terça-feira, 30 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Victor Busquets

Este é um dos melhores bateristas que já vi tocando ao vivo, incluindo os bateristas americanos. Dono de uma técnica magnífica, Victor Busquets é sem duvida um nome a ser lembrado, pois com toda certeza ele vai entrar para listas do melhores bluseiros do Brasil.

Os limites para este músico, vão além de nossas fronteiras, pois a perfeição de sua música é algo que não posso descrever em palavras. Ele está pronto para conquistar o mundo.

TB: Hoje você toca em 3 projetos, Zona Blues, Comparsas do Nogueira e na Robson Fernandes Band. Quais as diferenças e semelhanças do seu trabalho nos projetos?

VB: “É, atualmente tenho 2 grupos de blues, um que tem a gaita em primeiro plano ( Robson Fernandes) , eu acho moderno e bastante explosivo , isso por causa do estilo do Robson de tocar e pela intenção que agente sempre pensou em mostrar, o outro é da Zona Blues que é um grupo de blues que faz letra em português, também com muitas influências , como texas blues ,levadas de funk e jump, atualmente agente ta gravando o 1º disco de músicas próprias, já o Comparsas é um trio bastante livre , é de Fusion e tem intenções desde o progressivo ao freejazz, improvisação e temas 'tortos' ,tem composições de todos, mas ambos os grupos com improvisações e uma maneira de tocar intensa.”

TB: Você é um baterista novo, com 24 anos de idade, mas no palco você demonstra uma experiência infinitamente superior a sua idade real. Quanto tempo você toca bateria? Você ainda estuda?


VB: “muuuito obrigado ! toco desde os 14 anos de idade , comecei a tirar músicas de rock e metal progressivo,logo após o progressivo comecei a pirar no jazz e fusion, depois fui pegar aula e estudar técnica no jazz/musica brasileira com o Cuca Teixeira, Las Casas, Alex Buck, Sandro Haick e Sergio Gomes( na faculdade FAAM) , ainda estudo sempre que posso, tiro músicas e toco junto, estudo técnica e vejo shows , atualmente estudo piano/harmonia, to compondo e escrevendo bastante... quem sabe um futuro projeto.”

TB: O que você espera do cenário do Blues Brasileiro? Você acha que temos futuro?

VB: “Eu acho que tem muito músico bom por ai, principalmente em lugares que nunca ninguém ouviu falar, gente com estilos completos, grupos muito bons mesmo, o que falta mesmo é organização, o blues é mau visto querendo ou não, a união é necessária, virar uma cena e gerar interesse( agente existe !! ) , tem futuro com certeza mas também tem muita falsidade por trás(como qualquer outro estilo), gente que fica se achando bluesman, uma briga de ego , não sou nada... e nem quero ser , quero só tocar rs , mas vejo isso bastante e ignoro.”



TB: Acredito que você é um dos melhores bateristas de blues no Brasil, você já pensou em fazer sua carreira fora de nosso país?

VB: “Penso bastante nisso, mas acho que ainda não estou pronto, quero obter mais experiência e fazer mais trabalhos concretos ... pra ter o que mostrar lá fora, mas penso muito em ir pra fora sim, a cultura nesse país é complicada...e é fácil se desmotivar pra quem não tem o mínimo de nome.”

TB: Estou muito feliz por estar fazendo este artigo com você, gostaria de agradecer e deixar este espaço para seus comentários finais.

VB: "Agradeço imensamente as perguntas aqui Roberto, seu blog é um fanzine com informação de verdade! E isso é muito importante!! Pra mim foi o maior prazer fazer parte dele e te conhecer, qualquer coisa que eu puder ajudar estou a sua disposição!"



Victor, Muito obrigado..... Paz e Blues !!!

Veja e escute mais:
- Zona Blues(myspace)
- Zona Blues(site)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Fabio Pagotto

Este cara é uma das pessoas mais prestativas do mundo do blues, além de ser um músico extraordinário. Para que a música não pare, ele sempre está disposto a ajudar no que for necessário.

Fabio Pagotto foi um dos fundadores de uma das bandas mais fantásticas que já vi tocando, a Nitro Blues, que infelizmente não está mais na ativa. Agora ele faz parte da Garbage Truck e de vários outros projetos como músico contratado.

Seu som é forte, marcante e essencial para que o blues continue a crescer, agora chega de papo, vamos ao que o Pagotto nos escreveu.

TB: Quais as principais características que você busca em um contrabaixo, para que o seu som fique perfeito?

FP: “O braço tem que estar perfeito, afinando perfeitamente em toda a extensão, com trastes bons. Tem que ter bons captadores, que permitam obter o som cremoso e quente que o blues exige. As cordas prefiro 0.45 ou 0.50. Não me importo mais com marca ou modelo do instrumento. Tanto faz o que está escrito no hedstock. A verdadeira mágica está nos dedos.”

TB: Você é um dos poucos Baixistas que usa pedais de efeitos no som. Quais os efeitos que você usa?

