terça-feira, 29 de abril de 2008

Cozinha do Blues com Paulo Krüger

Temos aqui um músico de muita qualidade, que passou do altar da igreja até chegar nos palcos do Blues.

Paulo Krüger é o baixista da banda Craker Blues, e veio nos contar um pouco da sua trajetória pela música, além de falar da importância do baixo no Blues.

TB: Sei que você é um baixista competente, pois já assisti vários shows da Cracker Blues, mas o que eu quero saber é, como você fez para chegar até aqui? Como você veio parar no Blues? Qual sua trajetória musical?

PK: "Bem, tudo começou em 1975, quando ganhei um violão “Trovador Giannini nº 1” do meu pai, e daí comecei a estudar música e a tocar na igreja local, naquela época não tínhamos padre Marcelo, mas tínhamos o padre Zezinho (rsrsrs). Na primeira visita do Papa a São Paulo, na missa do Campo de Marte, o menininho da guitarra era eu (rsrsrs).

O tempo foi passando e comecei a acompanhar o Coral Eucarístico Comunicação de São Paulo. Era um coral-show, que se apresentava em várias capitais. Foi uma época muito importante para mim, imagine uma criança com 12 anos de idade pegando guitarra, ampli, enfiando num buzão, recebendo cachê e indo fazer show pelo interior. Com o passar do tempo alguns membros do coral formaram uma banda de música tradicional italiana que se chamaria Cannori D’ Itália Show. Esta, acabou se transformando em uma banda de baile, pois fazíamos seleções de boleros, sambas, românticas, carnaval, etc. Também fizemos muitos shows junto com a orquestra do saudoso maestro Agostinho Záccaro (o italianíssimo).

Paralelamente às festas italianas e aos bailes, sempre tive minhas bandas de rock, e foram várias: Contra Mão, Urânio 235, Conexão Brás, Zuruó e Banda Função e talvez a principal delas a Tio Krüger, banda que durou quase 10 anos no underground com o desafio de fazer rock em português.

Há um ano e meio atrás fui convidado a integrar a Cracker Blues e estou muito feliz por ter entrado na família do Blues."

TB: Na sua opinião, qual é a importância de um baixista no blues?

PK: "Blues é pulsação e o baixo é o responsável por manter esta marcação e dar o suporte harmônico para os demais componentes.

Se a base está precisa e cheia, a música flui e a banda se sente segura.

Portanto, a principal responsabilidade de um baixista em uma banda de blues é a de fazer o meio de campo e a zaga. Um zagueiro pode até fazer um gol de vez em quando, mas a sua função é não deixar a bola passar."

TB: No blues elétrico, o baterista e o baixista são a alma do blues. O que um baixista deve ter para que o som fique perfeito?

PK: "Olha, errar todo mundo erra. Uma nota errada em um solo pode soar desagradável, mas se o solista for habilidoso, consegue consertar e “cair de pé”, com a base, isso é mais complicado. Se um baixista se distrai, começa a pensar na vida, nas dívidas, no pneu careca e na hora de ir pro 5º grau vai para o 4º... ferrou!!! Não tem como disfarçar. Desestabilizou a banda. Concentração é essencial, por mais fácil que possa parecer a linha a ser tocada. Outro detalhe importe é “timbrar” o instrumento. Um som grave e “gordo” soa poderoso, porém os médios e os agudos também merecem atenção senão não conseguimos definir as notas e o som vai ficando enjoativo. "

TB: Quais as dicas que você pode dar aos futuros baixistas?

PK: "Bem, devido à versatilidade do instrumento, acredito que um baixista deve se preocupar em ouvir de tudo, sem preconceitos. É claro que existem estilos com os quais nos identificamos mais, mas é importante “abrir os ouvidos”. Tomar cuidado com a postura ao tocar. Uma postura correta evita tendinites, dores nas costas e proporciona boas execuções. E a última dica que eu daria seria quanto ao instrumento a ao equipamento. Quando comecei a tocar, além de caros, eram raros os instrumentos disponíveis no mercado nacional que possuíam um padrão aceitável de qualidade. Hoje em dia, com R$600,00 você consegue adquirir um contrabaixo razoável com o qual poderá entrar em qualquer “gig” , porém ele tem que estar bem ajustado (braço, ação das cordas, trastos e parte elétrica). Utilizar bons cabos blindados de preferência com malha trançada para evitar interferências e revisar constantemente o amplificador (válvulas bem encaixadas, potenciômetros limpos e alto falantes adequados). "

TB: Krüger, muito obrigado por participar do Blog. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

PK: "Gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa de criar um blog voltado ao blues e é claro, fiquei muito feliz em dar a minha contribuição.

Aproveito este espaço também para agradecer aos meus companheiros da Cracker Blues que têm proporcionado um ambiente muito propício à criatividade e ao experimentalismo e à minha família, em especial à minha esposa Vera e ao meu filho Eric que muito me incentivam a continuar nos caminhos do blues."



Veja mais:
- Cracker Blues

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande Paulão, além de um p. baixista é o melhor descobridor de "butecos" do centro que eu conheço.

Grande cara, parabéns pelo sucesso!

alefrata disse...

Salve Krüger! Quer dizer que você tocou na missa do Papa?

Todo blueseiro que se preze, a exemplo de BBKing, passou pela igreja.

Muito boa a entrevista.

Abraço

Ale Frata

Marceleza Bottleneck disse...

É isso ai Kruger, ainda bem que tu é nosso bass man, abralhos

Marceleza