domingo, 27 de janeiro de 2008

Vídeo da Semana com Marceleza - Som: Patricia



Sexta-feira 25 de janeiro de 2008, fui ao Mr. Blues ver a banda Cracker Blues, que fez um show com muita energia do início ao fim.

Ainda não tenho um vídeo do show, mas em breve vou postar nos Vídeos da Semana.

Mas tenho aqui um vídeo muito bom, feito em um resonetor por um BluesMan que dedica o som para sua esposa Patrícia.

Marceleza, você ta mandando muito.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Gaita não é Brinquedo com Val Tomato

Uma pessoa simples, prestativa e um gaitista maravilhoso, este é o resumo que posso fazer deste mestre da harmônica, Val Tomato.

Com a elegância dos gaitistas americanos e frases modernas, Val tomato lança seu CD Val Tomato Live, e é claro, veio aqui contar um pouco desse trabalho.

TB: Como e onde foi gravado seu CD Live?

VT: "Foi gravado no Ton-Ton jazz e music club, cada instrumento em sua linha mas o que era previsto que teria uns vazamentos o que é normal, mas foi usado mics de estúdio pra voz,captação da gaita, batera, sax e guitar. No caso da gaita utilizei meu próprio equipamento."

TB: Quem são os músicos que estão com você na Gravação?

VT: "São Fábio Brum na guitarra, Fábio Pagotto no baixo, Fernando Rapolli bateria e a participação ilustre do Manito no sax!"

TB: Este é seu segundo trabalho, qual a diferença do 1º CD para o 2º?

VT: "Na verdade este é o meu 3º cd lançado, solo foram 2, bem a diferença é enorme, é muito diferente. O 1º cd foi o Blues Harmonica que gravei sem pretensão de lança-lo no mercado, gravei com uma galera que não era do blues, fiz mais para vender aos alunos e amigos....nessa época me dedicava mais a escola que eu tinha na teodoro sampaio, não ligava muuito pra shows.

Fiz uma capa bem fraquinha(caseira) e tal, mas o pessoal gostou bastante e me cobravam quando que eu ia fazer um show, nesse meio tempo fiz um anúncio na revista Blues´n jazz e o cd foi uma parte do pagamento, o Helton vendeu o cd e o pessoal curtiu, inclusive porque era um cd com blues,jazz e bossa, aí ele me perguntou porque eu não lançava todo certinho, foi assim que rolou....mandamos pra sonopress e saimos vendendo e fazendo shows!!

Este trabalho me abriu grandes portas, fiz vários festivais, festivais dentro de sescs, workshop e aulas por diversar cidades, inclusive atualmente, ministro aulas em São Paulo e Ribeirão Preto. O 2º é outra parada eh,eh,eh, já estava tocando com o Fábio Pagotto que é um grande baixista..... pra mim um dos melhores! Depois entrou o Fábio Brum que é um animal na guitar, o batera foi o Pagotto que me apresentou, bem o Manito eu já estava tocando sempre com ele. Preparei o repertório com minhas composições, escolhi as covers, ai que decidi regravar a "The Blues overtook me" do Charlie Musselwhite, na verdade eu já estava tocando com uma galera do blues, que conhecia e mandam muuito.....cara eh,eh, ai ficou fácil gravar, a energia,feeling é tudo diferente...ao vivo é outra coisa acho que vou querer gravar assim pro resto da vida."

TB: Você também tem um método de Gaita. Além desse material para estudos, você ministra aulas particulares?

VT: "Tenho sim...este método foi lançado na época que era tudo em fita cassete, lancei em cd com faixas separadas e dando a oportunidade do aluno usar o "REPEAT" quantas vezes forem necessárias. Hoje ministro aulas na R: Teodoro Sampaio, 282 fica ao lado do mêtro Clínicas e na Oficina de Música Ronaldo Novaes em Ribeirão Preto."





TB: O que você diria para os novos gaitistas ou para aqueles que querem iniciar na gaita?

VT: "Bem aos iniciantes que comprem o "Método de gaita Val Tomato" eh,eh,eh,eh, brincadeira eh,eh,eh, estudem,estudem e tenham paciência, não se aprende a tocar da noite para o dia,e tentem ter um auxilio de um professor, ajudaria muito nas dúvidas, a gaita é um instrumento de muita sensibilidade, parece fácil mas não é.

Aos novos gaitistas que escutem os grandes mestres Little Walter, Sonny Terry, Sonny Boy Willianson I e II, Junior Wells, Charlie Musselwhite,James Cotton, Carey Bell, Big Walter Horton.....eles são a água cristalina. Quando tocarem....sintam o que a música esta pedindo e deêm a ela....no blues o simples é tudo."

TB: Val, muito obrigado pela sua ajuda. Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

VT: "Cara eu que agradeço meu amigo e o blues também!! valeu pelo espaço > e aparece pra tomarmos umas e fazer um som!!! Valeu a todos os amantes do blues e da gaita, deixo meu contatos pra shows, em meu site esta uma música disponível do meu novo cd, Val Tomato Live."





Veja mais:
- site

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Gaita não é Brinquedo com Gaspo "Harmônica"

Pois é, graças a pessoas como esta é que o Blues em português vai ganhando mais força.
Gaspo "Harmônica" é um gaitista, cantor e compositor, e faz do Sul do Brasil um pedaço de Chicago, fazendo um som de primeira qualidade.

TB: Além de gaitista você é compositor. Como é seu processo de composição? Onde você encontra os temas paras suas letras? Qual a melhor letra que você fez até hoje?
GH: "Não sei se tenho um processo, acho estou sempre procurando por um, ou talvez eu use diferentes processos, eu realmente não sei.

Quando vou compor um blues, geralmente penso primeiro na estrutura da música, fico tocando ela e deixo a letra chegar. Eu raramente escolho um tema, ele simplesmente faz uma aterrissagem sobre os acordes do violão... deixo a escolha para o meu subconciente. É difícil dizer qual a melhor letra que fiz, até porque o coneceito de melhor é muito relativo...

As vezes me apaixono por uma música porque ela diz tudo que sinto em um determinado momento e quando passa o que estou sentindo fica difícil continuar gostando dela (são como mulheres hehehe). Posso dizer que tenho algumas preferidas, "Adeus amor, Adeus Querida" (está no meu 2º disco), eu gosto muito, ela fala de um cara que não aguenta mais a mulher e tenta de todas as maneiras ficar com ela, mas não tem como... Gosto também de "Uma canção folk", como o próprio nome diz, ela tem uma levada folk, e um tema um pouco mais existêncial.

Gosto de outras que ainda não foram gravadas e que também vão mais pro lado do folk... Mas atualmente confesso que minha paixão do momento é o "Blues dos 28", um single que estou lançando apenas virtualmente, a letra me diverte e me sinto bem enquanto canto, gosto da métrica dela, e ao mesmo tempo ela significa uma mudança no meu jeito de cantar, exprimentei uma tonalidade diferente e tive resultados positivos que mudaram a minha forma de pensar como vocalista."

TB: Como é a aceitação do blues em Português no Sul?

GH: "Me parece boa, acho que esse lance de blues em português e blues e inglês é uma questão que preocupa mais os próprios músicos. O público quer escutar boa música, quer se emocionar, quer sentir alguma coisa diferente... E é difícir dar isso a eles em qualquer língua, mas você pode cantar até em javanes e emocionar o público, acho que o idioma em que você canta é só um dos fatores da música. "

TB: Quais são os seus projetos hoje?

GH: "Tem muita coisa na minha cabeça, o ano está começando e eu estou tentando fazer com que elas virem realidade. Estou produzindo em parceria com os músicos Adrian Flores e Solon Fishbone um disco do Guitarrista americano James Wheeler. Gravamos com ele em 2006 aqui em porto alegre, o disco ficou engavetado um tempo e agora resolvemos colocar ele na rua.