FP: “Na verdade eu só uso pedal quando o trabalho exige. Como toco principalmente blues, é muito raro usar efeito. 95% do tempo os efeitos que eu uso são atacar as cordas mais próximo do braço, pra ficar mais gordo, ou mais próximo da ponte, pra ficar mais médio-agudo. Ou usar palheta, ou ainda mexer no botão de tonalidade. Eu montei uma pedaleira quando tinha uns trabalhos pop pra fazer, e acabava levando ela por aí mais de farra, e também porque ela tinha afinador e direct box. Nessa pedaleira pus um pedal Electro Harmonix BassBalls (envelope filter para funk), Boss Bass Synth, compressor Boss CS-2, delay (bem pouquinho) para dar uma ambiência, oitavador (para baixo), chorus, Lexotone (um fuzz handmade marca MG, muito bom, com oitavador para cima; literalmente as portas do inferno, dava um som ao estilo de Enthwistle), um modelador/DI Behringer e um Boss Bass Graphic Equalizer. Tudo isso num case Landscape com fonte estabilizada. Só que a mior parte do tempo usava só o Graphic Equalizer e o compressor CS-2. Gosto muito dos pedais da Boss.”


TB: Como venho pesquisando entre os músicos, gostaria da sua importante opinião a respeito do entrosamento entre o baixo e a bateria. O que um baterista deve ter para que a "Cozinha" fique perfeita?

FP: “O baterista é o melhor amigo do baixista, e vice-versa. Uma boa cozinha levanta a banda, deixa o vocalista e o guitarrista tranquilos para arregaçar. Como qualquer outro músico, o baterista tem que ter pegada, amor profundo pelo que faz e prazer em estar tocando com os amigos. O resto se arranja. Técnica é importante, óbvio. Mas no blues o feeling é ainda mais importante. É só pegar os discos dos velhos. Quase não tem virada, é reto, porém a pulsação é constante. É c omo sexo bem feito, tem um fluxo, um ritmo, a banda vai e volta, sobe e desce, vira e desvira. A cozinha tem que ser intuitiva. Pra adquirir isso só com alguns anos de palco e muitos anos de amor ao blues, respeito aos mais velhos e muita vontade de tocar.”

TB: O que você acha que falta para que o Blues tenha espaço no Brasil?

FP: “Muita coisa. Respeito é o principal. Nã há profissionalismo no meio musical brasileiro, em qualquer um, incluindo o jazz e o erudito. Tudo é muito amador, é freqüente coisas como cancelamentos em cima da hora, a falta de pagamento, calote, completo desrespeito ao músico, ausência de estrutura... Falta lugares com música ao vivo, temos uma mídia de bosta, que só divulga porcaria... Há espaço apenas para o ritmo estúpido da moda, seja axé, pagode, sertanejo, roquinho água-com-açúcar, funk carioca ou seja lá que merda for. Não tenho o menor preconceito com outros ritmos, já toquei pagode e sertanejo por motivos profissionais, minhas raízes são de música sertaneja (moda de viola com os primos tios mais velhos do interior). O que me deixa cabreiro é que a mídia porca e preguiçosa não dá espaço pra outras coisas. Interessa só que eles julgam que irá vender. A internet está mudando um pouco esse panorama, espero que mude mais.

Nos Estados Unidos e Europa o quadro é muito diferente. Nos EUA, por exemplo, conheço amigos músicos que foram criados por pai músico até a faculdade, trabalham com música e sustentam família, casa, carro, plano de saúde e tudo o mais pra manter um padrão de vida decente. E lá é assim: tem espaço pra caramba pra Britney Spears e Madonna, mas tem também pro Buddy Guy e B.B. King, bem como ritmos regionais e bandas iniciantes. Todos tem espaço na mídia e onde tocar. Há como sobreviver de música lá, sendo músico. Na Europa, se você tocar cover, riem da sua cara. Lá eles querem ver música original.

Aqui no Bananão (como o escritor Ivan Lessa chama nosso país), é foda viver como músico, Sei como é na pele, já vivi só de música. Viver só de música fora da mídia mainstream é pedir pra passar fome, literalmente. Se sujeitar a tocar a noite toda por 30 paus, indo a pé, sem nada no estômago, porque tá acabando a fralda do moleque. Mesmo dando aula e tocando de sol a sol não dá pra manter as contas em ordem, é uma correria absurda. Isso é, se você gosta de coisas luxuosas como comer, morar e vestir. E neguinho por aí ainda toca de graça, ou a troco de cerveja, porque tem outra profissão. Quem faz isso fode o músico profissional. Olha, uma coisa é tocar pra ganhar experiência, ou divulgação, ou qualquer coisa que seja. Mas tocar de graça não pode. Só se for uma jam session entre amigos, o que é diferente. Porque o dono do bar ou casa de show está lucrando em cima de você, se você toca de graça, e ainda tá tirando o alimento da boca do músico profissional.”

TB: Mestre, muito o brigado pela sua colaboração, gostaria de deixar um espaço para seus comentários finais.

FP: “Opa, tamos aí, Mr Earthquake. Sei lá, o lance é tocar sempre com muito, mas muito tesão. E se divertir. Se não for assim não vale a pena.”


Pagotão, valeu por mais essa ajuda. Paz e Blues !

