terça-feira, 29 de abril de 2008

Cozinha do Blues com Paulo Krüger

Temos aqui um músico de muita qualidade, que passou do altar da igreja até chegar nos palcos do Blues.

Paulo Krüger é o baixista da banda Craker Blues, e veio nos contar um pouco da sua trajetória pela música, além de falar da importância do baixo no Blues.

TB: Sei que você é um baixista competente, pois já assisti vários shows da Cracker Blues, mas o que eu quero saber é, como você fez para chegar até aqui? Como você veio parar no Blues? Qual sua trajetória musical?

PK: "Bem, tudo começou em 1975, quando ganhei um violão “Trovador Giannini nº 1” do meu pai, e daí comecei a estudar música e a tocar na igreja local, naquela época não tínhamos padre Marcelo, mas tínhamos o padre Zezinho (rsrsrs). Na primeira visita do Papa a São Paulo, na missa do Campo de Marte, o menininho da guitarra era eu (rsrsrs).

O tempo foi passando e comecei a acompanhar o Coral Eucarístico Comunicação de São Paulo. Era um coral-show, que se apresentava em várias capitais. Foi uma época muito importante para mim, imagine uma criança com 12 anos de idade pegando guitarra, ampli, enfiando num buzão, recebendo cachê e indo fazer show pelo interior. Com o passar do tempo alguns membros do coral formaram uma banda de música tradicional italiana que se chamaria Cannori D’ Itália Show. Esta, acabou se transformando em uma banda de baile, pois fazíamos seleções de boleros, sambas, românticas, carnaval, etc. Também fizemos muitos shows junto com a orquestra do saudoso maestro Agostinho Záccaro (o italianíssimo).

Paralelamente às festas italianas e aos bailes, sempre tive minhas bandas de rock, e foram várias: Contra Mão, Urânio 235, Conexão Brás, Zuruó e Banda Função e talvez a principal delas a Tio Krüger, banda que durou quase 10 anos no underground com o desafio de fazer rock em português.

Há um ano e meio atrás fui convidado a integrar a Cracker Blues e estou muito feliz por ter entrado na família do Blues."

TB: Na sua opinião, qual é a importância de um baixista no blues?

PK: "Blues é pulsação e o baixo é o responsável por manter esta marcação e dar o suporte harmônico para os demais componentes.

Se a base está precisa e cheia, a música flui e a banda se sente segura.

Portanto, a principal responsabilidade de um baixista em uma banda de blues é a de fazer o meio de campo e a zaga. Um zagueiro pode até fazer um gol de vez em quando, mas a sua função é não deixar a bola passar."

TB: No blues elétrico, o baterista e o baixista são a alma do blues. O que um baixista deve ter para que o som fique perfeito?

PK: "Olha, errar todo mundo erra. Uma nota errada em um solo pode soar desagradável, mas se o solista for habilidoso, consegue consertar e “cair de pé”, com a base, isso é mais complicado. Se um baixista se distrai, começa a pensar na vida, nas dívidas, no pneu careca e na hora de ir pro 5º grau vai para o 4º... ferrou!!! Não tem como disfarçar. Desestabilizou a banda. Concentração é essencial, por mais fácil que possa parecer a linha a ser tocada. Outro detalhe importe é “timbrar” o instrumento. Um som grave e “gordo” soa poderoso, porém os médios e os agudos também merecem atenção senão não conseguimos definir as notas e o som vai ficando enjoativo. "

TB: Quais as dicas que você pode dar aos futuros baixistas?

PK: "Bem, devido à versatilidade do instrumento, acredito que um baixista deve se preocupar em ouvir de tudo, sem preconceitos. É claro que existem estilos com os quais nos identificamos mais, mas é importante “abrir os ouvidos”. Tomar cuidado com a postura ao tocar. Uma postura correta evita tendinites, dores nas costas e proporciona boas execuções. E a última dica que eu daria seria quanto ao instrumento a ao equipamento. Quando comecei a tocar, além de caros, eram raros os instrumentos disponíveis no mercado nacional que possuíam um padrão aceitável de qualidade. Hoje em dia, com R$600,00 você consegue adquirir um contrabaixo razoável com o qual poderá entrar em qualquer “gig” , porém ele tem que estar bem ajustado (braço, ação das cordas, trastos e parte elétrica). Utilizar bons cabos blindados de preferência com malha trançada para evitar interferências e revisar constantemente o amplificador (válvulas bem encaixadas, potenciômetros limpos e alto falantes adequados). "

TB: Krüger, muito obrigado por participar do Blog. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

PK: "Gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa de criar um blog voltado ao blues e é claro, fiquei muito feliz em dar a minha contribuição.