Também estou me preparando pra gravar o meu 1º em carreira solo e também 1º disco elétrico (os dois que tenho são acústicos em parceria com o violonista Oly Jr.), fiz muitos amigos no mundo do blues e pretendo fazer um disco com muitas participações. Além disso tenho dedicado muito do meu tempo a uma parceria com o músico e produtor argentino Adrian Flores. Junto com ele tenho produzido turnês pelo sul do brasil com artistas Norte-Americanos tais como Phil Guy, Magic Slim, Eddie C. Campbell, James Wheeler entre outros.

Tocar com essa gente toda que bebeu da fonte do blues é um aprendizado único, e pretendo seguir aprendendo."


(Gaspo "Harmônica" e Phil Guy)


TB: Como você encontrou o Blues e a gaita?

GH: "Conheci os dois através do meu irmão, eu cresci no interior de Santa Catarina mas meu irmão morava em Porto Alegre, ele tcava violão e curtia um som a fudê, toda aquela galera dos anos 60, Jethro tull, Led, pink, Doors, Rush... Ele tinha uma coleção de discos Vinil, que além de rock tinha muita coisa de blues e jazz, mas eu não me ligava muito nisso na época. Um dia ele estava tocando violão no quarto, agente dividia um apartamento em chapecó, eu tinha na époaca 15 anos, bem, ele estava lá tocando violão e eu disse que queria tocar algum instrumento que eu pudesse carregar junto comigo, fazer um som com outras pessoas, (eu tocava piano clássico na época) ele puxou uma gaita velha de cima de um armário e me disse:

"- Toca essa gaita então..."
E eu toquei, não era uma gaita de blues, era uma gaita mais popular, serve pra fazer sei lá que tipo de som, mas eu curti igual, fiquei amigo dela hehehe... Comecei a me interessar mais por Jethro tull, porque nos discos deles sempre tinha alguma coisa de gaita, aí descobri que em seus primeiros discos eles tocavam alguma coisa chamada Blues, falei com meu irmão e ele me mostrou um disco do Muddy Watters, aí ferrou tudo de vez..."

TB: Man, muito obrigado, e agora deixo para você um espaço para seus comentários finais.

GH: "Em primeiro lugar quero agradecer ao Roberto pelo espaço, e pelo importante trabalho de divulagar o blues e principalmente os artistas independentes.

Quem vive da música sabe o quão difícil é, a maior parte do tempo agente fica sonhando e batalhando, aguardando um curto momento de realização. É o preço que pagamos pela nossa liberdade, pelo nosso direito de sentir e de se expressar da forma que desejarmos.

Um forte abraço a todos os colegas músicos e artistas, e, um parabéns e um muito obrigado a todos aqueles que buscam algo mais além das imposições da mídia e que nesse momento estão lendo essas palavras."
Escute e saiba mais:

sábado, 19 de janeiro de 2008

Vídeo da Semana com Decio Caetano: Um Blues para o Tio Samir!


Aqui temos um bom vídeo do meu amigo Décio Caetano, mostranco como se faz um Blues em um violão de nylon usando o Slide.

Quem sabe sabe !!!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Mestres das seis cordas com Gabriel Gratzer

O Blog foi feito com a intenção de divulgar os músicos brasileiros de Blues, mas no meio dessa jornada, meu amigo Décio Caetano me apresentou um músico extraordinário, um argentino que sabe muito de blues. Então pensei, “Ele é nosso vizinho e tem um trabalho que server de referência para muita gente. Vou publicar !”.

Gabriel Gratzer é um dos melhores Bluseiros Rurais que escutei tocando. Além de ter uma técnica fantástica, canta muito bem e faz dele um dos mais experientes Bluesmans da América latina.

TB: Você tem uma escola de Música em Buenos Aires. É uma escola apenas de Blues?

GG: "A escola de Blues tem 7 anos junto a Mauro Diana e Gabriel Cabiaglia além de outros 15 professores, todos músicos de blues internacionais. Juntos levamos adiante este empreendimento que não é uma academia tradicional, é um lugar onde, desde as aulas de instrumentos, reuniões grupais, história do blues e teoria musical, os que entram se encontram com muita gente afim do mesmo objetivo e a mesma paixão pelo blues e quando falamos de blues desde já falamos dele em todas suas formas, sejam rítmicas, estilísticas ou regionais.


O Blues pode se apresentar em muitos aspectos, mas fundamentalmente ele pode transmitir, tratar de inculcar uma idéia, uam direção estilística, rítmica, interpretativa, os códigos, tratar que incorporem um conceito.

É um sistema muito flexível onde basicamente se fomenta um aspecto social, compartilhar as horas de aulas, de tocar, se respira blues... imagine que no Brasil houvesse uma escola de blues e em um mesmo edifício, vai subindo as escadas e em uma aula está Décio Caetano, em outra Igor Prado está dando aulas, mais acima está Flavio Guimaraez o Big Chico... e assim sucessivamente, essa é a Escola de Blues em Buenos Aires, um lugar onde se formam músicos de blues desde sua concepção mais folclórica.
Os grandes maestros não tinham professores de guitarra, de piano, academias, internet ou livros. Seus "professores" eram os músicos que admiravam e os que viam tocar, a "academia" era a vida, os "livros" era escutar os discos... assim é um pouco como funciona a escola de blues, tentando que os garotos fomentem a investigação e sua própria linguagem do blues baseando-se, primeiro em poder incorporar os elementos base, fundacionais e todos temos saído muito bem.

Além disso a escola começa a ser como uma referência, uma estrutura organizada, produtora e motora do Blues na Argentina."


TB: Como é o cenário do Blues Argentino? Existem muitos artistas de Blues?


GG: "Acredito que, para ser sintéticos, tem que dividir as coisas em dois.

Por um lado o circuíto ou a estrutura do blues na Argentina é quase nula. Aqui não há produtoras, quase não há festivais, discográficas de blues. Quase não há rádio, nem TV para se escutar blues. Faz anos que não há revistas do gênero e apenas há alguns poucos lugares de blues na internet, independentemente das websites pessoais dos músicos.

Não há bares específicos de blues ainda que alguns programem mais blues que outros.

É dizer não há uma estrutura econônima ou um circuíto como ocorre com o tango ou o folclore.
Agora, se nos remetemos a ele estritamente musical, Argentina tem um dos cenários mais completos e de mais alto nível de blues do mundo, pelo conhecimento e formação de seus músicos, por sua forma de investigar, pela idiosincrasia do argentino para tocar, sentir e compreender o blues.

Existe uma forte corrente do blues argentino, cantado em espanhol, mas a maioria das bandas e solistas que em muitos estilos e subgêneros recriam o blues original.
Daniel Raffo com King Size, Mauro Diana & The Easy Babies, Nasta Super, Matias Cipiliano & Dynamo Blues, Adrian Jimenez e tantos outros somente para mencionar músicos de Buenos Aires.

Sim há, nesta rica história de blues argentino, marcos pessoais de cada um desses músicos, turnês pelo mundo, tocar com os grandes maestros do Blues dos Estados Unidos, organizar festivais, mesmo a escola de Blues é um feito inédito não somente na Argentina mas a nível mundial. A tarefa educativa que se está fazendo a nível blues com a escola de blues é única e não é tanto o resultado atual, é a base que estamos deixando para o futuro.

Então a resposta é, que a matéria-prima está e é excelente, falta agora este conteúdo todo em uma estrutura produtiva e econômica. Seguramente pensar no blues como algo massivo na Argentina seria utópico mas não é muito louco pensar em que tenha continuidade e sólida presença."

TB: Porque você conheceu o Blues? Quanto tempo você toca o estilo?

GG: "Cheguei ao blues, indiretamente aos 5 anos quando minha prima me deu de presente um disco já riscado e velho dos Beatles. Meu fanatismo por eles me fez perguntar onde eles aprenderam a tocar assim e com os anos fui investigando até que cheguei na adolescência ao blues. Fundamentalmente, cheguei às raízes, ao country blues, ao gospel e as baladas antigas.

Me sinto igualmente cômodo com o blues elétrico tradicional mas indubitavelmente minha especialização está nas origens, o homem e sua guitarra, nada mais.