Escute mais:
- Garbage Truck

terça-feira, 23 de outubro de 2007

SHOW DE BLUES BENEFICENTE

Você pode ajudar crianças portadoras de HIV+ e se divertir ao som de oito das melhores bandas de Blues de São Paulo.

Veja mais acessando o site: Site Blues pela Vida

Local:
Centro de Eventos Pedro Bortolosso
Endereço: Av. Visconde de Nova Granada, 11 - Osasco-SP
Horário: 13:00
Entrada: 1kg de alimento não perecível + 05 latinhas de alumínio.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Blues com Alma Electric Muddy e Black Coffee

No sábado dia 20/10/2007, vi um dos shows mais empolgantes de todos os muitos que já fui. Muitos podem dizer que as Bandas são de amigos meus, mas felizmente eu tenho muitos amigos no blues, e sou amigo de muitos integrantes de bandas, então esse argumento não pode tirar o mérito de meus comentários.

Não me lembro de ter me divertindo tanto em um show, como me diverti neste. O Bar não estava cheio, mas todas as mesas estavam ocupadas com pessoas bonitas, um público que toda banda de blues gostaria de ter, mas desta vez quem se beneficiou com a presença daquelas pessoas foram as bandas Electric Muddy e a Black Coffee.

A noite iniciou com uma apresentação perfeita da Electric Muddy, com clássicos maravilhosos tocados com uma energia indescritível. A banda estava um tempo afastada dos palcos, mas retornou como se nunca tivesse saído deles.

A segunda banda a entrar no palco foi a Black Coffee, que veio com novidade em sua formação, o baixista André Sangiovanni("bebezon"). Ele entrou com seu baixo de seis cordas, e colocou um swing inacreditável no som que já era maravilhoso da Banda.

Quem viu pode contar para os amigos que foi em um show maravilhoso e vai guardar esta recordação por muito tempo, quem não foi, vai contar para seus amigos como foi aquele capítulo idiota da novela.

Como sempre digo, levante este seu corpo mofado do sofá e vai escutar um blues.

Veja:

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Mestres do Slide com Celso Salim

Um dos melhores guitarristas de blues nacional, que está prestes a lançar seu 3º CD (“Big City Blues"), mostra nos Shows todo o poder das 6 cordas.

Celso Salim é um guitarrista de Brasília que vive em São Paulo, fazendo o que realmente sabe, Blues. O mais importante de tudo isso, é que ele é um dos melhores no Slide e quem nunca escutou esse bluesman, deve se redimir desse pecado e ir a um show ou escutar seus trabalhos.

Agora chega de papo e vamos ler o que o Mestre tem a nos contar.

TB: Assim como o blues, o slide não é uma tradição aqui no Brasil. Como você iniciou o uso desta técnica?

CS: "Concheci o Blues aos 12 anos com um professor de guitarra chamado Edu Brito de Brasília. Ele me mostrou muito Blues antigo como Robert Johson e Muddy Waters, esses foram os primeiros q eu estudei e tirei os solos. Depois passei a ouvir guitarristas mais modernos como Johnny Winter, Duane Allman e os guitas do Lynyrd Skynyrd. Fora as aulas com o Edu, eu tirava o maximo de músicas possíveis de ouvido."

TB: Você está lançando seu 3º CD (“Big City Blues"), o que eu quero saber se neste novo trabalho você gravou músicas utilizando Slide?

CS: "Gravei sim, e muito!!!! Das 13 faixas, 7 têm slide, sendo 4 com o dobro e 3 com guitarra elétrica. Ultilizo afinações em A, E, Em e afinação normal."

TB: Percebi uma grande evolução de timbres, energia e experiência entre seu primeiro trabalho (Lucky Boy) e o seu segundo (Going Out Tonight), o que podemos esperar do seu mais novo trabalho(Big City Blues) ?


CS: "Acho que o som continua evoluindo. Quanto mais experiência você ganha no estudio, melhor fica a gravação. e sempre tenho essa preocupação de estar melhorando a cada trabalho.O cd conta com músicos de primeira linha e com um excelente engenheiro de som. Procurei ultilizar equipamentos de alta qualidade também.

E como produtores eu e Rafael Cury já estamos no 5o cd, então acho que a produção está melhor. "

TB: O pouquinho que eu sei de slide, aprendi com você, e agradeço muita a sua paciência como professor. Mas quero te fazer a última pergunta. Há procura por aulas de slide, e qual é o perfil desses alunos?

CS: "Não dou tantas aulas, mas é difícil alguem procurar aulas especificamente de slide, geralmente eles querem aprender a tocar Blues em geral então uma hora agente chega no slide também."

TB: Muito obrigado pela sua atenção, e deixo aqui um espaço para comentários finais.

CS: "As técnicas de Slide não são fáceis de absorver. A minha dica é realmente desenvolver o ouvido e tirar o maximo de músicas possíveis. Um bom professor para dar as dicas tanbém agiliza o processo.

Escolha um slide você se sinta confortável. geralmente slides muito finos não são bons. Tenha a preocupação de tocar as notas bem afinadas, um solo de slide desafinado não soa muito legal não...hehehe

Têm que saber tocar em afinações alternativas e na normal também."



Celso, muito obrigado pela ajuda !!! Paz !!!