Aproveito este espaço também para agradecer aos meus companheiros da Cracker Blues que têm proporcionado um ambiente muito propício à criatividade e ao experimentalismo e à minha família, em especial à minha esposa Vera e ao meu filho Eric que muito me incentivam a continuar nos caminhos do blues."



Veja mais:
- Cracker Blues

Agenda de Shows Paulo Meyer & The Burning Bush



-Quarta, 30 de abril (véspera de feriado) 23hsRevolution CaféJacareí - SP

-Sexta, 2 de maio as 23hsAnexoSão José dos Campos - SPhttp://www.anexo.com.br/

-Quinta, 8 de maio as 22hsPADDY'S PUBAv. Luís Dumont Villares 655[AO LADO DO SESC SANTANA]Nome na lista ou dúvidas: tel. 2977-9226http://www.paddyspub.com.br/

-Sexta, 9 de maio as 21hsSítio IrerêCaçapava - SP

-Sábado, 10 de maio as 18hsEncontro de Motociclistas
Dragões de TaubatéTaubaté - SP

-Show, gravação do DVD:Sexta, 16 de maio as 23hsMutleyRua Jacques Felix, 297 - Centro - Taubaté/SPFone: (12) 3632.5540http://www.mutley.com.br/
Galera de Paraty e outras cidades, não se desesperem! O DVD terá imagens extras de vários Shows da Banda.Convites VIPs e Camisetas p/ fãs de outras cidades.QUEREMOS TODOS PRESENTES! O DVD ficará ainda melhor com a sua participação.

Paulo Meyer
&
The Burning Bush
Blues & Classic Rock


http://www.paulomeyer.com/

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cozinha do Blues com Mustache Maia

Com um longo caminho percorrido pelas estradas do Blues, Mustache Maia nos conta um pouco do seu trabalho e como é complicado ser vocalista e baixista.

Além de ser um vocalista e baixista muito competente, este bluesman de Florianópolis é um excelente compositor, e usa o português para escrever suas letras.

TB: Suas letras em português são bem elaboradas, qual é o seu processo de composição? Onde você busca inspiração para compor?

MM: "Bom Roberto, eu me inspiro na minha vida mesmo (50 % é verdade e 50% é fantasia – minha mulher já disse, se nos separar-mos um dia ela vai me processar), acho que todo o bluseiro faz assim, conta as suas histórias. As letras acabam saindo naturalmente quando tem um tema a ser falado."

TB: No Brasil são raros os baixistas que fazem o vocal na Banda. Como é ser baixista e vocalista ao mesmo tempo? Foi difícil se adaptar nessas duas funções?

MM: "Ser baixista e cantor é complicado mesmo, metade do cérebro pensa no baixo e a outra na voz. Demorei uns 6 anos para começar a cantar e tocar, dos 20 anos de carreira só 14 eu faço isso.

Foi difícil sim. Na verdade eu fui obrigado a começar a cantar também quando o cara que cantava na “Blues Band” nos deixou na mão na véspera de 2 shows em Gramado e Canela/RS, aí eu tive que assumir. A muito tempo cantar e tocar é uma coisa só quando subo no palco."

TB: Você está preparando um CD com composições em português. Em que faze está este processo? Tem previsão para o lançamento?

MM: "Sim, estou preparando um Cd e também um DVD coletânea de 20 anos de Blues. O CD está a 2 anos em fase de mixagem, tive alguns problemas financeiros (dois partos em clínicas particulares, eram de risco para os nenês e para minha mulher) mas agora voltei a regravar algumas coisas e mixar o que já estava gravado.

Não tenho uma previsão certa, pretendo lançar no Brasil até 2009 por algum selo do Blues Brasileiro."

TB: Além do CD, quais seus projetos atuais? Com quem você está tocando atualmente?

