O que muita gente não sabe é que em uma Banda de Blues, os maiores responsáveis pelo som são o baterista e o baixista, a “cozinha” da banda. Com uma “cozinha” bem entrosada, a Banda tem uma som inacreditável, envolvente e com as características esperadas de um bom blues.
Tenho aqui para vocês um dos melhores baixistas de Blues do Brasil, um cara que sempre está disposto a mostrar do que um blues é realmente feito.
Renato, mais conhecido como “Limão”, é um músico singular. Dono de um groove fantástico, que faz você acreditar que o blues é eterno.
Tenho aqui para vocês um dos melhores baixistas de Blues do Brasil, um cara que sempre está disposto a mostrar do que um blues é realmente feito.
Renato, mais conhecido como “Limão”, é um músico singular. Dono de um groove fantástico, que faz você acreditar que o blues é eterno.
TB: O que te levou a escolher o contrabaixo e o Blues?
RL: “O contrabaixo é um instrumento traiçoeiro. Você não o escolhe, é escolhido por ele.
Não sei dizer o que me levou a escolher o bass, mas comecei com ele, nunca toquei guitarra ou violão antes de começar nas freqüências graves. Tinha 11 anos de idade quando ganhei meu primeiro instrumento. Já o blues é algo que apesar de não saber explicar o porque dessa paixão, ao menos consigo saber um pouco dos motivos que me levaram a apreciar a música negra norte-americana. Meu pai trabalhava no mercado fonográfico e desde pequeno tive acesso a muito material, na época ainda LP's. Em casa rolava muito Ray Charles, Commodors, Wilson Pickett... Ouvia aquilo e o suingue das vozes negras me impressionava.
Foi então que descobri em meio aos discos que chegavam em casa uma coleção que "cantava" a história do blues. Me apeguei aquilo e quando vi era um moleque que pesquisava musica negra norte-americana. Algum tempo depois, a TV cultura passou a exibir o festival Nescafé 'n Blues, que fez com que eu conhecesse outras pessoas que também gostavam daquele som, e que eu podia conversar sobre o que tinha visto. A partir daí não parei mais. A bola de neve só cresceu, a pesquisa aumentou, as pessoas se aproximaram e hoje o blues e o contrabaixo são partes essenciais do Limão.”
RL: “O contrabaixo é um instrumento traiçoeiro. Você não o escolhe, é escolhido por ele.
Não sei dizer o que me levou a escolher o bass, mas comecei com ele, nunca toquei guitarra ou violão antes de começar nas freqüências graves. Tinha 11 anos de idade quando ganhei meu primeiro instrumento. Já o blues é algo que apesar de não saber explicar o porque dessa paixão, ao menos consigo saber um pouco dos motivos que me levaram a apreciar a música negra norte-americana. Meu pai trabalhava no mercado fonográfico e desde pequeno tive acesso a muito material, na época ainda LP's. Em casa rolava muito Ray Charles, Commodors, Wilson Pickett... Ouvia aquilo e o suingue das vozes negras me impressionava.
Foi então que descobri em meio aos discos que chegavam em casa uma coleção que "cantava" a história do blues. Me apeguei aquilo e quando vi era um moleque que pesquisava musica negra norte-americana. Algum tempo depois, a TV cultura passou a exibir o festival Nescafé 'n Blues, que fez com que eu conhecesse outras pessoas que também gostavam daquele som, e que eu podia conversar sobre o que tinha visto. A partir daí não parei mais. A bola de neve só cresceu, a pesquisa aumentou, as pessoas se aproximaram e hoje o blues e o contrabaixo são partes essenciais do Limão.”
TB: Qual a maior dificuldade para se tocar blues hoje no Brasil?
RL: "Profissionalismo e divulgação. Profissionalismo de todos os lados, das bandas, dos bares, dos produtores e dos que se dizem produtores.
Não consigo ver lógica em como é possível ter um festival com um grande público no interior do Ceará, mas não se consegue atrair 100 pessoas para um bar em São Paulo que é um lugar de mais de 16 milhões de pessoas.