Os anos me deram a possibilidade de poder investigar, escutar, aprender e seguir aprendendo, descobrindo e redescobrindo coisas. Escrever notas, viajar por todo o mundo, conhecer grandes músicos, grandes pessoas. Gerar espaços para o blues, tocar regularmente em grandes festivais e eventos no mundo e em meu país, inserir o blues em ambientes que não são exclusivos do gênero também. Ao contrário, não é a pessoa que chega ao blues mas o blues que chega à pessoa. "

TB: Você é considerado o Embaixador do Blues na América Latina. Esse título é de grande responsabilidade. Quais as vantagens e desvantagens que isso te traz?

GG: "Não é um título que me leva a uma responsabilidade pelo "título" em si. Quando fui tocar no Festival de Paris na França, depois no Japão e em Taiwan na turnê asiática, diferentes sedes diplomáticas e organismos de cultura se sentiram muito agradecidos por minha visita e não somente tive o prazer que me enviaram cartas "oficiais" à respeito mas que fui recebido e acolhido em várias sedes diplomáticas. Isto deve ter sido um feito, significativo, suponho, significativo, que um artista argentino represente ao país no exterior com o blues. Mas, isso não é tão para mim, se bem me enche de alegria. Viajar pelo mundo levando o blues significa ter a obrigação e a enorme responsabilidade de manter o respeito e a essência pelos maestros originais e de difundí-los. Os verdadeiros "embaixadores do blues" não somos quem hoje estamos recriando esta música se os maestros que nos pagaram e nos "emprestaram" esta música que hoje nos faz tão felizes.

Somos uma ferramenta, em intermédio entre aqueles e as gerações que venham ao blues.


Não esquecemos que o blues é a raiz de toda a música contemporânea rock ou pop. Então, minha responsabilidade, é fazer as coisas a consciência, ser agradecido com tudo e todos, e não esquecer que, sem o blues, não sería nada ou não estaria viajando... nem sequer contestando esta entrevista!! Ah! "

TB: Quais os principais bluseiros com quem você já tocou?

GG: " Nestes anos abri quase todos os shows de blues internacionais que tiveram lugar em Buenos Aires sobretudo no Blues Special Club, as lendas do blues que Adrián Flores trazia para Argentina faz uns anos. Mas não só fui abrir esses shows, também fui poder compartilhar momentos com eles, conversar, perguntar, tocar informalmente em muitos casos... Toquei na abertura de show (telonero: conjunto menor que abre um show) de músicos como John Primer, Billy Branch, Dave Myers, Eddie C. Campbell, Jimmy Dawkins, Larry McCray, James Wheleer, Lorenzo Thompson, Raful Neal, Eric Burdon, Lurrie Bell. Pude tocar no Brasil com o grande bluesman Décio Caetano uam excelente pessoa e músico, e o gaitista Robson Fernandes. Foi um grande aprendizado também compartilhar uma forma de ver e de tocar o blues talvez afastados uns dos outros nas capacidades técnicas e nas enormes virtudes instrumentais de Décio, perante minha forma um pouco mais limitada de tocar, por exemplo, mas absolutamente unificados na forma de "falar" o blues. Aí fomos verdadeiros irmãos sobre o palco.


(Gabriel e Décio Caetano)

Depois do festival da França estive com Corey Harris e Guy Davis, e em Taiwan tocando com Sun Kukitao guitarrista de Koko Taylor e em 2005 junto com meus companheiros Gabriel Cabiaglia e Mauro Diana fomos a banda que acompanhou Gregory Hopkins All Saint´s Gospel Quartete em sua turnê pela Argentina.

Muitos dos meus colegas como daniel Raffo, Roberto Porzio o mesmo Mauro Diana, tem sido parte ativa dos shows internacionais de Buenos Aires e em turnês junto aos grandes maestros, mas também para mim, o fato de poder ser parte dessas noites e não só tocar antes que os grandes bluseros dos Estados Unidos, mas depois poder aprender como espectador ou compartilhando momentos na semana com eles, é INVALORABLE . "

TB: Gabriel, é uma grande honra ter você no meu Blog, deixo agora um espaço para seus comentários finais.

GG: "Queria agregar meu enorme agradecimento com as pessoas do blues do Brasil. Não queria me esquecer de nada assim que, através do teu distinto Blog faço extensivos agradecimentos a todos.

Ocasionalmente tem vindo músicos do Brasil para a Argentina e, em menor medida alguns argentinos tem ido ao Brasil, eram laços muito esporádicos.
Creio que está inaugurada, uma nova Era. De pouco e muito claramente começamos a descobrir que as distâncias não são TALES porque o blues não tem fronteiras e que, como nunca, se está começando a dar uma coisa recíproca muito linda.

Ir de turnê para o Brasil com Décio Caetano, conhecer seus músicos, sua gente, tocar com Robson Fernandes, estreitar laços com Lethal Level Records que me convidaram para tocar na sua festa de lançamento em Curitiba e colocado meu primeiro CD, e trouxemos Décio a Buenos Aires, e também por outros colegas, chegaram aqui Big Chico, Flavio Guimarez e depois o excelente guitarrista Igor Prado, e agora estarei pelo Brasil novamente.

Não sei se podemos falar de um Mercoblues... atuar em todos os países sulamericanos há uma grande paixão emergente em muitos países sem tradição de blues mas, sem dúvidas que a forma de sentir o blues com os irmãos do Brasil é muito similar e creio faremos grandes coisas juntos, é hora de pensar, mais lá dos caminhos de cada um como músico, em seguir juntando esforços para que o blues cresça, no fim das contas, o bem estar do blues é o êxito de todos, na medida que a essência que os maestros nos deixaram siga firme.

Obrigado e um afetuoso cumprimento a todos os amigos do Brasil!"






Veja e escute mais:
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Tradução: Alexandra M. Levatti (Muito obrigado !!!!)

Texto Original Origima

TB: Tu tienes una escuela de música en Buenos Aires. ?Es una escuela solamente de Blues?

GG: "La Escuela de Blues lleva 7 años junto a Mauro Diana y Gabriel Cabiaglia además de otros 15 profesores, todos músicos de blues internacionales. Juntos llevamos adelante este emprendimiento que no es una academia tradicional, es un lugar donde, desde las clases de instrumento, los ensambles grupales, historia del blues y teoria musical, los que entran se encuentran com mucha gente afín que tiene el mismo objetivo y la misma pasión por el blues y cuando hablamos de blues desde ya hablamos de él en todas sus formas, ya sea rítmicas o estilísticas o regionales. El blues se puede enseñar en muchos aspectos, pero fundamentalmente se lo puede transmitir, tratar de inculcarles uma idea, una dirección estilística, rítmica, interpretativa, los códigos, tratar que incorporen un concepto.

Es un sistema muy flexible donde basicamente se fomenta un aspecto social, el compartir lãs horas de clases, de tocar, se respira blues...imaginate que en Brasil hubiera una escuela de blues y en un mismo edifício, uno va subiendo las escaleras y en un aula esta Décio Caetano en otra está dando clases Igor Prado, más arriba está Flavio Guimaraez o Big Chico...y asi sucesivamente, esa es la Escuela de Blues en Buenos Aires, un lugar donde se forman músicos de blues desde su concepción más foklórica. Los grandes maestros no tenian profesores de guitarra o de piano o academias o internet o libros. Sus “profesores” eran los músicos que admiraba y a los que veían tocar, la “academia” era la vida, los “libros” era escuchar los discos...así un poço funciona la escuela de blues, intentando que los chicos fomenten la investigación y su próprio lenguaje del blues basandose, primero en poder incorporar los elementos base, fundacionales. y nos há ido a todos muy bien.

Además la escuela empieza a ser como uma referencia como estructura organizativa y productora y motora del blues em Argentina."

TB: ?Cómo es el panorama del Blues Argentino? ?Existen muchos artistas de Blues?

GG: "Creo que, para ser sintéticos, hay que dividir lãs cosas en dos.
Por un lado el circuíto o la estructura del blues en Argentina es casi nula.
Aqui no hay productoras, casi no hay festivales, discográficas de blues. Casi no hay radio ni TV donde escuchar blues. Hace años que no hay revistas del género y apenas hay algunos poços sítios de blues en internet, independientemente de lãs website personales de los músicos.