MM: "Como produtor de blues no sul do Brasil estou tentando conseguir algum patrocínio para fazer uma nova edição do MercoBlues que na sua primeira edição reuniu músicos argentinos e brasileiros e agora na segunda terá uruguaios e chilenos também. Junto com Carlos May (gaitista de Floripa) estou planejando um Tributo à Muddy Waters ainda para este ano. A banda que me acompanha atualmente é composta por Cristiano Ferreira na guitarra, Roberto “Peto” Petracca nos teclados, Wilson Souza ou Acélio Filho na bateria, Fidel Pinero no trompete e Ney Plat no sax, um sexteto, mas também faço show com um power trio em lugares pequenos e toco com músicos das bandas locais onde me apresento. Fica fácil tocar blues com quem sabe. É só pegar um bom baterista e um bom guitarrista que está pronto o time."


TB: Mustache, é sempre uma honra receber músico que tem seu trabalho em português. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

MM: "Devo muito o apoio de músicos que gravaram em São Paulo comigo, como o baterista Paulinho Sorriso e o guitarrista Fábio Siri da banda Entidade Joe, o guitarrista Renato “Nana” Maran da 34 Blues Band de Poços de Caldas, meus amigos Luis Carlini, Danny Vincent e principalmente Sérgio Duarte, grande gaitista do blues brasileiro e produtor musical do Cd e também ao técnico de som americano Todd Murphy.

Em Florianópolis tem excelentes músicos para tocar blues mas é muito difícil tocar e produzir Blues aqui, já trouxe pra cá Danny Vincent, Sérgio Duarte, Maurício Sahady, Fábio Siri e Adrián Flores cantor e baterista argentino com quem fiz a primeira edição do MercoBlues.

Pretendo fazer um super festival que reúna os bluseiros brasileiros que compõem em português. Tem um monte de trabalho bom pelo Brasil.

Compor em português e batalhar para popularizar o blues no Brasil é uma bandeira que carrego."


Site:

terça-feira, 22 de abril de 2008

Vídeo da Semana

O Mestre Décio Caetano no seu show na Argentina !!!!





sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mestres do Slide com Don Morcego

Temos aqui um mestre carioca, que dedicou muito tempo livre para aprender a arte do slide sozinho, e que agora quer passar seus conhecimentos aos futuros slideiros, sem se preocupar com um retorno financeiro imediato.

Don Morcego é um conhecedor na arte do slide, seu som é nervoso assim como o som do slide deve ser. Pela sua atitude e por sua competência na arte da música, convidei este mestre para um bate papo.

TB: Como você aprendeu a tocar Slide? Quais foram as suas maiores dificuldades?

DM: "Depois que assisti A ENCRUSILHADA(crossroads) eu me apaixonei pela idéia extremamente "subversiva" de usar minha guitarra com um gargalo de goro! Eu que achava divertido passar correndo por sobre os trastes, queria agora passar voando sobre eles, mas não é tão simples assim... a começar que não existem muitas marcas que fabriquem slides (só conheço uma no Brasil). Os slides que se compra em lojas de musica achei horríveis, ou são muito leves, ou quebram a toa e cortar os gargalos é uma guerra muito antiga que só venci muito recentemente graças ao advento de minhas ferramentas de ourives joalheiro(minha outra profissão) ou seja o próprio slide é o primeiro problema, depois falta de informação. Aqui no Brasil , quem sabe não ensina, o que acho uma auto preservação covarde, típica de artistas inseguros de sua arte! Se o AYRTON SENNA te desse um carro de formula 1, você não tiraria o emprego dele nem eu, mas é muito triste imaginar que existem pilotos em potencial, que nunca vão chegar perto de um F1, por isso criei esses vídeos no youtube."

TB: Como surgiu a idéia de disponibilizar vídeos aulas de graça no youtube?

DM: "A idéia surgiu, como disse acima porque eu tive muita dificuldade de achar informação descente sobre o assunto, quando comecei e isso me atrasou durante ANOS!

Acho hoje, que se alguém tivesse feito isso antes ,eu estaria seguramente uns bons 5 ou 6 anos à frente da minha técnica atual, o outro motivo é q aqui no RJ, o povo ligado a artes ,de modo geral está espalhado e com os vídeos, aumento muito a divulgação das minhas aulas particulares também e sempre pode pintar um convite para gravações, ou para acompanhar alguém, ou mesmo novos amigos!