Tenho tocado bastante em bares no Brasil inteiro que são muito profissionais, investem em divulgação e sabem trabalhar com as bandas; o resultado é sempre casa cheia. O circuito do SESC é outro exemplo, não importa o artista, sempre grande público. Ou seja, aonde há profissionalismo e divulgação, existe o blues fazendo as pessoas dançarem. E não estou nem falando de "divulgação institucional" do blues, não; em deixá-lo um ritmo conhecido. É divulgação dos shows, mesmo, dos eventos. O problema é que divulgação, mesmo em tempos de internet, custa caro, além de poucos saberem direito o que fazer.
RL: "Profissionalismo e divulgação. Profissionalismo de todos os lados, das bandas, dos bares, dos produtores e dos que se dizem produtores.
Não consigo ver lógica em como é possível ter um festival com um grande público no interior do Ceará, mas não se consegue atrair 100 pessoas para um bar em São Paulo que é um lugar de mais de 16 milhões de pessoas.
Tenho tocado bastante em bares no Brasil inteiro que são muito profissionais, investem em divulgação e sabem trabalhar com as bandas; o resultado é sempre casa cheia. O circuito do SESC é outro exemplo, não importa o artista, sempre grande público. Ou seja, aonde há profissionalismo e divulgação, existe o blues fazendo as pessoas dançarem. E não estou nem falando de "divulgação institucional" do blues, não; em deixá-lo um ritmo conhecido. É divulgação dos shows, mesmo, dos eventos. O problema é que divulgação, mesmo em tempos de internet, custa caro, além de poucos saberem direito o que fazer.
Bares querem sempre ganhar em cima da banda, e muitas vezes as próprias bandas não tem maturidade o suficiente para se portar com profissionalismo e exigir o mesmo. Agora a boa notícia é que a mentalidade está mudando, e em grande parte puxado pelas bandas. Tanto as consideradas "top", quanto as que ainda estão crescendo, começam a ter à frente pessoas pensando mais profissionalmente no blues. Agindo de forma mais profissional e exigindo o mesmo. Todos ganham!"
TB: Além de estar tocando com a banda maravilhosa do Robson Fernandes, você está com outros projetos?
RL: "No momento não. Infelizmente a correria do dia-a-dia não permite que eu consiga me dedicar a mais de um projeto. Tocar com o Robson é uma experiência incrível. Ele é um músico fantástico, o Vitor é o melhor baterista que já toquei em minha vida e o Danilo é um dos poucos guitarristas que conheço que possui um respeito quase religioso pela linguagem do blues. Fora que a energia que o Robson provoca quando está tocando é algo absurdo, e isso se erradia pelo palco e conseqüentemente pelo público.
RL: "No momento não. Infelizmente a correria do dia-a-dia não permite que eu consiga me dedicar a mais de um projeto. Tocar com o Robson é uma experiência incrível. Ele é um músico fantástico, o Vitor é o melhor baterista que já toquei em minha vida e o Danilo é um dos poucos guitarristas que conheço que possui um respeito quase religioso pela linguagem do blues. Fora que a energia que o Robson provoca quando está tocando é algo absurdo, e isso se erradia pelo palco e conseqüentemente pelo público.
Com dor no coração eu deixei um dos projetos mais bacanas que já embarquei na minha vida, a Los Mocambos. Foi uma banda que em um relativo curto espaço de tempo conseguiu feitos incríveis como bater o recorde de lotação do Bourbon Street com 606 pessoas. Tínhamos uma proposta muito bacana de "catequizar" o nosso público que era muito jovem no blues. E ver aquela molecada de 17 a 19 anos descobrindo a origem de toda a musica negra norte americana, dançando e se divertindo com aquilo era "priceless".
TB: Para um baixista que está querendo iniciar no Blues, quais caras você indicaria para ele escutar ?
RL: "Putz, a lista é grande, mas alguns nomes seguramente são indispensáveis.