No hay bares específicos de blues aunque algunos programen más blues que otros.
Es decir no hay una estructura econômica o un circuíto como ocurre con el tango o el folklóre.
Ahora, si nos remitimos a lo estrictamente musical, Argentina tiene una de lãs escenas más completas y de más alto nível de blues del mundo, por el conocimiento y formación de sus músicos, por su forma de investigar, por la idiosincracia del argentino para tocar y sentir y comprender el blues.

Existe uma fuerte corriente de blues argentino, cantado en español, pero hay mayoría de bandas y o solistas que en muchos estilos y subgêneros recrean el blues original.
Daniel Raffo con King Size, Mauro Diana & The Easy Babies, Nasta Super, Matias Cipiliano & Dynamo Blues, Adrian Jimenez y tantos otros solo por nombrar músicos de Buenos Aires.
Si hay, en esta rica historia del blues argentino, hítos personales de cada uno de esos músicos, giras por el mundo, tocar con los grandes maestros del blues de Estados Unidos, organizar festivales, mismo la Escuela de Blues es um hecho inédito no solo en Argentina sino a nível mundial. La tarea educativa que se está haciendo a nível blues con la escuela de blues es única y no es tanto el resultado actual, es la base que estamos dejando para el futuro.

Entonces la respuesta es, que la matéria prima está y es excelente, falta ahora que este toda contenida en una estructura productiva y económica. Seguramente pensar en el blues como algo masivo en Argentina sería utópico pero no es muy loco pensar en que tenga continuidad y sólida presencia."

TB: ? Porque tu has conocido el Blues? ?Cuánto tiempo tu tocas el estilo?

GG: "Llegué al blues, indirectamente a los 5 años cuando mi prima me regalo um disco ya rayado y viejo de los Beatles. Mi fanatismo por ellos me hizo preguntar de donde habían ellos aprendido a tocar asi y con los años fui investigando hasta que llegué en la adolecencia al blues.

Fundamentalmente, llegué a lãs raices, al country blues, al gospel a lãs baladas antiguas. Me siento igualmente cômodo con el blues eléctrico tradicional pero indudablemente mi especialización esta en los orígenes, el hombre y su guitarra, nada mas.

Los años me dieron la posibilidad de poder investigar, escuchar, aprender y seguir aprendiendo y descubriendo y re descubriendo cosas. Escribir notas, viajar por todo el mundo, conocer grande músicos, grandes personas. Generar espacios para el blues, tocar regularmente en grandes festivales y eventos em el mundo y en mi país e insertar el blues em ambientes que no son exclusivos del gênero también. Más bien no es uno el que llega al blues sino el blues que llega a uno."

TB: Tu es considerado el embajador del Blues en la America Latina. Ese título es de grande responsabilidad. ?Cuáles las ventajas y desventajas que eso trae para ti?

GG: "No se um título que me lleve uma resposabilidad por el “título” en si. Cuando fui a tocar al Festival de Paris, en Francia y después a Japón y a Taiwan en la gira asiática, diferentes sedes diplomáticas y organismos de cultura se sintieron muy agradecidos por mi visita y no solo tuve el placer que me enviaran cartas “oficiales” al respecto sino que he sido recibido y agasajado en varias sedes diplomáticas. Esto debe haber sido un hecho, significativo, supongo, significativo, que un artista argentino represente al país en el exterior con el blues.


Pero, no es eso lo relevante para mi, si bien me llena de alegria. Viajar por el mundo llevando los blues significa tener la obligación y la enorme responsabilidad de mantener el respeto y la esencia por los maestros originales y de difundirlos. Los verdaderos “embajadores del blues” no somos quienes hoy estamos recreando esta música sino los maestros que nos legaron y nos “prestaron” esta música que hoy nos hace tan felices. Somos uma herramienta, un intermédio entre aquellos y las generaciones que vienen al blues.

No olvidemos que el blues es la raiz de toda la música contemporánea rock o pop.
Entonces, mi responsabilidad, es hacer las cosas a conciencia, ser agradecido con todo y todos, y no olvidar que, sin el blues, no sería nada o no estaria viajando...ni siquiera contestando esta entrevista!! je"

TB: ?Cuáles los principales "bluseiros" con quien tu ya has tocado?

GG: "En estos años me há tocado abrir casi todos los shows de blues internacionales que tuvieron lugar en Buenos Aires sobre todo en el Blues Special Club, a las leyendas del blues que Adrián Flores traía a la Argentina hace unos años. Pero no solo fue abrir esos shows, también fue poder comapartir momentos con ellos, charlar, preguntar, tocar informalmente en muchos casos...Me há tocado ser el apertura de show (telonero) de músicos como John Primer, Billy Branch, Dave Myers, Eddie C. Campbell, Jimmy Dawkins, Larry McCray, James Wheleer, Lorenzo Thompson, Raful Neal, Eric Burdon, Lurrie Bell. Pude tocar en Brasil con el gran bluesman Décio Caetano uma excelente persona y músico y el armonicista Robson Fernandes.

Fue un gran aprendizaje también compartir uma forma de ver y de tocar el blues quizás alejados unos de otros en lãs capacidades técnicas y en lãs enormes virtudes instrumentales de Décio, ante mi forma un poço más limitada de tocar, por ejemplo, pero abolutamente unificados en la forma de “hablar” el blues. Ahí fuimos verdaderos hermanos sobre el escenario.
Después en el Festival de Francia estuve con Corey Harris y Guy Davis, y en Taiwan tocando con Sun Kukita el guitarrista de Koko Taylor y en el 2005 junto a mis compañeros Gabriel Cabiaglia y Mauro Diana fuimos la banda que acompañó a Gregory Hopkins All Saint’s Gospel Quartete en su gira por Argentina.

Muchos de mis colegas como Daniel Raffo, Roberto Porzio el mismo Mauro Diana, han sido parte activa de los shows internacionales de Buenos Aires y en giras junto a los grandes Maestros, pero también para mi, el hecho de poder ser parte de esas noches y no solo tocar antes que de los grandes bluseros de Estados Unidos, sino después poder aprender como espectador o compartiendo momentos en la semana com ellos, es invalorable."

TB: Gabriel, es un grande honror tener tu en mi Blog, ahora dejo un espacio para tus comentarios finales.

GG: "Quisiera agregar mi enorme agradecimiento con la gente del blues de Brasil. No quisiera olvidarme de nadie asi que, a través de tu distinguido Blog hago extensivas lãs gracias a todos.
Ocasionalemente han venido músicos de Brasil a la Argentina y, en menor medida algunos argentinos han ido a Brasil, eran lazos muy esporádicos.
Creo que se há inaugurado ahora, una nueva Era. De a poço y muy claramente empezamos a descrubrir que lãs distancias no son tales porque el blues no tiene fronteras y que, como nunca, se está empezando a dar una cosa recíproca muy linda.

Me há tocado ir de gira por Brasil con Décio Caetano, conocer sus músicos, su gente, tocar con Robson Fernandes, estrechar lazos con Lethal Level Records que me invitaron a tocar a su fiesta de lanzamiento em Curitiba y colocado mi primer CD, y hemos traído a Décio a Buenos Aires, y también por otros colegas, llegaron aqui Big Chico, Flavio Guimarez y luego el excelente guitarrista Igor Prado, y ahora pronto estaré yp por Brasil nuevamente. No se si podemos hablar de un Mercoblues...me há tocado actuar en todos los países de Sudamérica hay una gran pasión emergente en muchos países sin tradición de blues pero, sin dudas que la forma de sentir el blues com los hermanos de Brasil es muy similar y creo que haremos grandes cosas juntos, es hora de pensar, más allá de los caminos de cada uno como músico, em seguir juntando esfuerzos para que el blues crezca, en definitiva, el bien estar del blues es el êxito de todos, en la medida que la esencia que los maestros nos dejaron siga firme.

Gracias y un afectuoso saludo a todos los amigos de Brasil!"

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Nosso Blues Nossas Bandas com RockJazzBlues & etc Band

Rockjazzblues & etc Band, a Banda de um homem só. Sim Wagg Rincon é o responsável pelo primeiro CD da banda.