Com freqüência as pessoas me procuram agradecidas, como se eu estivesse ensinando a "voar" ou ficar "invisível"(rsrsrs), mas te asseguro que me doando esse pouquinho, quem mais lucra sou eu mesmo! Em contatos ,novos amigos novos alunos e sobremaneira em ter certeza pelo que as pessoas me dizem, QUE ESTOU TIRANDO GENTE LEGAL DA ESCURIDAO!"

TB: Na sua primeira vídeo aula de slide, você mostra uma invenção curiosa e relativamente fácil de se usar. Como e quem criou o mecanismo de prender a uma argola uma palheta? Você usa sempre esse recurso?

DM: "Esse lance da palheta foi o seguinte: eu também sou violonista , estudo (por conta própria) clássico e flamenca. Me aporrinhava de mais, dedilhar de palheta ou pola na boca para dedilhar minha guitarra elétrica a palheta voltava babada e tal... Ai eu tive essa idéia, mas usava muito pouco, mesmo assim técnicas de violão nylon não rolavam tão bem no aço.

Quando comecei a explorar o slide deu um estalo, embora eu use o BLUES COMO DIDATICA MAIS ADEQUADA, toco com freqüência meu slide no HEAVY METAL, MUSICA ORIENTAL E QUALQUER DOIDEIRA QUE ME DER VONTADE!

Ai a palheta prisioneira, (eu chamo assim...) foi essencial! Seria impossível fazer diferente. Minha "promiscuidade" musical ficaria frustrada!!! Como cada um tem uma mão diferente, cada um definirá o tamanho de sua corrente. Também é muito difícil de comercializar. Quem quer q esteja lendo isso, tem ao menos uma palheta e um chaveiro em casa, ai eu patenteei, mas só para constar. Qualquer um pode fazer isso em casa."

TB: Além de professor no youtube nas horas vagas, quais são seus projetos?

DM: "Estou desenvolvendo um slide que não subtraia nenhum dedo. Já pensou q barato você poder tocar bossa nova, com aqueles acordes cheios de informação e ainda solar de slide? Seria bem legal não? Alem desse projeto pretendo montar uma estrutura mínima que me permita comercializar slides de bronze, inox(meus preferidos) ou de gargalo, em nível semi-industrial e com a espessura adequada ao dedo do usuário, como faço c/ joalheria!!! tenho uma banda de rock,blues e heavy chamada " MATILHA " existe um orkut da banda com links das musicas para ouvir.

Alem disso acompanho minha esposa a bailarina RHADA NASHPTZ com um projeto de tribal fusion onde executo musicas orientais (árabe,índia, Turquia etc...) com slide guitar, dia 16 de agosto de 2008 vamos abrir o show de TONI MUSAYECK na casa de Espanha , aqui no rio."

TB: Mestre, muito obrigado pela participação. Deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

DM: "Nunca desistam!

O slide pode ser muito frustrante no inicio. Agente acha que é meio tapado e que nunca vai conseguir, mas normalmente isso é fruto dos muitos, muitos e muitos “Pulos do Gato”, que você ainda não sabe.

Os mais básicos estão disponíveis no Youtube, nos meus vídeos. Quem achar que deve ou precisa, me procure que agente esvazia algumas novas garrafas de vinho que vão virar novos Slides."
Veja as 4 aulas de Slide do Don Morcego:










terça-feira, 15 de abril de 2008

Gaita não é Brinquedo com Vasco Faé

O lendário Vasco Faé é multe-Instrumentista, cantor, compositor, produtor e o mais importante de tudo, uma pessoa simples.

Tudo que ele faz é com amor a música, por isso é conhecido por onde passa. Graças a talentos como o Mestre Vasco Faé, o Blues sobrevive no Brasil!

TB: Todo músico procura inovar na sua forma de tocar, usando técnicas próprias ou inserindo algum elemento diferente em algum momento do Show. Como surgiu a idéia de tocar com um megafone? Qual a reação do público quando você usa o megafone?