Veja e escute:

- Celso Salim

terça-feira, 16 de outubro de 2007

História do nosso Blues com Ave de Veludo

Em 1984 era lançado um dos primeiros disco de Blues em Português do Brasil, “Elétrico Blues” da banda Ave de Veludo, banda paulista formada na década de 70.

A Banda tinha em sua formação Índio (voz), Ney Prado (guitarra), Paulinho Prado (baixo) e Sérgio Tenório (bateria).

O som não é o Blues tradicional, parece mais com os primeiros trabalhos de Blues das bandas Inglesas da década de 60. Realmente o blues no Brasil teve seu início bem tardio, mas como dizem, antes tarde do que mais tarde.

O disco Elétrico Blues, foi lançado no formato de LP pelo selo Baratos Afins, e foi relançado em CD tempos mais tarde. Acredito que a própria Baratos Afins tenha esse material para vender.

Recomendo para os verdadeiros amantes de Blues.

Veja:

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cozina do Blues com Wagner Vasconcelos

Do maracatu ao blues, Wagner Vasconcelos, mostra toda sua versatilidade na música. Um baterista que apesar de sua pouca idade, 21 anos, já é um profissional, dando aulas e trabalhando como músico contratado, além de fazer um trabalho inacreditável com a Black Coffee.

A mistura de outros ritimos ao blues é algo notável no seu som, isso faz com que sua música fique mais rica e agradável.

Aconselho aos amantes da boa música assistir este mestre tocando ao vivo, pois realmente é algo fantástico.

TB: Você é um músico com muito tempo de estrada, e relativamente pouco tempo no Blues. Como você conseguiu se adaptar rapidamente ao estilo?

WV: "Meu ingresso no blues deve-se inteiramente à Black Coffee. Foi uma escola tocar com eles, tirar o repertório, tocar nos festivais, emissoras de televisão e em casas de shows voltadas ao blues. A Marafa Blues também foi uma grande influência, foi a primeira banda de blues de verdade que vi ao vivo e tive oportunidade de acompanhar grandes momentos com eles. Acho que a melhor maneira de se adaptar a um estilo é tocando ao vivo, “dando a cara à tapa”, por que assim você se preocupa de verdade com o som que você tira do instrumento e todo seu desempenho. Outra coisa fundamental é tocar com pessoas diferentes, para saber como construir seu som a partir das peculiaridades sonoras que cada músico tem. E sempre que surge uma oportunidade estou tocando um blues com a galera."

TB: Qual a maior dificuldade de se tocar o Blues?

WV: "Para entender e reproduzir as mesmas notas, as mesmas levadas ou a mesma idéia pode ser simples. Mas fazer com que isso tenha a “pressão” que o blues exige é complicado. Seria “empurrar” a banda toda ao mesmo tempo em que não sai do lugar, entende? Ficar naquela levada, tocando as mesmas notas, mas ao mesmo tempo você sente o som crescendo, sente a sinergia rolando. Coisa que só o Blues tem. É isso que eu busco no meu som ultimamente. Ta sendo bem difícil...rsrs"

TB: No blues o entrosamento da bateria e do baixo é fundamental, então quero saber quais as principais características de um baixista, para que o seu som fique completo?

WV: "Gosto de tocar com todo mundo. Acho que sempre aprendo algo novo quando toco com um baixista diferente. Mas prefiro aqueles baixistas que ouvem o que está acontecendo com a música no exato momento em que estão tocando e criam algo para somar no som. Acho interessante quando o baixista conhece harmonia, pois assim ele escolhe as notas com um sentido mais profundo. E melhor ainda quando além da harmonia ele sabe tocar diversos ritmos além do blues, como o jazz, country, mambo, cha-cha-cha e os ritmos brasileiros que é a nossa música, nossa cultura e têm que ser tocados por nossos músicos. Acho lindo quando o cara sabe tudo isso. Você nunca fica tenso tocando. Aquele pensamento “Meu Deus, e agora, pra onde essa música vai???” nunca vem com esses baixistas...rsrsrs."

TB: Já vi muitos shows da Black Coffee, e acho fantástico quando você adiciona ao Blues elementos de outros estilos. Como você faz isso? Tem a hora certa para esta mistura?

WV: "Eu sempre gostei de tocar vários gêneros de música e adoro muito a nossa música brasileira, que é a mais “swingada” do mundo. Praticamente me realizo tocando maracatu, ijexá, coco, frevo e de certa forma tenho uma tendência a tocar solto, sem ficar segurando a mesma levada a música inteira. Assim, acabo misturando vários ritmos na mesma música, quando tenho a liberdade de improvisar.

Só que o Blues já tem uma cozinha mais marcada com variações mais sucintas e discretas, com o baixo e a bateria caminhando juntos para dar uma sustentação para a melodia. Por sorte encontrei na Black Coffee músicos de “cabeça bem aberta”, que sempre me deram liberdade para tocar no estilo que toco. A partir de então, tentei aliar minha maneira solta de tocar à linguagem do blues.


