quarta-feira, 12 de março de 2008

Mestres das seis cordas com Renato Zanata



O Rio de janeiro é uma fonte inesgotável de bluseiros competentes e de muito talento, e como de costume, trago um mestre para provar minhas afirmações.

Renato Zanata é um mago do blues, que já está na estrada há muito tempo e a cada dia soma ao seu blues experiência, energia e qualidade.

TB: Você já passeou por vários estilos musicais antes de chegar ao blues. Há quanto tempo você está no Blues?

RZ: "Na verdade , comecei a participar de bandas no início dos anos 80, e fui inspirado por bandas como Iron Maiden, Kiss e mestres como Eddie Van Halen e Robertinho de Recife . Mas nada disse teria começado se não fosse o disco "Comes Alive I" do Peter Frampton. Ele foi o cara que me fez ficar literalmente ligado em guitarra, solos e tudo mais.

Aconteceu que paralelamente ao som da minha primeira banda, voltada para o hard rock ( A "Sexta 13" ), surgiu aqui em Niterói , a saudosa rádio Fluminense Fm, a "Maldita" e através dela , o Blues começou a me fisgar, via trabalho autoral do mago da fender strato, o mestre Celso Blues Boy .Aí vieram clipes do Clapton e do B.B.King na tv e a intenção de fazer um trabalho diretamente ligado ao Blues foi amadurecendo.Comecei a tocar Blues no início da década de 90 , quando participei das bandas, "Rio Blues" e "Limousine 69" ( também chamada de Holandês Voador) e nelas , já valorizava o trabalho autoral cantado em português, sem deixar de lado alguns covers do gênero.

Em 1992 com o fim da banda Limousine 69, a frustração de ver um trabalho promissor de Blues ser interrompido no meio do caminho, me afastou dos shows de Blues por cerca de 10 anos, apesar de continuar a ouvi-lo e a toca-lo em casa e também registrar composições num esquema caseiro de gravação.

Passei então, a tocar na noite, dando canjas em shows de MPB, com músicos amigos meus.

Em 2002, tirei da gaveta algumas fitas K7 com composições autorais de Blues e gravei uma demo no estúdio de um ex-prof. De Improvisação. Dali , consegui que meu som fosse tocado na rádio VivaRio na net e acabei conquistando um espaço nessa mesma rádio para produzir e apresentar um programa de Blues, que se chamava “Alma Blues”.

Conheci então, vários músicos de Blues do Rio de Janeiro e parti para um trabalho solo de Blues, a partir do final de 2002, acompanhando com minha banda , o Bluesman Big Gilson num show aqui na minha cidade, Niterói e não mais interrompi um trabalho direcionado ao Blues, desde então."

TB: Seu repertório tem músicas em português, entre elas próprias e versões. O que faz você tocar essas músicas?

RZ:
"Eu acredito muito no poder que uma letra ou uma poesia tem de alcançar, esclarecer e até transformar mesmo que um pouco, situações sociais indesejáveis. Falo isso com a experiência adquirida como professor de História que lecionou por cerca de 14 anos e viu na prática o quanto uma musica pode surtir muito mais efeito mobilizador, questionador e principalmente de reflexão, dentro de uma sala de aula, do que determinados livros didáticos.

A letra de uma música, normalmente se utiliza de códigos, gírias e temas presentes mais claramente no cotidiano das pessoas e por isso, são assimiladas mais facilmente. E claro que me refiro as letras em Português, já que os covers não teriam um alcance amplo, por questões culturais óbvias.

Tenho no meu repertório, não só composições que surgiram a partir da minha retomada a estrada do Blues em 2002, mas temas como “Cachaça Mineira”, que foi composta por Charles
Nobili, meu parceiro de Blues, lá do início de tudo nos anos 90.

Quanto às versões, gosto de dizer que a MPB tem em muito dos seus clássicos, canções que possuem claramente uma “alma Blues”...e “Negro Gato”, composição de Getúlio Cortes, é sem dúvida, uma “MPB de Alma Blues”. "

TB: Como é seu processo de seleção de músicas para o seu repertório?

RZ: "Nas minhas composições inéditas vou mantendo aquelas que passam pelos vários testes em ensaios com a banda. Gosto de ouvir muito o que a banda tem a dizer sobre os temas e principalmente , deixar fluir nos ensaios os arranjos para os temas que levo ainda bem cru para o estúdio.