O CD não se prende ao Blues, mas vale a pena dar uma escutada no trabalho da Banda e claro, ler a matéria que ficou muito bacana.


Quando surgiu a banda? Quem são os integrantes?

WR: "Sou músico auto-didata há algum tempo e aqui em BH, passei por bandas covers de Beatles, Blues e jazz tocando inclusive ao lado do gaitista Leandro Ferrari. Desde 2000 leciono guitarra e cordas. Em dois mil e alguma coisa conheci esta galera e começamos fazer jam sessions. Quando montei meu Home Studio chamado carinhosamente de KUKAMONGA comecei a regravar meu material instrumental que antes fora lançado em CDs DEMO. Chamei os meninos para produzir um material legal de blues/rock/jazz e etc, fazermos um disco de verdade e cair na estrada. No início a turma era Larrey no baixo, Moye e Guilherme na Batera, Shemphy e Birinha nos teclado e WAGG na guitarra..

A turma é bastante ocupada BIRINHA É BIÓLOGO, GUILHERME É DESENHISTA LARREY toca em outras bandas mas aceitaram e comecei a produzir as canções. Montei uma demo e ditribui para os rapazes. Mas, nos reunir era difífil, cada hora um impecílio (coisas de banda).Comecei a fazer todo trabalho sozinho, apenas Larrey (músico profissional) no baixo aparecia com frequência, mas conseguiu um contrato para uma turne pelo sul e se foi. Então resolvi começar do zero, toquei todos os instrumentos e gravei todas as nove faixas do disco sozinho."


TB: Vocês estão lançando um material novo. Quanto tempo foi gasto para a conclusão do CD? Como foi gravado?

WR: "O disco se chama “ONE” por razões óbvias e estamos na luta desde outubro e 2007.

Algumas baterias gravei fora, outras compus digitalmente, depois gravei as bases na guitarra, acrescentei o baixo alguns temas como HARRI’ S ON SWING, ROKON, ANALOO E MAVERICK gravei um teclado de som HAMMOND com muita reverberação, a proposta é soar como anos 60/70 um som bem cru mesmo. Por ultimo fui fazendo as guitarras, slides e um bandolin no bluegrass AL.

Com exceção de SMILE e THE PINK PECKER THEME todas são de minha autoria. Sou fã e colecionador de desenhos animados, clássicos, sempre tocávamos o tema da pantera cor de rosa que é em Mi menor. Ouvindo o tema do PICA-PAU achei que seria legal unir os dois. Pra tanto seria um som bem jazzy com “colcheias swingadas”.Gravei na guitarra a intro do pica-pau dando sua risada he he he hee!!.Toquei o tema em Sol maior que é o relativo a mi menor. O difícil foi executar os riffs da pantera tão rápido pois o original é bem lento, no final as duas melodias se unen num contra-ponto terminando com a risada do Woody. No mais acho que ficou legal, o pessoal gostou da idéia."


TB: O nome da Banda diz tudo Rock, Jazz e Blues. Podemos encontrar mais algum estilo na mistura do som da Banda? Quais são as suas maiores influencias?

WR: "O nome da banda é uma sintese do q fazemos, temos Rock (ROKAN), jazz (SMILE/PECKER), Bluegrass (AL) country-rock (Maverick) e soul (33 IS HERE and HARRI’S ON SWING) ou seja, um som bem pretinho...

As influências na guitarra são de WES MONTGOMERY, GEORGE HARRISON, STEVE HOWE, AL CAIOLA, CLAPTON E SRV.

No baixo Paul McCartney, Jaco Pastorius, Nathan East.

BATERIA: Karen Carpenter

TECLADO: Jimi Smith, Oscar Peterson, John Mayalls.

PEQUENA HISTÓRIA DA CAPA: Seria apenas a silhueta dos caras. Mas devido a insistência dos próprios membros, ex-membros ou futuros membros, acharam melhor colocar só eu. Fui contra, (pois pretendemos tocar ao vivo de novo) mas o pessoal insistiu e meu caro Fernando, aí usei as minhas habilidades de Designer, na montagem de diferentes 4 fotos de diferentes fases da minha vida, ou seja todos na capa são EU –WAGG. A idéia foi da turma.


Pois é meu caro TERREMOTO conseguimos gravar um disco com muita garra e superando as dificuldades de costume. Disponibilizamos uma pequena quantidade de cópias, só para fans, quantidade esta que já esgotou. Vamos lançar mais e pretedemos nos reunir em março, ensaiar os temas e alguns covers fazer shows para duvulgação, mas a formação da banda por enquanto será com GUI na bateria (meu filho) provavelmente Douglas no baixo e WAGG na guitarra/teclado."


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domingo, 13 de janeiro de 2008

Vídeo da Semana - Rastaman Chant on slide guitar



Esta vai ser uma série de artigos semanais, mostrando alguns mestres fazendo um som da pesada.

Então, nada melhor do que um bom slide para animar a festa, e com um cara que manda muito bem. Dr. César, que já tem um artigo no Blog, mostra como se deve tocar slide



quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Gaita não é Brinquedo com Leandro Ferrari

Este é o primeiro artigo sobre um instrumento que é característico no Blues, a gaita, e por isso trago um Mestre, que além do fato de dominar também inova na sua forma de tocar.

Leandro Ferrari é um músico Mineiro que tem em suas características a utilização da gaita diatônica no formato Harmônica Synth, que consiste na alteração de seu timbre característico por novas texturas, através de filtros e pedais normalmente utilizados por guitarristas. Além disso, ele é uma pessoa simples e que veio ao Blog passar um pouco de sua experiência para todos nós.

TB: Você não está limitado apenas ao Blues, o Rock, Dub, Hip Hop e o Rock Eletrônico também fazem parte do seu estilo musical. Como é tocar gaita nesses estilos e qual deles é o mais complexo?

LF: "Realmente tenho transitado em outras praias e acho importante para a popularização da gaita, mas penso Blues quando vou tocar qualquer outro estilo. É minha grande influência musical e pra mim é o mais complexo. A arte de tocar Blues requer sentimento além de técnica. E técnica se aprende na escola mas sentir as coisas se aprende com a vida. Então sigo os passos do mestre Miles Davis e penso Blues."

TB: O seu timbre é composto por vários efeitos de pedais. Quais efeitos você usa?

LF: "Uso um cabeçote Victory Head Serrano Amps com uma caixa 2X12, meu mic é um Eletrovoice 630. Usei na gravação do ultimo cd, Moogfoogers Low Pass, Ring Modulator, Stage Phaser e Murf, Blues Driver Boss, Fuzz Factory Zvex, DL4 Line 6 (Delay), Pog (Octave Polifônico), Whammy II, Swell Flanger Ibanez, Rotomachine Line 6, FVH500 Volume Boss e um POD XT. Na estrada uso muitas vezes o Victory Head, POD XT LIVE, pedal de expressão e Whammy II. Tenho alguns trabalhos onde também uso gaitas limpas mas com alguns truques de estúdio para não perder o costume!"

TB: Quais as maiores dificuldades de ser gaitista no Brasil?

LF: "As dificuldades de ser gaitista no Brasil são as mesmas de qualquer outro instrumentista, pouco espaço e incentivo para trabalhar com dignidade e uma legislação antiquada e inoperante que acaba não protegendo e profissionalizando os músicos. Uma tardia popularização da gaita no Brasil também dificulta um pouco, mas pelo menos neste sentido isto vem evoluindo bastante nos últimos anos e hoje já podemos contar com o apoio de alguns meios de comunicação e divulgação de empresas como a Bends, fabricante de gaitas."

TB: O seu projeto Leandro Ferrary y Compadres tem sons diferentes e muito bem feitos, gostaria de saber um pouco mais desse projeto. Você tem mais projetos fora esse?