A “hora certa” de misturar é a hora que seu coração manda. Na maioria das vezes não tem nada planejado, é simplesmente improviso. Você vai ouvindo uma idéia aqui, toca outra ali, interage, até chegar uma hora que a emoção te carrega e te joga dentro de um outro universo musical e você tenta achar os pontos em comum entre os ritmos (para não ficar muito drástica a mudança) e acaba rolando essa fusão."
TB: Muito obrigado pela sua grande ajuda. Gostaria de deixar um espaço para seus comentários finais.

WV: "Em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo pelo Terremoto Blues Blog. Poucos tomam iniciativa de fazer algo pela música e pelo Blues do jeito que você está fazendo. Para mim, este blog serve como uma "aula de blues". Queria desejar muito sucesso e vida longa ao blog, agradecer esta oportunidade de escrever aqui e muito som sempre, muita música, muito blues para todos."



Muito obrigado.... de coração !!!! Paz e Blues.
Veja também:
- Black Coffee
- Black Coffee - Myspace
- Q N Quarteto (Instrumental Brasileira) - Myspace

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Dayvk Martins

Convidei um grande baterista para nos dar umas dicas, mas o que temos aqui é uma grande aula de bateria e que vale muito ser lida na integra, e levada para os estudos, ensaios e palcos, pois isso é o verdadeiro Blues.

Dayvk Martins, nasceu em uma cidade chamada Palhoça-SC, onde ele tinha tudo para tocar outras coisas, mas graças aos deuses do Blues ele está fazendo um dos melhores sons da atualidade.

Um baterista que segue a verdadeira linha do Blues, e que com toda a certeza, é um dos melhores bateras de blues nacionais.

Vamos ao que ele tem para nos contar.


TB: Você toca em dois projetos os quais são direcionados especificamente para Blues Tradicional e West Coast Blues, quais as características e as diferenças da bateria destes estilos, para as demais vertentes do blues?

DVK: "Bem, não vejo grandes diferenças que possam definir cada estilo de “bateria blues”, elas giram em torno do “shuffle beat” ou seja, falando em termos populares: as 4 batidas na caixa com acentos nos tempos 2 e 4 com o bumbo tocando as 4 notas. Isso faz com que a cozinha de uma banda de blues se torne firme, com peso para poder segurar a banda. Se um baterista sabe fazer um shuffle bem feito, já é boa parte do caminho andando. A diferença básica entre o blues tradicional, que no caso é que tocamos na South Side Playboys e o West Coast Blues que faz a banda Carlos May and the Fast Jumpers é justamente as variações em cima do shuffle. No caso do blues tradicional, você segue mais uma linha reta, sem muitas notas, tocando basicamente o necessário para fazer a cama ideal para os solistas o que difere do west coast blues, que usa muito os acentos, elemento que vem das big bands e do jazz, muitas convenções, uma exploração fundamental de dinâmicas, ou seja, é um estilo mais elaborado de se tocar blues. No caso dos boogies a bateria gira 70% em torno da condução, é esse prato que vai falar mais alto, mantendo caixa e bumbo num volume menor. Nos slows, gosto de usar peças soltas, uma nota de cada vez o que na minha opinião deixa o slow muito mais “dolorido”, tem os chicago shuffles onde você bota presão na segunda e quarta nota, falo isso de uma maneira bem pessoal mesmo, um mode meu de tentar entender o que faço. Não conseguiria explicar isso em termos técnicos.

É um caso sério ter que falar sobre isso, essas diferenças. Cada baterista tem seu gosto pessoal. Eu particularmente gosto de ter cartas na manga, de ter batidas diferentes para um mesmo estilo, seja blues tradicional, boogie, slow, rumba, mas todas elas jogando para o time. No Brasil, são poucos os bateristas que conseguem ter um “shuffle” preciso, não posso generalizar, até porque não conheço todos eles, mas dos que ouvi gosto muito do Yuri Prado, um baterista preciso, que sabe o que faz, muito noção de blues, jazz, swing, dentro do blues é um baterista completo, tem o Mazzola que toca com o Big Chico, Leandro Cavera, que tocava na On The Rocks Blues Band, de Itajaí aqui em Santa Catarina, um baterista que faz um Chicago Shuffle poderoso, o Victor Busquets que toca com o Robson Fernandes. E cito esses bateristas justamente pelo elemento que falei no início das resposta, ou seja, O SHUFFLE BEAT."

TB: Ainda nesses estilos parece haver uma grande interação da bateria com os outros instrumentos, como se dá essa interação?


DVK: "A interação entre todos os componentes de uma banda é fundamental, seja no estilo que for. No meu caso, o blues, além da interação entre baixo e bateria, a interação que você tem que ter com solistas e vocalistas é total. Você tem que ficar 100% do tempo, ligado no que vai ou poderá acontecer. Segue reto, baixa o volume, sobe o volume, breca, rufa..você nunca sabe o que os solistas irão aprontar com você, então, se você tem essa interação da banda, você mata essa “charada”. Como toco com o Carlos May faz mais ou menos uns 7 anos, adquiri essa percepção do que pode acontecer na música Consigo, não todos as vezes, é claro, meio que psicografar o que vai acontecer no seu solo e isso acontece também com os guitarristas, seja o Filipe que toca na banda solo do May ou com o Cristiano, guitarrista da South Side Playboys. Basta um deles puxar uma nota ou dar uma olhada pra mim, que meio que cato no ar o que vai acontecer. E quando isso acontece a música fica ainda mais poderosa...é o clima que só o blues consegue criar...na veia e na hora. Saber usar os espaços que a música deixa, crescer na hora certa, e por aí vai.


