terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Gaita não é Brinquedo com Gaspo "Harmônica"

Pois é, graças a pessoas como esta é que o Blues em português vai ganhando mais força.
Gaspo "Harmônica" é um gaitista, cantor e compositor, e faz do Sul do Brasil um pedaço de Chicago, fazendo um som de primeira qualidade.

TB: Além de gaitista você é compositor. Como é seu processo de composição? Onde você encontra os temas paras suas letras? Qual a melhor letra que você fez até hoje?
GH: "Não sei se tenho um processo, acho estou sempre procurando por um, ou talvez eu use diferentes processos, eu realmente não sei.

Quando vou compor um blues, geralmente penso primeiro na estrutura da música, fico tocando ela e deixo a letra chegar. Eu raramente escolho um tema, ele simplesmente faz uma aterrissagem sobre os acordes do violão... deixo a escolha para o meu subconciente. É difícil dizer qual a melhor letra que fiz, até porque o coneceito de melhor é muito relativo...

As vezes me apaixono por uma música porque ela diz tudo que sinto em um determinado momento e quando passa o que estou sentindo fica difícil continuar gostando dela (são como mulheres hehehe). Posso dizer que tenho algumas preferidas, "Adeus amor, Adeus Querida" (está no meu 2º disco), eu gosto muito, ela fala de um cara que não aguenta mais a mulher e tenta de todas as maneiras ficar com ela, mas não tem como... Gosto também de "Uma canção folk", como o próprio nome diz, ela tem uma levada folk, e um tema um pouco mais existêncial.

Gosto de outras que ainda não foram gravadas e que também vão mais pro lado do folk... Mas atualmente confesso que minha paixão do momento é o "Blues dos 28", um single que estou lançando apenas virtualmente, a letra me diverte e me sinto bem enquanto canto, gosto da métrica dela, e ao mesmo tempo ela significa uma mudança no meu jeito de cantar, exprimentei uma tonalidade diferente e tive resultados positivos que mudaram a minha forma de pensar como vocalista."

TB: Como é a aceitação do blues em Português no Sul?

GH: "Me parece boa, acho que esse lance de blues em português e blues e inglês é uma questão que preocupa mais os próprios músicos. O público quer escutar boa música, quer se emocionar, quer sentir alguma coisa diferente... E é difícir dar isso a eles em qualquer língua, mas você pode cantar até em javanes e emocionar o público, acho que o idioma em que você canta é só um dos fatores da música. "

TB: Quais são os seus projetos hoje?

GH: "Tem muita coisa na minha cabeça, o ano está começando e eu estou tentando fazer com que elas virem realidade. Estou produzindo em parceria com os músicos Adrian Flores e Solon Fishbone um disco do Guitarrista americano James Wheeler. Gravamos com ele em 2006 aqui em porto alegre, o disco ficou engavetado um tempo e agora resolvemos colocar ele na rua.

Também estou me preparando pra gravar o meu 1º em carreira solo e também 1º disco elétrico (os dois que tenho são acústicos em parceria com o violonista Oly Jr.), fiz muitos amigos no mundo do blues e pretendo fazer um disco com muitas participações. Além disso tenho dedicado muito do meu tempo a uma parceria com o músico e produtor argentino Adrian Flores. Junto com ele tenho produzido turnês pelo sul do brasil com artistas Norte-Americanos tais como Phil Guy, Magic Slim, Eddie C. Campbell, James Wheeler entre outros.

Tocar com essa gente toda que bebeu da fonte do blues é um aprendizado único, e pretendo seguir aprendendo."


(Gaspo "Harmônica" e Phil Guy)


TB: Como você encontrou o Blues e a gaita?

GH: "Conheci os dois através do meu irmão, eu cresci no interior de Santa Catarina mas meu irmão morava em Porto Alegre, ele tcava violão e curtia um som a fudê, toda aquela galera dos anos 60, Jethro tull, Led, pink, Doors, Rush... Ele tinha uma coleção de discos Vinil, que além de rock tinha muita coisa de blues e jazz, mas eu não me ligava muito nisso na época. Um dia ele estava tocando violão no quarto, agente dividia um apartamento em chapecó, eu tinha na époaca 15 anos, bem, ele estava lá tocando violão e eu disse que queria tocar algum instrumento que eu pudesse carregar junto comigo, fazer um som com outras pessoas, (eu tocava piano clássico na época) ele puxou uma gaita velha de cima de um armário e me disse:

"- Toca essa gaita então..."
E eu toquei, não era uma gaita de blues, era uma gaita mais popular, serve pra fazer sei lá que tipo de som, mas eu curti igual, fiquei amigo dela hehehe... Comecei a me interessar mais por Jethro tull, porque nos discos deles sempre tinha alguma coisa de gaita, aí descobri que em seus primeiros discos eles tocavam alguma coisa chamada Blues, falei com meu irmão e ele me mostrou um disco do Muddy Watters, aí ferrou tudo de vez..."

TB: Man, muito obrigado, e agora deixo para você um espaço para seus comentários finais.

GH: "Em primeiro lugar quero agradecer ao Roberto pelo espaço, e pelo importante trabalho de divulagar o blues e principalmente os artistas independentes.

Quem vive da música sabe o quão difícil é, a maior parte do tempo agente fica sonhando e batalhando, aguardando um curto momento de realização. É o preço que pagamos pela nossa liberdade, pelo nosso direito de sentir e de se expressar da forma que desejarmos.

Um forte abraço a todos os colegas músicos e artistas, e, um parabéns e um muito obrigado a todos aqueles que buscam algo mais além das imposições da mídia e que nesse momento estão lendo essas palavras."
Escute e saiba mais:

Um comentário:

Claudio Ribeiro disse...

Ae, irmão !

Cara, ouvi o som do Gaspo, no disco
Na capa da gaita é é um puta gaitista, alias o cd inteiro é muito bom...

ta mandando bem nas entrevistas, hein Bro ?

parabéns