LF: "O projeto Compadres foi criado inicialmente porque eu estava sem banda, e queria experimentar novas texturas em novos sons e aí me juntei ao MC Cubanito de Havana/Cuba (da banda BLACK SONORA), O raggamufin Pow MX (Lealsoundsystem), o baterista Glauco Nastácia (Tianastácia) e ainda contamos com vários colaboradores dentre eles: Rafael Carneiro (Paralaxe) e MC Diamondog de Angola. Tudo sobre a supervisão de Augusto Nogueira. Como vocês podem notar é um projeto e todos fazem parte de consagradas bandas mineiras. Mas tínhamos algo em comum que era à vontade de fazer esse som. Aí montamos o trabalho Leandro Ferrari y Compadres.

Mas é um compromisso diferente do que temos com nossos outros trabalhos, é um projeto que necessita de estrutura para ser bem executado e a principio se resume a um CD. Pretendemos continuar o projeto já que as pessoas têm baixado bastante nossas músicas o que nos deixa bem entusiasmados. Faremos alguns shows quando tivermos agenda livre e for interessante para o projeto. Este ano (2008) lançamos o single Sk8 Dub que pode ser ouvido no MySpace além de outras faixas de nosso primeiro cd lançado em 2006.

É possível também baixar outros trabalhos anteriores ao Compadres aqui. Para este ano está previsto para junho o Minas Harp VI / Encontro de Gaitistas, festival que organizo desde 2001 em BH e shows com a Banda Hot Spot e a cantora americana Rodica. No segundo semestre lançarei um novo show que estou ensaiando agora."

TB: Ferrari, muito obrigado por sua participação, deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

LF: "Então aí vai um toque para os futuros gaitistas, primeiro levem muito a sério este instrumento. Procurem estar sempre perto de bons músicos, ouvir sempre bons gaitistas, procurar a melhor referência possível. Hoje já existem bons métodos e vídeo aulas que podem ajudar, mas sempre que possível façam algumas aulas com um bom professor nem que você tenha que fazer uma viagem, ou aulas pela net, por que não?! E se não der procure auxilio, bons blogs e sites estão ai pra te ajudar. Tente da melhor forma possível fazer com que a harmônica seja um instrumento respeitado e a profissão de músico também."








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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Vozes do Blues com Bee Scott

Hoje comemoro a marca de 50 artigos com uma das pessoas que me fez entrar para o Blues, a minha Diva, Bee Scott.

Vi esta mulher cantando em um programa de TV, e me apaixonei definitivamente pelo Blues, e quem me conhece sabe o quanto este estilo é importante em minha vida.

A Bee Scott é umas pessoas singulares, que veio ao mundo para mostrar um talento que só pode ser atribuído aos mais elevados anjos do céu.

Não tenho como agradecer este presente que recebo, mas com todo orgulho compartilho este artigo com vocês.

TB: Você está afastada dos palcos, mas está trabalhando muito nos bastidores. Hoje você tem uma produtora, uma rádio na Internet e escreve artigos para sites e blogs, como você consegue fazer tudo isso?

BS: "Em 2001 perdi uma filha no meu oitavo mês de gravidez e precisei entrar dentro da casca de câncer, voltei para o palco em 2003, onde acredito ter agregado algo mais a minha sensibilidade, uma maturidade sonora de alma e de vida. Uma praticidade e um senso de direção muito forte! Saber onde ir e onde chegar!

Percebi que cantar, criar, produzir, concretizar projetos culturais como a Rádio Strangers, tudo isso era parte de um projeto maior de vida, sempre ouvi de pessoas próximas, que Deus havia me presenteado com muitos dons e que por eu ser perfeccionista, eu os faria com muita garra, então, resolvi testar outras atividades que pudessem exigir de mim a criatividade e o corre corre que tanto gosto.

Às vezes, comento com algumas pessoas, que me tornei viciada em trabalho, raramente consigo me distrair com amigos, minha cabeça está pensando 24h em trabalho...As idéias surgem e eu preciso estar sempre pronta!

Eu não produzo apenas, hoje sou sócia da Na Selva Produções com a produtora Janaina Nascimento; sou dona da Rádio Virtual Strangers, onde mantenho um Server mensalmente, pois a rádio, consome um número elevado de gigabytes e a cada dia cresce mais, neste momento estamos reformulando a rádio.
Tive que tirar umas pequenas férias do site Balela de onde sou colunista, e do livro anual dos Anjos de Prata, do qual fiz parte em 2006 com três textos.

Estamos com uma grande demanda de produção e estou bastante satisfeita, pois tenho trabalhado com pessoas incríveis, com pessoas de todas as personalidades e egos. Acredito, que seja um estágio para que possamos exercitar a humildade.

Na produção aprendemos demais com o comportamento alheio.

Estando fora dos palcos, é como se tivéssemos nos vendo por um espelho, egos vulcânicos, explosivos e bastante exigentes; aprendemos a respeitar todos os temperamentos e ter o famoso jogo de cintura.

Fica tudo tão diferente...
Sempre fui exigente demais com o perfeccionismo, porém de uma maneira simples.
O talento independe de arrogância, aliás não combina com este estado de espírito!
O talento é tão poderoso que ele tem vida própria dentro de você, ele transcende, levita.

Temos que ampliar nossas mentes em direção ao novo, não pensar que somos únicos e que o universo não gira sem nossa participação, somente assim temos a chance de crescimento real...Estamos sempre zerando os pontos. O que permanece mesmo é o respeito que angariamos ao longo da vida e guardamos como fichas que podemos gastar mais tarde!

Quando eu participei da montagem da parte de sonorização do Sesc Vila Mariana, o engenheiro responsável me encontrou em uma bancada de solda e perguntou: Você não é a cantora de blues? O que vc faz aqui soldando cabos ?

Eu respondi: Gosto de aprender o que se passa por trás do meu trabalho, cantar não é somente segurar um microfone na mão e fazer caras e bocas.

É gostoso aprender como plugar um aparelho, e até mesmo consertar seu próprio cabo de microfone.

Uma cantora hoje em dia, não pode se dar ao luxo, em pleno século 21, de se alienar em frente a um microfone; ela tem que conhecer os bastidores do seu trabalho, para que possa opinar com propriedade nas decisões técnicas de seu show.

Quando fiz meu show no Sesc Vila Mariana, senti aquela pontinha de orgulho, de eu estar cantando e utilizando o cabeamento que eu mesma soldei.
Isso me deixou feliz!"

TB: A sua Rádio tem o objetivo de divulgar os talentos nacionais, e mostrar pra nós brasileiros, que temos capacidade de fazer música de verdade. Como você seleciona as Bandas para a rádio?

BS: "Acredito no meu senso crítico, e nas regras que coloquei para esse projeto cultural.

Considero a rádio meu primeiro filho, por este motivo o design dela tem um bebê com fones de ouvido, representando o nascimento do ser inteligente! O desconhecido originalmente bom!

Acredito muito no que não é popular, gosto do diferente, do cult, do underground, sou bastante exclusivista, mas não critico o outro lado da moeda, porque existem pessoas bacanas e talentosas em todos os seguimentos da música, mas meu feeling e meu gosto me empurram para o alternativo.

Falo de uma música bem feita, com harmonias e melodias bem construídas; é difícil passar a vida toda ouvindo Miles, Charlie Parker, Jimi Hendrix, B.B.King, Bill Evans, Coltrane entre muitos outros nomes que passei a juventude toda escutando e não desenvolver um senso forte crítico, um gosto apurado e uma ampla visão do improviso!

Quando eu assisto um show, eu já desenho na minha cabeça as notas que serão dadas no próximo acorde... Já é natural em mim.
Óbvio que não me prendo somente no blues, apesar de ser uma bluseira de alma; adoro descobrir nomes, vozes em novos estilos.
A primeira regra da rádio é ter um som de qualidade em termos de sonoridade, obviamente que o trabalho musical tem que ser inquestionável.

Eu não observo somente a técnica, eu observo outros fatores, como a criatividade, musicalidade, até mesmo a simpatia conta para que eu receba o artista na minha rádio.

Adoro um belo trabalho, aliado a humildade!

Não falo dessa humildade de ser coitadinho...

Porque todo artista tem ego inflado e acho até positivo, porque o faz correr atrás e desafiar seus próprios limites...
E quando é desafiado este ego, ele aparece arrebentando portas...e se não for bem trabalhado pode minar a carreira do artista.