De uma olhada no que faziam, na minha opinião as melhores cozinhas do blues: Fred Below e Dave Myers, Bob Stroger e Ted Harvey, Stroger e Oddie Payne, Fuzz Jones e Willie Smith, Rick Reed e Eddie Clark, Jimi Boot e Bill Stuve entre outros, a interação deles era fenomenal e serve de lição fundamental para qualquer baterista de blues, e desculpe, se você baterista ou baixista de blues que leu esses nomes e não conheceu nenhum, me perdoe, mas, procure outro estilo para tocar."

TB: Quais peças você utiliza para compor sua bateria?


DVK: "Não estabeleço regras quanto ao número de peças que uso na bateria e sim como essas peças estão afinadas. Até porque, se tiver que tocar um blues na bateria do Neil Peart, vou usar sempre as mesmas peças. Curto mais a afinação da bateria, som grave, gordo, que preencha a música, um bumbo aberto, que cubra o som, ou seja, uma onda mais vintage mesmo.


Hoje uso uma bateria Pingüim de 1969, uma jóia rara que adquiri e que hoje não me desfaço por nada. Ela tem o som que eu sempre quis. Uso peles porosas, que são mais harmônicas e uma baixa afinação nas peças. Pratos, chimbal, 1 ataque e 1 condução, peças a mais só me atrapalham...hehehehe."

TB: Quais as vantagens e desvantagens de ser um baterista de blues?

DVK: "Não vejo desvantagens em ser baterista principalmente de blues, porque toco o instrumento que gosto no estilo que gosto. Não tem como ver desvantagens, a não ser pelo fardo que carrega todo baterista de batalha, seja blues, rock, reggae, o que for: TER QUE CARREGAR, MONTAR, DESMONTAR tudo...uhehueuheuhehue...isso mata o cara, enche a mão de calos. Mas nada que sentar no banco e mandar ver não faça você esquecer de tudo isso.

TB: Muito obrigado pela sua colaboração, e deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

DVK: "Eu que agradeço a oportunidade que você me deu, por ser uma baterista “desconhecido” no blues nacional. E pela oportunidade de valorizar esse instrumento, que fica lá atrás, escondido, mas que sem ele e ao baixo, defendido pelo Limão, a banda não existe (tenho que puxar sardinha pro nosso lado, correto?).

E é isso aí, muito blues para todos, uma grande abraço e espero ver todos vocês nos nossos shows em breve."



DVK, muito obrigado pela aula !!! Você realmente é um grande músico e uma pessoa fantástica. Paz e Blues

Obs: Carlos May, valeu pela ajuda nas perguntas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Pepito

Continuando o assunto da Cozinha do Blues, trago algo que não é muito comum neste ritímo, a Percussão.

Na cozinha a percussão seria encarregada do tempero, dando ao molho do Blues um sabor maravilhoso. Uma combinação do mais forte Blues Texano com uma dose certa do ritimo latino resume o som da Banda Marcião Pignatari e os Takeus, onde o Marco "Pepito" Soledade, é responsável pela percussão.

Este músico agrega novas características ao Blues, tornando cada vez mais rico o nosso estilo.
TB: A percussão não é algo característico do Blues tradicional, como surgiu a idéia ou o convite de você tocar na banda Marcião Pignatari e os Takeus?

MP: “Bom essa idéia começou com a nossa antiga banda Los Trepa & Zomba que tinha como objetivo unir as músicas Afro Americana (Blues, Soul e Jazz) com as demais culturas afros como a Brasileira (Ijexá, Jongo, etc.), a Cubana (Rumba, Mambo, Bembe), e a própria música Africana em 6/8. quando a banda acabou cada um seguiu um rumo diferente do que era o LTZ.

No começo de 2007 voltei a ter contato com o Márcio e numa dessas conversa ele me chamou para retomar a linha de trabalho que fiziamos anteriormente achei legal pois era diferente e ai voltei a tocar com ele em junho/2007 no festival de blues no Casa das Máquinas em Osasco.”

TB: Você tem ou teve alguma dificuldade em colocar percussão no Blues?

MP: “Não o Blues em sua essência é África pura, acredito eu que o Blues só não tem percussão porque tiraram o direito do negro escravizado de tocar tambor nos Estados Unidos, coisa que não aconteceu no Brasil e Cuba.

O desenho rítmico do Blues é muito semelhante ao dos ritmos africanos. E o Blues ele tem bastante variações, como a Rumba Blues o Texas Blues ou Rhythm & Blues são levadas onde cabe bastante percussão.

Um dos primeiro músicos a colocar conga no Jazz e posteriormente no Blues foi Chano Pozo na década de 40 quando Dizzy Gillespie foi a Cuba e se encantou com a riqueza cultural vindo da áfrica e preservada até os dias de hoje através das religiões africanas assim como no Brasil.