VF: "Cara, comecei a pensar em usar o megafone porque passava todo dia em frente uma loja que tinha um na vitrine, e imaginei como ficaria a gaita naquilo. Um dia entrei na loja, pedi pra testar com a gaita e comprei na hora. Pó, o público sempre curte bastante, é uma reação mixta de admiração com achar graça. Gosto muito de alterar, acontece um pouco por não ter paciência de pegar os arranjos idênticos à gravações, então acabo tocando do jeito que sai. Tem o solo de microfonia que gravei em 1996 no CD “Veneno” da Irmandade do Blues o qual tocávamos nos shows e que está no youtube."


TB: Por volta do ano de 2003, você lançou um CD com a banda Blues Etílicos, o “Cor do Universo”, que foi um trabalho que fugia das características tradicionais da Banda, mas deu uma originalidade, comparada aos outros trabalhos da banda. Como foi a criação desse trabalho? Houve resistência por parte dos fãs da Banda?

VF: "Comecei a tocar com o Blues Etílicos para substituir o Flávio quando ele estava com show de carreira solo. Fizemos vários shows em 2002, e no final do ano me convidaram para gravar no CD novo que estavam preparando. Quando recebi o material que seria gravado, confesso que estranhei pois esperava um CD mais Bluesy. Mas achava possível interpretar as músicas, e com uma forcinha do meu amigo Bocato que me disse “vai lá Vasco, acredita um pouco nos sonhos dos outros, não só nos teus, a gente é músico, tem que ir, se te chamaram é porque é importante para eles”, eu aceitei gravar. Com o tempo passei a curtir muito os sons e entende-los. Fizemos muitos shows juntos nos dois anos seguintes, alguns mais importantes como a apresentação do Bem Brasil, a abertura de show para BB King no Rio para 10.000 pessoas entre outros.

Em relação a criação do trabalho, quando me convidaram já tinham quase tudo pronto, apenas a música “Quero você” que não tinha melodia, a qual eu fiz a partir da letra do grande Fausto Fawcett, além de terem incluído “Saudações” de minha autoria que foi lançada em meu CD solo homônimo.

Até onde sei nunca houve nenhum tipo de rejeição por parte do público de uma maneira geral, e mesmo que tivesse rolado isso o que nunca chegou até mim, não deveria interferir na opinião musical interna, mas de qualquer maneira, sempre tive uma empatia muito grande com o público nos shows que eu fiz com o BE, nunca recebi comentários negativos, e em vários locais que fomos a galera cantava várias das músicas do CD novo."


TB: Você é uma pessoa que sempre revela outros artistas, isso aconteceu com uma série de CDs, “Bluseiros do Brasil” e há pouco tempo atrás, você realizou um evento mostrando uma safra de gaitistas femininas. A maioria dos artistas não tem essa preocupação de ajudar ou revelar novos talentos. O que faz você realizar isso? Conte um pouco desses seus projetos.


VF: "Cara, eu nunca tive intenção de revelar talentos, inclusive, não me utilizo desse tipo de observação para promover meu release para trabalho solo. Mas nos dois projetos que você citou, a revelação foi inevitável, no caso do Blueseiros, foi uma época em que nenhum dos gaitistas tinha CD solo. Até o Ulysses não tinha um CD solo. Mas mesmo não tendo CD solo vários dos que participaram já tinham reconhecimento mais notório, e outros foram revelados a partir do projeto por pura inconsciência, rs rs, na verdade eu apenas chamei os gaitistas que são meus amigos.

No caso do Projeto Mulheres Gaitistas, a história foi assim, um ano e meio antes de acontecer o projeto eu tinha formatado um projeto de mulhertes gaitistas a partir de uma pesquisa extensa que tinha feito previamente, mas o projeto visava diversidade de estilos. Mandei o projeto para vários SESCs, e no começo de 2008 a Lucy do SESC Ipiranga me ligou parta realizar o encontro de mulheres gaitistas no fim de semana seguinte ao carnaval. Só tinha um porém, seria no Projeto Ressaca Blues, e teria que ser um encontro de Mulheres, Gaitistas e tinha que ser de Blues. Mas eu fui em frente e reconfigurei o projeto, e sai procurando desesperadamente as meninas, que acabei por encontrar na Argentina, e no interior de São Paulo. Nesse caso a revelação foi inevitável também. Eu não tenho muito o estilo “Raul Gil”, se isso ocorre é mais pelas idéias que pela intenção."