Outras músicas, são escolhidas pelo tesão que me dão em toca-las e por terem sido importantes na minha trajetória como ouvinte de Blues e paralelamente, por trazerem alguma mensagem cultural, social ou política que eu considere importante manter em destaque sempre que me permitirem. Cito aí, a clássica “Safra 63”, do Blues Etílicos e “Araribóia Blues”, tema composto por ninguém menos do que o jornalista Luiz Antônio Mello, o comandante ousado que fez História a frente da rádio Fluminense , “Maldita”. "


TB: Você criou e produz o NITERÓI DE ALMA BLUES FESTIVAL, como é produzir um festival? Quem já passou pelos palcos dessa festa?

RZ: "Não é nada fácil o trabalho de produção.

Correr atrás de patrocínios e casas de shows que abracem a idéia de se fazer um festival de Blues é muito estressante.

Eu realizei 3 das 4 edições do “Niterói de Alma Blues Festival”, com apoios que se concentraram apenas na confecção de filipetas , cartazes e suporte de camarim no tocante a bebibas e refeições para os músicos, nada mais do que isso.

Eu fui o maior patrocinador das 3 primeiras edições, tirando dinheiro do próprio bolso, vendendo pedal de guitarra novo pela metade do preço para cumprir com as obrigações com os músicos.

Vale destacar que para não desistir no meio do caminho, foi fundamental o apoio de alguns poucos, mais fiéis amigos como, Ricardo Giesta, Maurício Sahady, Arildo Bluesman, e Celso Nascimento.

Na edição 2007 do Festival, consegui o tão sonhado apoio público para o evento, através da parceria com a secretaria de cultura de Niterói, comandada pelo secretário de cultura , André Diniz.

Já passaram pelos palcos do “Niterói de Alma Blues Festival”, nomes como Big Gilson, Maurício Sahady, Blues Etílicos, Paulinho Guitarra, Ugo Perrota, Beto Wherter , Victor Gaspar, Ricardo Giesta e até nomes da tal “MPB de Alma Blues” , como o guitarrista, cantor e compositor Cláudio Zoli. "

TB: Muito obrigado por você se dispor a participar do blog, fico muito feliz com isso. Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

RZ: "Meu caro Roberto, eu é que lhe agradeço pela oportunidade e aproveito para agradecer também pelo destaque de qualidade que o seu Blog da cotidianamente ao Blues, gênero musical que amo mais do que tudo e que felizmente, ganhou um enorme “fôlego de resistência”, a partir de trabalhos como o seu.

Da minha parte nunca será demais lembrar que meu trabalho ganhou muito desse tal “fôlego” no ano de 2007, graças as oportunidades que pessoas como você, Johnny Adriani, Edu Soliani, Rony Viana, Marcus Mikhail, Eduardo Gaspar , Oda Gomes, Paulo Vanzillotta e Denise do Amaral, me deram, para que eu pudesse expor o meu jeito de sentir ,fazer e tocar Blues.
Obrigado!"



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5 comentários:

Edu Soliani disse...

Zanata não nasceu no Mississipi, muito menos no Teneessee e compra algodão pronto numa farmácia de Acarai....mas tem uma imensa "Alma Blues"...
É um grande bluesman e esmirilha como ninguém sua Tele-Texas!
Salve Zanata!!!! Guerrilheiro do Blues Brasil!!!

eagaspar disse...

O zanata mais é um operario do blues, com sua humildade, coisa que muita gente q se diz grande não tem, o Zanata é um "PUTA PROFICIONAL" batalhador, é um cara que sem duvidas nenhuma vai fazer muito sucesso e torço por isso, a pureza das letras, o sentimente que ele passa para o publico, é demais, o Cara tem Alma Blues.
Irmão muito sucesso, e Robertão vc é o cara, trazendo um dos melhores blues man da atualidade
Arariboia Irmão, não esqueci não

Claudio Ribeiro disse...

só de escrever :
"Mas nada disse teria começado se não fosse o disco "Comes Alive I" do Peter Frampton. Ele foi o cara que me fez ficar literalmente ligado em guitarra, solos e tudo mais." eu ja tenho uma grande admiração pelo trabalho do Zanata... é tão dificil ouvir alguem falar do Frampton...como se não fosse por ser um excelente musico e batalhador do blues.Conheço só pelos chats do Blues com Z e no orkut e o cara é sempre o mesmo, com as palavras amigas que distribui e os videos-blues que postam por ai.
Zanatão, grande abraço amigo, e muito sucesso.

esquadrilhablues disse...

Renato, meus parabéns! Nosso país precisa de mais pessoas assim. Abraço, sucesso, Aline

Na Estrada... disse...

Guitarrista muito bom e fiel ao estilo que defende. Sempre amigo e empreendedor como produtor, bem como com seu trabalho. Abs e vida longa a boa música sempre! Abs Alex Vieira