Acredito no trabalho feito na quietude!
O artista que corre atrás da forma mais cotidiana possível...
Ralando!

Cavando espaços e sempre se reciclando!
Aquele artista que sempre tem nas mãos, materiais de qualidade, como mp3, cd demo, um belo release com fotos boas, um cartão de visita personalizado, investir em si mesmo e a simpatia e humildade de bater nas portas!

Meu projeto para 2008 é entrar em contato com um selo e fazer um cd da Strangers rock
Strangers Blues , todos os seguimentos da rádio!

Temos materiais fantásticos para isso!"

TB: Você tem uma das músicas mais bonitas que já escutei (“Trilhos”). Sei que o processo de composição varia de compositor para compositor. Como você compõe suas letras?

BS: "Meu processo de criação não é muito diferente dos demais, eu apenas coloco o coração profundamente nele, me entrego totalmente, mas acho que uma peculiaridade é que tenho que compor coisas reais...Sem fantasiar, eu vivo determinadas situações e crio minha letras, tenho um Gibson Ephifone muito bom, uso cordas Martin MH530 .010Phosphor Bronze...

E posso dizer que desde o primeiro momento, este violão sempre falou somente a minha língua!
Ele não conhece o caminho de outros sons...Ele toca somente o que eu crio!

É um estilo de compor, um estilo de ser meu!

Esta música Trilhos há bem pouco tempo foi super elogiada por um crítico de jazz americano. Confesso que nunca rotulei...Mas quando eu compus, eu havia ido a uma sessão de vídeo do Itaú cultural sobre blues, e me apaixonei por este filme, um curta metragem que contava a vida de vários bluesmans que não ficaram famosos, mas que eram lendas e mostrava a vida deles o dia a dia...Dentro de um trem...

Cheguei em casa inspirada...

Eu andava de metrô e de ônibus com um gravador de mão.
Eu cantarolava a melodia que eu havia criado para não perdê-la e esboçava a letra em pequenos papéis que eu encontrava dentro da bolsa...

Tem uma música no meu site, chamada “7th avenida” que fiz em homenagem ao Miles Davis, mas a música fala da minha Avenida do coração, “Paulista”.
Porque quando eu me sentia sozinha em são Paulo, ou me sentia oprimida nesta cidade gigante, eu pegava um ônibus e andava a paulista toda, e voltava renovada para casa... Deve fazer uns bons 18 anos.

Muitas vezes meu ex-marido vendo que eu estava irrequieta, sem inspiração, me convidava para passear de carro à meia noite na av paulista; eu abria os braços e andava com o vento na cara!

Isso tudo me remetia a fazer minhas canções!

Então meu processo criativo tem um momento certo, que nasce dependendo do que estou vivendo.

Pareço um pescador, que passa horas em frente ao mar esperando o momento de pescar!"

TB: Quando teremos a Bee Scott nos palcos? E existem previsões para um CD?

BS: "Recebo diariamente e-mails e contatos para produzir meus shows, pedidos de cds, dvds, casas de shows, pessoas que acabaram virando fãs, propostas de músicos americanos, pois a Internet tem um poder muito grande de tocar uma carreira sozinha, você pode estar afastada dos palcos reais, mas o palco virtual continua a te projetar para um número cada vez maior de pessoas!
Basta você saber como investir neste seguimento.

Hoje posso dizer que cuido do material virtual de várias bandas, a grande maioria de blues e uma delas, a Banda Blue Jeans, há um mês, estourou a Bandwidth, de tanta visita e procura pelo site, tudo isso é um resultado de um investimento da banda, claro que o trabalho, a notoriedade contam, mas na rede o que conta é ter um bom material, fácil de navegar, interessante de bom gosto.
Você investe uma vez e com toda certeza, sabendo trabalhar na divulgação, este gasto torna-se rentável!
Está no ar o site da Irmandade do Blues, Ruthe London, Piano Duo, estou acabando o site do Ari Borger e o da cantora Vania Lucas.
Hoje conto com um super designer, um músico bluseiro que está surpreendendo com seu trabalho em sites, o músico e artista gráfico Ricardo Lima, com quem tenho o prazer de trabalhar!
Sou formada em Belas Artes pela UDESC, e hoje desenvolvo arte gráfica em web e em business card, entre outros trabalhos ligados ao meio artístico, incluindo a consultoria para bandas de comportamento, moda e tudo relacionado ao estético de um trabalho musical.

Tudo isso é fantástico! Adoro trabalhar com esta possibilidade do inusitado, do mistério que envolve cada trabalho, é um desafio!

Eu acabo de passar por uma experiência inovadora, recicladora, onde mudei minha vida radicalmente!
Passei por uma cirurgia grandiosa, de desvio do intestino, Dr Lazarroto, onde perdi 24 kilos e me sinto outra pessoa.

Apesar das grandes cantoras de blues serem gordas, eu sou muito vaidosa e não estava satisfeita comigo, meu lado perfeccionista falou mais alto.

Tive que ficar o ano de 2007 afastada dos palcos, mas pretendo viajar para fora do Brasil em julho, se tudo der certo.
Não sei o que o futuro me reserva, pois estou aprendendo a planejar; não posso prever se tudo que eu quero vai acontecer, mas posso batalhar para que aconteça!

Pretendo continuar o curso de cinema com meu professor Francisco Conte, fazer meu documentário de blues e tenho planos futuros para um livro e um cd com várias parcerias
interessantes."

TB: Bee, não tenho como descrever o quanto fico honrado de ter você no meu Blog, deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

BS: "Quero agradecer ao convite que você me fez, o respeito que você sempre demonstrou pelo meu trabalho, pela minha carreira.
Finalizo esta entrevista tão bacana dizendo: Ser músico, antes de mais nada, é ter a sorte de nascer com alma afinada, e a dádiva de ter ouvintes fiéis.

Sempre sabendo que, apesar de termos este dom musical, somos parte de um universo de seres que se esbarram pelas ruas da vida e que ninguém é melhor do que ninguém. Existem pessoas mais batalhadoras e pessoas que usam com mais sabedoria seus dotes musicais.

Somos apenas passageiros em busca da satisfação e da plenitude."





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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Nosso Blues e Nossas Bandas com Black Cat Bone

A idéia de fazer um som rural, com todas as características do verdadeiro Blues, foi posta em prática por um grupo de músicos em Brasília.

A Black Cat Bone revive os momentos de ouro do Blues, trazendo aos palcos as velhas canções e histórias vividas por eles e pelos nossos grandes mestres.

João Paulo Charleaux é quem nos conta um pouco do trabalho maravilhoso da Banda.

TB: João, conte um pouco da história da Banda.

JP: "É uma história inacabada, em andamento, porque toda vez que a gente se junta tem gente nova, tem canja, tem "causo" novo, tem instrumento novo, enfim, acho que a gente ainda não teve tempo de consolidar o que se possa chamar de uma história da banda com "H" maiúsculo. E também acho que, no fundo, é bem melhor assim. Não estamos aqui pra fazer história. Isso é bobagem. Queremos tocar o bom e velho Blues que não se encontra por aí."

TB: Como surgiu a idéia?

JP: "Eu fiz um show, sozinho, tocando violão acústico e cantando, numa casa de Brasília chamada Rayuela Bistrô. Cantei só Robert Johnson no velho estilo rural, batendo o pé no tablado, inspirado em Michael Picket e John Hammond e, entre uma música e outra, contei histórias e lendas do Blues, como sabiamente fazem os nossos maiores violeiros brasileiros, como, por exemplo, o Ivan Vilela, quando fala de sua cultura e de seu instrumento, a viola caipira de dez cordas.

Acho que a coisa pegou o público de surpresa porque a galera estava lá para ouvir uma banda de Brasília composta por gente mais antiga na cidade, com baixo, bateria, guitarra e toda aquela massa sonora, tocando aquele rock'n roll que ainda se insiste em chamar de Blues, com Stones e etc. O show desse pessoal se chamava "De Mississipi a Chicago", mas começava com Jumping Jack Flash, que é uma música feita em Londres, muitos e muitos anos depois do que se pode chamar de Mississipi Blues. Confesso que fiquei meio indignado com a forma leviana como se emprega o termo "Blues" muitas vezes na noite e, por isso, propus abrir o show no velho estilo rural. Foi um grande sucesso e o dono da casa propôs que eu fizesse isso todo sábado.