TB: E como anda sua vida musical? Qual são seus projetos atuais?



VF: "Tenho pensado bastante em meu trabalho solo, tenho procurado me dedicar mais para mim, rebuscando novas idéias gravadas a séculos ou não aqui em casa, letras perdidas, ... tenho buscado re-conhecer a musicalidade, eu tenho essa coisa de participar de vários projetos e de tempos em tempos tenho que reformatar a máquina, rs rs rs

Meus projetos atuais são a Irmandade do Blues, meu trabalho solo e o Duo com o Adriano Grineberg que tem CDs lançados no ano passado, e o CD solo do Andreas Kisser o qual eu canto em várias faixas e toco gaita em outras e que deverá ser lançado em breve."


TB: Vasco, nem sei como agradecer sua presença em meu pequeno Blog. Agora deixo este espaço para seus comentários finais.

VF: "Eu que agradeço o apoio e reconhecimento, e que os novos blueseiros do Brasil, se espelhem sempre na música de nossos grandes mestres Charlie Patton, Blind Lemon Jefferson, Leroy Carr, Lonnie Johnson, Big Bill Broonzy, Robert Johnson, John Lee Williamson, Rice Miller, Willie Dixon, Muddy Waters, Howling Wolf, Bo Didley, Buddy Guy, Freddy King, John Lee Hooker…"






Escutem:

- Vasco Faé
- Irmandade do blues
- Vasco Faé & Adriano Grineberg
- Forrock
- Generais
- Mulheres Gaitistas
- Blueseiros do Brasil
- Triangulista

credito das Fotos:
01-Raphael Villar
02-Marcelo Cseh

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Estarei no programa Blues com Z !!!!!

Minha entrevista na Blues com Z, na rádio web Zero Rádio :

21hr - Segundas(ao vivo)
21hr - Quinta(reprise)
15hr - Domingo(reprise)

Clique aqui e entre no site da rádio.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Estou no Blog Blues com Z

Acabo de ser presenteado com uma entrevista maravilhosa no Blog Blues com Z.

Clique aqui e leia o artigo.
Paz e Blues.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Vídeos da Semana

South Side Playboys, é uma banda de Santa Catarina e é sem sombra de duvidas uma das melhores bandas de Blues da atualidade.





quinta-feira, 3 de abril de 2008

Trabalhando pelo Blues com Ricardo Côrte Real

O nosso blues continua na estrada por pessoas como Ricardo Côrte Real, que além de um músico extraordinário, trabalha mostrando novos talentos e levando o blues por onde passa.

Ele é uma pessoa que sabe muito sobre o assunto, conhece muita gente liga ao estilo, está sempre envolvido nos eventos e apesar de tudo isso, ele é um cara simples e sempre pronto para um boa conversa.

TB: Sua paixão pela música é evidente e sempre que um evento de Blues é realizado em São Paulo, seu nome sempre é lembrado, para ser o apresentador do evento e também fazer parte dos shows. Mas como isso começou? Onde iniciou esse envolvimento com o Blues?

RCR: "Ouvi música boa desde a infância graças ao meu pai e os meus tios Roberto e Dirceu que eram fanáticos, principalmente pelo Jazz.

Comecei a estudar piano com 5 anos, mas aos 11 tive minha primeira visão de um cara tocando guitarra, era o Trini Lopez, e eu pensei: "Quero fazer isso".

Larguei o piano e comecei a ter aulas de violão, quando pintaram os

Beatles, Stones e cia. fiquei vidrado e ganhei minha primeira guitarra!

Isso foi no meu aniversário de 12 anos. Daí para frente ouvi e toquei muito Blues achando que era Rock´n´Roll e só mais tarde descobri o que era o Blues, e me apaixonei, claro!

Muitos anos depois... em 1993, me chamaram para apresentar os festivais Nescafé´n´Blues durante suas três edições, depois outros festivais e eventos surgiram."

TB: Você foi à pessoa que fez o blues paulistano renascer, com seu extinto programa "A Casa do Blues", na Kiss FM. Você revelou muitos talentos naquela época, mas hoje não temos muitas opções no Rádio para o nosso blues. Você tem algum projeto para voltar com um programa de Blues? Como foi sua experiência com "A Casa do Blues"?

