necessário que os músicos ouçam bem em primeiro lugar, e depois toquem. Assim é mais fácil moldar o som de uma banda. Na Marafa Blues não é diferente, e embora o Claudio e eu sejamos um pouco "pedreiros", nós tentamos tocar apenas o que a banda pede e nada além disso, pois antes de tudo temos muito respeito pelo blues. Embora nós 2 toquemos slide e solos, nós sempre tentamos tocar algo diferente um do outro, e em muitos casos eu abaixo bem o volume da guitarra e a banda soa só com o Claudio, e vice-versa. E essa atitude vale para toda a banda, então a Marafa Blues soa bem concisa, sem exageros. Então estou satisfeito (e eu geralmente sou o chato da banda, que fica no pé de todo mundo... rs), pois a banda soa exatamente como queremos que ela soe."

TB - Sei que você busca a perfeição nas execuções das musicas, assim como a qualidade sonora. Como um bom detalhista, você cobra muito de você mesmo e dos seus companheiros de banda, para que o som saia o mais perfeito possível? Isso é uma qualidade aceita por todos os integrantes das bandas que você toca ou já tocou?

TSV - "Eu não diria que eu sou detalhista, mas me considero muito purista no que se refere ao blues. Gosto e ouço demais Chicago Blues, e gosto da maneira como aquelas bandas soavam, aonde cada músico tocava um pouquinho e era um som cheio. Você escuta isso nos discos do Howlin Wolf e do Little Walter. Então sou reconhecido por ser chato, e me cobro e cobro da banda mesmo!! Rsrsrs...

Me critico e critico a banda também, da mesma maneira que também elogio e reconheço quando o trabalho ficou legal, pois é muito gratificante. Mas quem me conhece e toca comigo sabe que eu sou pego no pé mesmo, mas que é sempre pelo bem do som da banda e sempre com muito respeito. E outra, depois dos ensaios a gente vai tomar uma cerveja e esfria a cabeça.

A amizade é muito importante numa banda."

TB - Társio, é um grande prazer ter você no Blog. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

TSV - "Roberto, foi uma grande honra participar. É impressionante a quantidade de informações, entrevistas, vídeos e materiais sobre Blues reunidos aqui no blog. Acho muito importante reunir as pessoas que se familiarizam com o blues e o classic rock, pois tem muita gente boa tocando nos bares por ai. Eu só tenho a convidar quem gostar de blues para conhecer o www.myspace.com/marafablues , e aos fãs dos Rolling Stones para conhecerem o www.myspace.com/bandahotrocks."

Escute:

2 comentários:

Hohmer disse...

O Tarsio é o "chato" na medida certa é um cara que se preocupa demais com o som da banda e contribui demais para ela, além de tocar muito bem, com toda certeza é o novo maestro da Marafa Blues, fico feliz de tocar com dois guitarristas de responsa, Parabéns Mano....

abraços

Crotti disse...

Realmente o Társio é o chato da banda. E se não fosse por ele, eu tenho certeza de que a Marafa não conseguiria alcançar seus objetivos.
Vale ressaltar que o cara é uma verdadeira enciclopédia sobre música.
Muito legal a entrevista Robertão.

Grande abraço