Ao mesmo tempo, o gaitista Cauê Menezes e o violonista e cantor Sames Blues desenvolviam um trabalho de muitos anos em Brasília, de puro Blues de raiz. Eu conheci essas duas figuras poucos dias depois desta história no Rayuela. A empatia foi imediata. Tocamos juntos uma noite inteira no Arte Café. Nos conhecemos naquela mesma noite, por acaso. Eu voltei em casa e trouxe os instrumentos. Tocamos até umas 2h ou 3h da manhã. Acho que eu só somei alguns detalhes a esse projeto que, na verdade, nasceu com essas duas figuras, como água mole que bate incansavelmente na pedra dura da breguice musical que normalmente campeia pelas casas noturnas.

Depois, agregamos um percussionista chamado Paulo Casamarela, que eu conheci através da esposa dele, uma Argentina chamada Sofia Hammoe, em 1999, tocando violão em Havana, Cuba, mesma ocasião em que conheci minha esposa, nessas andanças pelo mundo. Por último, veio o Baixão, que já tinha tocado várias vezes com o Sames e o Cauê. A participação dele resultou no nosso primeiro grande show de qualidade, na minha opinião. E a principal contribuição dele foi, além da excelente música, o astral."

TB: Qual a formação da Banda?

JP: "Temos o famoso Sames Blues, que canta, compõe e toca violão acústico. Ele é um cara que viveu no Mississipi e conheceu a coisa toda de perto. É o nosso farol no mar revolto. Toca Blues rural na noite há muitos anos, é um pioneiro e um batalhador. Grande voz, grave, rouca, grande interpretação.

Depois, contamos com um gaitista virtuosíssimo chamado Cauê Menezes, que também troca flauta transversal em outras formações. É um instrumentista excepcional, um pesquisador musical nato e um cara de uma personalidade consistente, grande parceiro. Ele também ajudou com a coisa do "trompente" e trouxe para o palco o famoso Diddley Bo.

A percussão é responsabilidade do Paulo Casamarela, um pernambucano super criativo, que constrói tambores de maracatu em casa, só para você ter uma idéia. Ele toca de tudo, é um especialista em ritmos, conhece muito de Brasil e é um DJ requisitado em Brasília, conhecido como DJ da Luz. Acho que o Paulo é o coração da banda. É amável, simpático, engraçado e carinhoso.

O baixista se chama Baixão porque o nome dele é complicado, eu nunca consigo lembrar. Ele foi o último a aparecer nessa nossa formação atual, mas, quando subiu no palco com a gente, estraçalhou. Toca muito, sola, acompanha muito bem, canta em coro impecavelmente e tem uma vibração simplesmente formidável.

Aí, tem eu também, que conto os causos, toco violão de madeira, violão dobro, canto em coro, faço uns solos lá, do meu jeito. Eu me sinto o menos músico de todos, mas a verdade é que o poder da nossa receita está na mistura de todos."

TB: Porque o Blues Rural ?

JP: "Porque é muito bom. É o filé do Blues, eu acho. É onde você ouve a voz com clareza, os instrumentos, os acordes, os timbres. Não tem essa correria de guitarras, uma passando em cima da outra, não tem essa massa sonora que simplesmente satura a audiência. É uma música muito sincera, muito intimista e, com os instrumentos artesanais que a gente incorpora, permite uma descontração que beira a comédia escancarada. É uma música cheia de mística, de lendas, de causos, enfim, acho que é uma música muito humana, em sintonia com o ritmo da vida simples que a gente gostaria de poder levar, mesmo que o cotidiano muitas vezes nos arraste para outros lados."

TB: Conte um pouco do som do "Trompete", feito com um pente. Quais instrumentos além desse são utilizados nos Shows?

JP: "Tem muita coisa. O primeiro instrumento maluco que a gente incorporou foi o Wash Board, que é, como o próprio nome em inglês diz, uma tábua de lavar. O Casamarela pegou uma cadeira quebrada do Rayuela Bistrô, de madeira, e a gente passou um dia inteiro numa metalúrgica do setor de Indústrias Automotivas de Brasília construindo a chapa metálica ondulada que produz o som de percussão bluseria quando esfregada pelos dez dedos, devidamente vestidos com dedais de costuras. Depois, incorporamos sinos e afins, pregados nas laterais do shape de madeira, com a chapa de latão acoplada. A coisa foi tão bacana que rendeu uma grande reportagem da TV Record, que nenhum de nós nunca viu, mas que, dizem, foi genial!

Depois, veio o Diddley Bo construído pelo Cauê. Nada mais é do que uma corda de aço esticada entre dois pregos sobre um pau. Você desliza o slide sobre ele, produzindo um som primitivo e muito interessante. Sabemos que instrumentos como esse são afixados nos batentes de varandas de muitas casas rurais do Mississipi. O pessoal fica na varanda vendo a vida passar e tocando o Diddley Bo, enquanto entoa lamentos de todo tipo.

Por último, veio o "trompente", uma mistura, como o nome diz, de trompete com pente, que não é nada mais nada menos que um pente fino coberto com papel de seda, onde você produz um som formidável ao fazer os beiços tremelicarem com o papel no meio. O som é, realmente, muito bom. A coisa se presta a solos alucinantes!

Talvez eu pudesse falar também do violão dobro, que é totalmente confeccionado em latão, mas esse já é um instrumento industrializado, mesmo sendo raro no Brasil.TB: Existem planos para a produção de um material próprio?

JP: "Acho essas novas ferramentas, como os blogs e o Youtube, absolutamente fantásticas. Eu estou satisfeito com isso. Não preciso de mais material próprio, como você diz. Mesmo assim, está saindo por aí um DVD demo produzido por um amigo nosso e também acho que os demais colegas do quinteto talvez possam ter outros planos. Nesse caso, eu vou de carona. "

TB: Muito obrigado pela participação, deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

JP: "Obrigado pelo interesse. Essa coisa de Blues Rural parece, mesmo, uma confraria de gente muito apaixonada, como você e como nós. É difícil, entretanto, fazer com que essa gente dispersa se reúna para um show ao vivo. Eu recebo emails de todos os cantos do Brasil, de pessoas saudando nossa iniciativa e lamentando que não haja coisas parecidas em suas cidades, em seus Estados. É uma pena porque, ao mesmo tempo, aqui em Brasília, uma banda como a nossa também não encontra muita oportunidade para tocar. Talvez fosse mais fácil se cada um de nós fosse tocar MPB sozinho, cada um para um lado, mas não é o que fazemos. Na verdade, na verdade, acho que, no fundo, dá no mesmo tocar sobre o palco ou na área de serviço lá em casa. O importante é que essa música não se perca dentro de quem toca ela. Esse é o Blues."


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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

CarnaBlues 2008 no Mr. Blues

Uma novidade em primeira mão !!! CarnaBlues no Mr. Blues.

É isso ai, você que adora um tamborim fazendo barulho bem longe, essa é a sua oportunidade de diversão no carnaval.

Este evento está sendo organizado pelo meu grande amigo Gaspar, que em breve vai nos dar mais informações;

01/02 Sexta-feira: Paulo Mayer & The Burning Bush
02/02 Sábado: Black Coffee Band
03/02 Domingo: Eletric Muddy Band
04/02 Segunda: Sergio Duarte e Entidade Joe
05/02 Terça: Viola Blues

Vai ter venda do pacote, os 5 dias R$ 50,00, para venda antecipada, preço normal da bilheteria é R$ 20 homens e R$ 15,00 mulheres

Local: Mr. Blues
End.: Av. São Gabriel, 558 - São Paulo - SP
Tel.: 3884-5255

3º Ilha Blues Festival

Este ano de 2008 vai ser repleto de Festivais, iniciando com uma pedrada o 3º Ilha Blues Festival, está repleto de atrações fantásticas.

Com representantes de várias localidades do Brasil, este festival mostra a força do nosso Blues.