Depois veio outros percussionistas como Tata Günes, Tito Puente, Armando Peraza (Santana) entre outros. Ouvir esses mestres da percussão foi muito importante para desenvolver o trabalho que realizo hoje em dia.”

TB: Como você iniciou na percussão?

MP: “Na verdade eu queria tocar guitarra (risos) meu pai e tios sempre tocaram e tinham uma banda cresci ouvindo eles tocarem meu pai tocava violão e percussão nas reuniões de família rolavam umas "Jam Sessions" entre eles era muito legal eu tentei tocar violão e guitarra e não rolou não tinha muito saco pra decorar notas e a posição dos dedos.

Mas sempre quis tocar um instrumento, foi o Gercel (baixista da banda Marcião Pignatari e os Takeus) quem me convidou para assistir um ensaio de um musical que ele participava, de tanto ir me chamaram para ser contra regra em um certo momento precisava de uma batucada de samba e como meu pai tinha os instrumentos acabei entrando para banda da peça quando acabou a peça a banda que tinha se formado quis continuar tocando.

Ai eu tinha que estudar para atingir um nível como os dos músicos que já estavam na estrada a mais tempo, ai fui estudar com o percussionista Paulo Campos e fiz ULM também.”

TB: O que você indica para uma pessoa que deseja iniciar na percussão ?

MP: “O que eu sempre falo para os meus alunos é ouça muita música, conheça a cultura do ritmo que deseja tocar, cada ritmo tem sua linguagem aprenda isso antes da técnica para não soar acadêmico quadrado sem swing.

Você pode tocar Rock, Reggae ou Samba lendo uma partitura mais não é a mesma coisa de você conhecer o ritmo em sua essência, na minha opinião não se pode tocar mambo sem antes ouvir Perez Prado, Célia Cruz ou Tito Puente, quer tocar Soul ouça James Brown, Ray Charles e assim vai ouça o que veio antes são a base do atual eu tenho isso comigo todos os ritmos que procuro aprender procuro sempre essa influência do velho pois vai ser a mesma influência do cara do qual gosto de ver tocar.”

TB: Obrigado pela ajuda, e deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

MP: "Obrigado você pela oportunidade e viva o Blues."



Pepito, muito obrigado pela ajuda. Viva a Percussão no Blues.

Veja:- Mais Informações do Pepito.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Renato Limão

O que muita gente não sabe é que em uma Banda de Blues, os maiores responsáveis pelo som são o baterista e o baixista, a “cozinha” da banda. Com uma “cozinha” bem entrosada, a Banda tem uma som inacreditável, envolvente e com as características esperadas de um bom blues.

Tenho aqui para vocês um dos melhores baixistas de Blues do Brasil, um cara que sempre está disposto a mostrar do que um blues é realmente feito.

Renato, mais conhecido como “Limão”, é um músico singular. Dono de um groove fantástico, que faz você acreditar que o blues é eterno.

TB: O que te levou a escolher o contrabaixo e o Blues?

RL: “O contrabaixo é um instrumento traiçoeiro. Você não o escolhe, é escolhido por ele.

Não sei dizer o que me levou a escolher o bass, mas comecei com ele, nunca toquei guitarra ou violão antes de começar nas freqüências graves. Tinha 11 anos de idade quando ganhei meu primeiro instrumento. Já o blues é algo que apesar de não saber explicar o porque dessa paixão, ao menos consigo saber um pouco dos motivos que me levaram a apreciar a música negra norte-americana. Meu pai trabalhava no mercado fonográfico e desde pequeno tive acesso a muito material, na época ainda LP's. Em casa rolava muito Ray Charles, Commodors, Wilson Pickett... Ouvia aquilo e o suingue das vozes negras me impressionava.

Foi então que descobri em meio aos discos que chegavam em casa uma coleção que "cantava" a história do blues. Me apeguei aquilo e quando vi era um moleque que pesquisava musica negra norte-americana. Algum tempo depois, a TV cultura passou a exibir o festival Nescafé 'n Blues, que fez com que eu conhecesse outras pessoas que também gostavam daquele som, e que eu podia conversar sobre o que tinha visto. A partir daí não parei mais. A bola de neve só cresceu, a pesquisa aumentou, as pessoas se aproximaram e hoje o blues e o contrabaixo são partes essenciais do Limão.”


TB: Qual a maior dificuldade para se tocar blues hoje no Brasil?

RL: "Profissionalismo e divulgação. Profissionalismo de todos os lados, das bandas, dos bares, dos produtores e dos que se dizem produtores.

Não consigo ver lógica em como é possível ter um festival com um grande público no interior do Ceará, mas não se consegue atrair 100 pessoas para um bar em São Paulo que é um lugar de mais de 16 milhões de pessoas.

Tenho tocado bastante em bares no Brasil inteiro que são muito profissionais, investem em divulgação e sabem trabalhar com as bandas; o resultado é sempre casa cheia. O circuito do SESC é outro exemplo, não importa o artista, sempre grande público. Ou seja, aonde há profissionalismo e divulgação, existe o blues fazendo as pessoas dançarem. E não estou nem falando de "divulgação institucional" do blues, não; em deixá-lo um ritmo conhecido. É divulgação dos shows, mesmo, dos eventos. O problema é que divulgação, mesmo em tempos de internet, custa caro, além de poucos saberem direito o que fazer.


