terça-feira, 15 de abril de 2008

Gaita não é Brinquedo com Vasco Faé

O lendário Vasco Faé é multe-Instrumentista, cantor, compositor, produtor e o mais importante de tudo, uma pessoa simples.

Tudo que ele faz é com amor a música, por isso é conhecido por onde passa. Graças a talentos como o Mestre Vasco Faé, o Blues sobrevive no Brasil!

TB: Todo músico procura inovar na sua forma de tocar, usando técnicas próprias ou inserindo algum elemento diferente em algum momento do Show. Como surgiu a idéia de tocar com um megafone? Qual a reação do público quando você usa o megafone?


VF: "Cara, comecei a pensar em usar o megafone porque passava todo dia em frente uma loja que tinha um na vitrine, e imaginei como ficaria a gaita naquilo. Um dia entrei na loja, pedi pra testar com a gaita e comprei na hora. Pó, o público sempre curte bastante, é uma reação mixta de admiração com achar graça. Gosto muito de alterar, acontece um pouco por não ter paciência de pegar os arranjos idênticos à gravações, então acabo tocando do jeito que sai. Tem o solo de microfonia que gravei em 1996 no CD “Veneno” da Irmandade do Blues o qual tocávamos nos shows e que está no youtube."


TB: Por volta do ano de 2003, você lançou um CD com a banda Blues Etílicos, o “Cor do Universo”, que foi um trabalho que fugia das características tradicionais da Banda, mas deu uma originalidade, comparada aos outros trabalhos da banda. Como foi a criação desse trabalho? Houve resistência por parte dos fãs da Banda?

VF: "Comecei a tocar com o Blues Etílicos para substituir o Flávio quando ele estava com show de carreira solo. Fizemos vários shows em 2002, e no final do ano me convidaram para gravar no CD novo que estavam preparando. Quando recebi o material que seria gravado, confesso que estranhei pois esperava um CD mais Bluesy. Mas achava possível interpretar as músicas, e com uma forcinha do meu amigo Bocato que me disse “vai lá Vasco, acredita um pouco nos sonhos dos outros, não só nos teus, a gente é músico, tem que ir, se te chamaram é porque é importante para eles”, eu aceitei gravar. Com o tempo passei a curtir muito os sons e entende-los. Fizemos muitos shows juntos nos dois anos seguintes, alguns mais importantes como a apresentação do Bem Brasil, a abertura de show para BB King no Rio para 10.000 pessoas entre outros.

Em relação a criação do trabalho, quando me convidaram já tinham quase tudo pronto, apenas a música “Quero você” que não tinha melodia, a qual eu fiz a partir da letra do grande Fausto Fawcett, além de terem incluído “Saudações” de minha autoria que foi lançada em meu CD solo homônimo.

Até onde sei nunca houve nenhum tipo de rejeição por parte do público de uma maneira geral, e mesmo que tivesse rolado isso o que nunca chegou até mim, não deveria interferir na opinião musical interna, mas de qualquer maneira, sempre tive uma empatia muito grande com o público nos shows que eu fiz com o BE, nunca recebi comentários negativos, e em vários locais que fomos a galera cantava várias das músicas do CD novo."


TB: Você é uma pessoa que sempre revela outros artistas, isso aconteceu com uma série de CDs, “Bluseiros do Brasil” e há pouco tempo atrás, você realizou um evento mostrando uma safra de gaitistas femininas. A maioria dos artistas não tem essa preocupação de ajudar ou revelar novos talentos. O que faz você realizar isso? Conte um pouco desses seus projetos.


VF: "Cara, eu nunca tive intenção de revelar talentos, inclusive, não me utilizo desse tipo de observação para promover meu release para trabalho solo. Mas nos dois projetos que você citou, a revelação foi inevitável, no caso do Blueseiros, foi uma época em que nenhum dos gaitistas tinha CD solo. Até o Ulysses não tinha um CD solo. Mas mesmo não tendo CD solo vários dos que participaram já tinham reconhecimento mais notório, e outros foram revelados a partir do projeto por pura inconsciência, rs rs, na verdade eu apenas chamei os gaitistas que são meus amigos.

No caso do Projeto Mulheres Gaitistas, a história foi assim, um ano e meio antes de acontecer o projeto eu tinha formatado um projeto de mulhertes gaitistas a partir de uma pesquisa extensa que tinha feito previamente, mas o projeto visava diversidade de estilos. Mandei o projeto para vários SESCs, e no começo de 2008 a Lucy do SESC Ipiranga me ligou parta realizar o encontro de mulheres gaitistas no fim de semana seguinte ao carnaval. Só tinha um porém, seria no Projeto Ressaca Blues, e teria que ser um encontro de Mulheres, Gaitistas e tinha que ser de Blues. Mas eu fui em frente e reconfigurei o projeto, e sai procurando desesperadamente as meninas, que acabei por encontrar na Argentina, e no interior de São Paulo. Nesse caso a revelação foi inevitável também. Eu não tenho muito o estilo “Raul Gil”, se isso ocorre é mais pelas idéias que pela intenção."


TB: E como anda sua vida musical? Qual são seus projetos atuais?



VF: "Tenho pensado bastante em meu trabalho solo, tenho procurado me dedicar mais para mim, rebuscando novas idéias gravadas a séculos ou não aqui em casa, letras perdidas, ... tenho buscado re-conhecer a musicalidade, eu tenho essa coisa de participar de vários projetos e de tempos em tempos tenho que reformatar a máquina, rs rs rs

Meus projetos atuais são a Irmandade do Blues, meu trabalho solo e o Duo com o Adriano Grineberg que tem CDs lançados no ano passado, e o CD solo do Andreas Kisser o qual eu canto em várias faixas e toco gaita em outras e que deverá ser lançado em breve."


TB: Vasco, nem sei como agradecer sua presença em meu pequeno Blog. Agora deixo este espaço para seus comentários finais.

VF: "Eu que agradeço o apoio e reconhecimento, e que os novos blueseiros do Brasil, se espelhem sempre na música de nossos grandes mestres Charlie Patton, Blind Lemon Jefferson, Leroy Carr, Lonnie Johnson, Big Bill Broonzy, Robert Johnson, John Lee Williamson, Rice Miller, Willie Dixon, Muddy Waters, Howling Wolf, Bo Didley, Buddy Guy, Freddy King, John Lee Hooker…"






Escutem:

- Vasco Faé
- Irmandade do blues
- Vasco Faé & Adriano Grineberg
- Forrock
- Generais
- Mulheres Gaitistas
- Blueseiros do Brasil
- Triangulista

credito das Fotos:
01-Raphael Villar
02-Marcelo Cseh

Um comentário:

eagaspar disse...

Vasco Faé
Um exelente gaitista, participei com ele do Ressaca Blues, que foi demais, esse é o cara
e mais uma vez Robertão parabens pela escolha