RCR: "Não acho que fiz o Blues Paulistano renascer, mas dei minha contribuição para que houvesse uma maior divulgação das bandas de Blues, principalmente as de SP, durante os quatro anos em que a Casa ficou no ar. Antes disso, e até hoje ( esse ano faz 15 anos ) o Caio Ávila já
vinha divulgando o Blues com o seu Blues Power na USP FM.

Foram quatro anos muito bons, aprendi muito com os ouvintes e com as bandas que foram ao programa. Fizemos programas com artistas nacionais e internacionais tocando ao vivo no Kiss Club, prgramas especiais com entrevistas, enfim, acho que fiz um trabalho reconhecido pelos ouvintes e pela comunidade do Blues e isso me alegra bastante. Por isso considero um desrespeito tremendo com os ouvintes e comigo a retirada do House of Blues do ar pela Kiss.

Como pode uma emissora que se dizia Classic Rock abrir mão do Blues? Mas enfim, foi assim...

Tentei um espaço em outras emissoras para fazer um novo programa de Blues sem sucesso. De repente, através do Caio veio o convite para fazer um programa de Jazz na USP FM, e desde dezembro de 2007 estou produzindo e apresentando o Jazz Caravan nos 93,7 no mesmo horário em que eu fazia o House, domingos às 20h. E estou bem contente mostrando os grandes nomes do Jazz e apresentando os talentos Made in Brazil para os ouvintes."

TB: Hoje você está com duas Bandas maravilhosas, a Blues 4 Fun e a Ricardo Corte Legal. Fale um pouco sobre essas Bandas. Você tem mais algum projeto?

RCR: "Obrigado pelas maravilhosas!

A Blues 4 Fun já existe há 8 anos e é uma banda formada com amigos de longa data e com um perfil bem diferente das bandas de Blues tradicionais, tanto que coloquei o nome Blues 4 Fun para dizer de cara qual o nosso objetivo: Diversão! Por isso o repertório acabou tendo de
tudo um pouco, até Blues! Já a Côrte Legal, batizada assim pelo Baby Labarba, foi uma banda que surgiu dessa mania que eu tenho de fazer Jams e que está crescendo cada vez mais. Conheci o Baby ( gaitista e vocalista ), a Alcione ( baterista ), o Mottinha ( guitarra ) e o Will (teclados) nas Jams que tenho comandado no Mr. Blues e no Paddy´s Pub, e o Claudinho ( baixo ) que é meu amigo desde os anos 60, reencontrei nas Jams do Mr. Blues. Estamos elaborando um pouco mais o repertório para caber o que a gente mais gosta no Blues e as músicas em que recebemos os
"canjeiros " que vem se divertir com a gente."

TB: Me divirto bastante nos seus shows, principalmente quando você faz jingles de produtos que eu nunca escutei na vida, coisas antigas. Você é um pesquisador de jingles, como essa paixão surgiu?

RCR: "Desde criança que sou muito ligado em música, sempre ouvi muito rádio, e jingle é música, feita sob encomenda para vender algo, mas é música, então me liguei nos jingles também.

Além disso comecei a trabalhar na televisão muito cedo, aos 9 anos de idade, e lá eu ouvia e via os comerciais feitos ao vivo, programas etc. e apurei o ouvido.

E prá completar, há mais de 10 anos que faço parte de um grupo vocal, o Juke, que faz shows "cantando" a história da TV através dos jingles e das trilhas de seriados."

TB: Ricardo, você é uma pessoa que sempre deu força para o blues nacional, e estou muito feliz de ter sua presença nas páginas do blog. Deixo agora este espaço para seus comentários finais.

RCR: "Estou feliz de participar do seu espaço e quero dizer que eu adoro música boa em geral e o Blues em particular, e que o meu desejo é tocar cada vez mais e ver cada vez mais surgirem músicos que compartilhem essa idéia de tocar junto e trocar experiências, isso faz a gente melhorar muito o jeito de tocar e de viver.

Quero também desafiar os blueseiros brasileiros a quebrarem um pouco a cuca e criarem letras em português. Vai ser muito difícil popularizar o Blues se a gente ficar cantando só em inglês, allright?"



Veja mais:
- Blues 4 Fun
- Juke