Bares querem sempre ganhar em cima da banda, e muitas vezes as próprias bandas não tem maturidade o suficiente para se portar com profissionalismo e exigir o mesmo. Agora a boa notícia é que a mentalidade está mudando, e em grande parte puxado pelas bandas. Tanto as consideradas "top", quanto as que ainda estão crescendo, começam a ter à frente pessoas pensando mais profissionalmente no blues. Agindo de forma mais profissional e exigindo o mesmo. Todos ganham!"

TB: Além de estar tocando com a banda maravilhosa do Robson Fernandes, você está com outros projetos?

RL: "No momento não. Infelizmente a correria do dia-a-dia não permite que eu consiga me dedicar a mais de um projeto. Tocar com o Robson é uma experiência incrível. Ele é um músico fantástico, o Vitor é o melhor baterista que já toquei em minha vida e o Danilo é um dos poucos guitarristas que conheço que possui um respeito quase religioso pela linguagem do blues. Fora que a energia que o Robson provoca quando está tocando é algo absurdo, e isso se erradia pelo palco e conseqüentemente pelo público.

Com dor no coração eu deixei um dos projetos mais bacanas que já embarquei na minha vida, a Los Mocambos. Foi uma banda que em um relativo curto espaço de tempo conseguiu feitos incríveis como bater o recorde de lotação do Bourbon Street com 606 pessoas. Tínhamos uma proposta muito bacana de "catequizar" o nosso público que era muito jovem no blues. E ver aquela molecada de 17 a 19 anos descobrindo a origem de toda a musica negra norte americana, dançando e se divertindo com aquilo era "priceless".

TB: Para um baixista que está querendo iniciar no Blues, quais caras você indicaria para ele escutar ?

RL: "Putz, a lista é grande, mas alguns nomes seguramente são indispensáveis.

Em primeiro lugar o gênio Willie Dixon.E não só para baixistas, Willie Dixon é uma aula de blues para qualquer um que já ouça ou que esteja começando a ouvir o blues. Grande músico, com harmonias surpreendentes. Ouvi-lo e prestar atenção em por onde vão as notas de seu contrabaixo acústico, seja em um slow ou seja em um shuffle, é uma aula de música. Além disso, ele foi um dos primeiros homens a colocar o contrabaixo no centro do palco, a ser um baixista band leader. Dono de uma voz incrivelmente marcante, compunha com maestria e possui grandes clássicos de sua autoria. Além de tudo ainda era conhecido pela sua malandragem e por ser um grande "businessman".

Outro baixista indispensável para quem está começando é Donald "Duck" Dunn. Com um groove bastante forte da soul music, ele possui uma musicalidade incrível. Gravou com diversos artistas, incluindo Muddy Waters, e era a alma do MG's, a banda que acompanhava o Booket T.

Por fim, todo mundo que está iniciando tem que ouvir Johnny B. Gayden. Ele ajuda a demonstrar as possibilidades do baixo na cozinha do blues. Acompanhando o rei da telecaster Albert Collins, ele mostra que nem só do timbre de um fender vive o blues e elementos inusitados como o slap podem ser incorporados a linguagem (se bem que ele é o UNICO baixista na história que tem propriedade e pode ousar puxar uma corda tocando blues; se é que vocês me entendem). Ah sim, como tenho uma sina em acompanhar gaitistas, não posso deixar de citar um nome indispensável de um cara que todos devem conhecer: Larry Taylor. O descobri através do Kim Wilson, formando uma das melhores cozinhas que já ouvi (Larry Taylor e Richard Innes)."

TB: Limão, você é uma pessoa singular pois sempre está pronto para ajudar as pessoas, e eu sei bem disso, pois perdi as contas de quantas vezes você tocou comigo para substituir meus baixistas. Então deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

RL: "Em primeiro lugar, fico muito feliz de ter recebido o convite e de poder colocar minhas palavras neste espaço. Você com certeza é um dos caras que sabem levar o blues a sério. Além de ser um grande guitarrista e um exímio letrista. Se houvessem mais pessoas assim, metade daquela minha resposta na segunda pergunta perderia o sentido. Parabéns não só pelo blog, mas por todo seu trabalho nos palcos e nos bastidores!

Continuarei sempre ajudando as bandas e os amigos em tudo o que estiver ao meu alcance. Uma porque é sempre um prazer tocar com quem você se sente bem, e outra porque adoro tocar com pessoas diferentes. Sentir outras vibrações, ver como seu som se comporta, tudo é um aprendizado. Mas o mais importante é que seguramente nós temos que nos unir. Acima de tudo o blues é uma paixão. Se nós aprendemos a respeitar e buscamos entender esse sentimento, não há o porque não compartilhá-lo.

Aproveito o espaço ainda pra deixar um grande abraço a todos os baixistas de blues do Brasil."


Limão, você é uma pessoa maravilhosa, gostaria que o Blues fosse formado por músicos iguais a você. Paz e Blues.


Veja:
- Robson Fernandes Blues Band - Banda que o Limão faz parte.
- Video 2
- Video 3