RL: "Putz, a lista é grande, mas alguns nomes seguramente são indispensáveis.
Em primeiro lugar o gênio Willie Dixon.E não só para baixistas, Willie Dixon é uma aula de blues para qualquer um que já ouça ou que esteja começando a ouvir o blues. Grande músico, com harmonias surpreendentes. Ouvi-lo e prestar atenção em por onde vão as notas de seu contrabaixo acústico, seja em um slow ou seja em um shuffle, é uma aula de música. Além disso, ele foi um dos primeiros homens a colocar o contrabaixo no centro do palco, a ser um baixista band leader. Dono de uma voz incrivelmente marcante, compunha com maestria e possui grandes clássicos de sua autoria. Além de tudo ainda era conhecido pela sua malandragem e por ser um grande "businessman".
Outro baixista indispensável para quem está começando é Donald "Duck" Dunn. Com um groove bastante forte da soul music, ele possui uma musicalidade incrível. Gravou com diversos artistas, incluindo Muddy Waters, e era a alma do MG's, a banda que acompanhava o Booket T.
Por fim, todo mundo que está iniciando tem que ouvir Johnny B. Gayden. Ele ajuda a demonstrar as possibilidades do baixo na cozinha do blues. Acompanhando o rei da telecaster Albert Collins, ele mostra que nem só do timbre de um fender vive o blues e elementos inusitados como o slap podem ser incorporados a linguagem (se bem que ele é o UNICO baixista na história que tem propriedade e pode ousar puxar uma corda tocando blues; se é que vocês me entendem). Ah sim, como tenho uma sina em acompanhar gaitistas, não posso deixar de citar um nome indispensável de um cara que todos devem conhecer: Larry Taylor. O descobri através do Kim Wilson, formando uma das melhores cozinhas que já ouvi (Larry Taylor e Richard Innes)."
TB: Limão, você é uma pessoa singular pois sempre está pronto para ajudar as pessoas, e eu sei bem disso, pois perdi as contas de quantas vezes você tocou comigo para substituir meus baixistas. Então deixo aqui um espaço para seus comentários finais.
RL: "Em primeiro lugar, fico muito feliz de ter recebido o convite e de poder colocar minhas palavras neste espaço. Você com certeza é um dos caras que sabem levar o blues a sério. Além de ser um grande guitarrista e um exímio letrista. Se houvessem mais pessoas assim, metade daquela minha resposta na segunda pergunta perderia o sentido. Parabéns não só pelo blog, mas por todo seu trabalho nos palcos e nos bastidores!
Continuarei sempre ajudando as bandas e os amigos em tudo o que estiver ao meu alcance. Uma porque é sempre um prazer tocar com quem você se sente bem, e outra porque adoro tocar com pessoas diferentes. Sentir outras vibrações, ver como seu som se comporta, tudo é um aprendizado. Mas o mais importante é que seguramente nós temos que nos unir. Acima de tudo o blues é uma paixão. Se nós aprendemos a respeitar e buscamos entender esse sentimento, não há o porque não compartilhá-lo.
Aproveito o espaço ainda pra deixar um grande abraço a todos os baixistas de blues do Brasil."
Limão, você é uma pessoa maravilhosa, gostaria que o Blues fosse formado por músicos iguais a você. Paz e Blues.
Veja:
- Robson Fernandes Blues Band - Banda que o Limão faz parte.
- Video 2
- Video 3
2 comentários:
Assino embaixo principalmente quanto ao profissionalismo e a divulgação.
O quanto vc gosta de blues é o quanto vc quer fazer disto um meio de vida, o resto é melancia no pescoço!!
Abs
Rodrigo
Blues On the table
Valeu Rodrigo!!!
Bela inspiração pra fazer uma gig com o Robson lá em Criciuma.
Por aqui tbem estamos plantando a semente com a Tiffany e outros projetos do gênero.
Grande abraço ao Limão e a "equipe" do Terremoto!!!
Bacca
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