quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cozina do Blues com Wagner Vasconcelos

Do maracatu ao blues, Wagner Vasconcelos, mostra toda sua versatilidade na música. Um baterista que apesar de sua pouca idade, 21 anos, já é um profissional, dando aulas e trabalhando como músico contratado, além de fazer um trabalho inacreditável com a Black Coffee.

A mistura de outros ritimos ao blues é algo notável no seu som, isso faz com que sua música fique mais rica e agradável.

Aconselho aos amantes da boa música assistir este mestre tocando ao vivo, pois realmente é algo fantástico.

TB: Você é um músico com muito tempo de estrada, e relativamente pouco tempo no Blues. Como você conseguiu se adaptar rapidamente ao estilo?

WV: "Meu ingresso no blues deve-se inteiramente à Black Coffee. Foi uma escola tocar com eles, tirar o repertório, tocar nos festivais, emissoras de televisão e em casas de shows voltadas ao blues. A Marafa Blues também foi uma grande influência, foi a primeira banda de blues de verdade que vi ao vivo e tive oportunidade de acompanhar grandes momentos com eles. Acho que a melhor maneira de se adaptar a um estilo é tocando ao vivo, “dando a cara à tapa”, por que assim você se preocupa de verdade com o som que você tira do instrumento e todo seu desempenho. Outra coisa fundamental é tocar com pessoas diferentes, para saber como construir seu som a partir das peculiaridades sonoras que cada músico tem. E sempre que surge uma oportunidade estou tocando um blues com a galera."

TB: Qual a maior dificuldade de se tocar o Blues?

WV: "Para entender e reproduzir as mesmas notas, as mesmas levadas ou a mesma idéia pode ser simples. Mas fazer com que isso tenha a “pressão” que o blues exige é complicado. Seria “empurrar” a banda toda ao mesmo tempo em que não sai do lugar, entende? Ficar naquela levada, tocando as mesmas notas, mas ao mesmo tempo você sente o som crescendo, sente a sinergia rolando. Coisa que só o Blues tem. É isso que eu busco no meu som ultimamente. Ta sendo bem difícil...rsrs"

TB: No blues o entrosamento da bateria e do baixo é fundamental, então quero saber quais as principais características de um baixista, para que o seu som fique completo?

WV: "Gosto de tocar com todo mundo. Acho que sempre aprendo algo novo quando toco com um baixista diferente. Mas prefiro aqueles baixistas que ouvem o que está acontecendo com a música no exato momento em que estão tocando e criam algo para somar no som. Acho interessante quando o baixista conhece harmonia, pois assim ele escolhe as notas com um sentido mais profundo. E melhor ainda quando além da harmonia ele sabe tocar diversos ritmos além do blues, como o jazz, country, mambo, cha-cha-cha e os ritmos brasileiros que é a nossa música, nossa cultura e têm que ser tocados por nossos músicos. Acho lindo quando o cara sabe tudo isso. Você nunca fica tenso tocando. Aquele pensamento “Meu Deus, e agora, pra onde essa música vai???” nunca vem com esses baixistas...rsrsrs."

TB: Já vi muitos shows da Black Coffee, e acho fantástico quando você adiciona ao Blues elementos de outros estilos. Como você faz isso? Tem a hora certa para esta mistura?

WV: "Eu sempre gostei de tocar vários gêneros de música e adoro muito a nossa música brasileira, que é a mais “swingada” do mundo. Praticamente me realizo tocando maracatu, ijexá, coco, frevo e de certa forma tenho uma tendência a tocar solto, sem ficar segurando a mesma levada a música inteira. Assim, acabo misturando vários ritmos na mesma música, quando tenho a liberdade de improvisar.

Só que o Blues já tem uma cozinha mais marcada com variações mais sucintas e discretas, com o baixo e a bateria caminhando juntos para dar uma sustentação para a melodia. Por sorte encontrei na Black Coffee músicos de “cabeça bem aberta”, que sempre me deram liberdade para tocar no estilo que toco. A partir de então, tentei aliar minha maneira solta de tocar à linguagem do blues.


A “hora certa” de misturar é a hora que seu coração manda. Na maioria das vezes não tem nada planejado, é simplesmente improviso. Você vai ouvindo uma idéia aqui, toca outra ali, interage, até chegar uma hora que a emoção te carrega e te joga dentro de um outro universo musical e você tenta achar os pontos em comum entre os ritmos (para não ficar muito drástica a mudança) e acaba rolando essa fusão."
TB: Muito obrigado pela sua grande ajuda. Gostaria de deixar um espaço para seus comentários finais.

WV: "Em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo pelo Terremoto Blues Blog. Poucos tomam iniciativa de fazer algo pela música e pelo Blues do jeito que você está fazendo. Para mim, este blog serve como uma "aula de blues". Queria desejar muito sucesso e vida longa ao blog, agradecer esta oportunidade de escrever aqui e muito som sempre, muita música, muito blues para todos."



Muito obrigado.... de coração !!!! Paz e Blues.
Veja também:
- Black Coffee
- Black Coffee - Myspace
- Q N Quarteto (Instrumental Brasileira) - Myspace

3 comentários:

Anônimo disse...

O Wagner foi um grande presente que a Black Coffee ganhou. Músico de feeling e técnica impecável. É o maestro da banda hehehe.

Além disso é um cara divertido, simples, inteligente, sensível, carismático, etc... ou seja, um carinha realmente especial.

Robertão... Parabéns pelo Blog, como sempre está muito bom.

Costelinha, querido, você é meu baterista de coração e meu amigo de alma.

bjs à todos.

Bel
Black Coffee

Alê Rossi disse...

Cuuuuuustelaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!
Adoro vc como meu irmão, como baterista e como mestre!!!
Tem um talento excepcional, conhece música como ninguém...não se prende a nenhum tipo de música...gosta de todos e isso enriquece cada vez mais seu som e das bandas que toca...
Sei que rasgar seda é um sacrilégio...então vamos queimá-la!!!!....ahahahahahahahahahaha
Amo vc, irmão!!!!
Beijo

Alê
Electric Muddy / Marafa

Unknown disse...

Já conferi o Wagner ao vivo e realmente demonstrou técnica em todas as vertentes dentro do som da Black Coffee.

Abraços

Marcus Mikhail